ARTE & CULTURA
COVID-19: MUSEUS E MONUMENTOS NACIONAIS PERDERAM 70% DOS VISITANTES EM 2020
Os museus, monumentos e palácios nacionais registaram uma quebra de 70,4% de visitantes em 2020, em relação a 2019, revelou hoje à agência Lusa a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).
Os museus, monumentos e palácios nacionais registaram uma quebra de 70,4% de visitantes em 2020, em relação a 2019, revelou hoje à agência Lusa a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).
Os dados divulgados pela DGPC indicam que o conjunto de 25 museus, monumentos e palácios tutelados recebeu um total de 1.295.528 visitantes no ano passado, face aos 4.817.927 visitantes de 2019, descida que revela o impacto da pandemia de covid-19.
Os museus, monumentos e palácios nacionais – tal como todos os demais espaços culturais – estiveram encerrados entre 14 de março e 17 de maio de 2020, na sequência do confinamento decretado pelo Governo para travar a propagação do coronavírus.
No ano passado, ainda segundo as estatísticas da DGPC, 5.101 pessoas visitaram, em média, diariamente, os museus, monumentos e palácios nacionais, quando, em 2019, esse número foi de 15.745 entradas diárias.
Quanto ao número global de visitantes em 2020, por unidade, o Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, liderou os mais visitados, com 234.007 (foram 1.096.283 em 2019), seguindo-se o Palácio Nacional de Mafra com 129.995 entradas (360.845 em 2019), a Torre de Belém, também na capital, com 128.785 (427.235 em 2019), o Convento de Cristo, em Tomar, com 113.783 visitantes (365.379 em 2019), e o Mosteiro da Batalha com 100.427 (416.793 em 2019).
Seguiram-se o Museu Nacional de Arqueologia, também em Lisboa, com 74.646 visitantes (263.650 em 2019), o Mosteiro de Alcobaça, com 67.026 (219.945 no ano anterior), o Museu Nacional Resistência e Liberdade, em Peniche, com 61.869 (132.556 em 2019), o Museu Nacional de Arte Antiga, igualmente na capital, com 58.052 (150.777 em 2019), e o Museu Nacional do Azulejo, também em Lisboa, com 49.635 (233.595 em 2019).
O Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, que habitualmente lidera os museus mais visitados, recebeu um total de 26.869 visitas, uma forte quebra comparativamente ao mesmo período do ano anterior, com 317.201 entradas, devido ao encerramento do Picadeiro Real, antigo espaço museológico que albergava a coleção, encerrado desde dezembro de 2019 para obras.
Segundo os números divulgados à Lusa, a evolução do número de visitantes começou por registar uma subida no início deste ano, em janeiro e fevereiro, respetivamente, com um aumento de 5,6% em janeiro, num total de 259.662 entradas no conjunto dos espaços tutelados, acima das 245.794 registadas em 2019, e aumento de 6,6% em fevereiro, com um total de 289.169, acima dos 271.304 no mesmo mês no ano anterior.
No entanto, com a pandemia, e a determinação do Estado de Emergência no país e o consequente encerramento dos 17 museus, dois palácios e seis monumentos, março já registou uma quebra de 74,8% (96.016 entradas, quando em 2019 tinham sido 381.577).
Com os espaços encerrados, em abril registaram-se zero entradas, enquanto no ano anterior, no mesmo mês, as visitas ascenderam a 466.448.
Após a reabertura, a 18 de maio – Dia Internacional dos Museus – o impacto negativo continuou a fazer-se sentir, com uma quebra de 97,6%, e um total de 12.407 visitantes até ao final desse mês, muito abaixo dos 509.447 registados em maio de 2019.
Em junho, com a reabertura em pleno, essa descida atenuou-se para 89,1%, tendo esse mês registado um total de 47.227 entradas, em comparação com os 433.860 visitantes de 2019.
Ainda segundo a DGPC, esta quebra de 89,1% em junho representa ainda uma descida de quase 70% nos visitantes estrangeiros, que têm um peso significativo em muitos museus nacionais, sobretudo em Lisboa.
ARTE & CULTURA
PAUL MCCARTNEY PEDE AO GOVERNO PARA PROTEGER ARTISTAS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
O ex-Beatle Paul McCartney apelou hoje ao Governo britânico para reforçar a proteção dos artistas contra a inteligência artificial (IA), numa altura em que o executivo considera uma reforma da lei dos direitos de autor.
O ex-Beatle Paul McCartney apelou hoje ao Governo britânico para reforçar a proteção dos artistas contra a inteligência artificial (IA), numa altura em que o executivo considera uma reforma da lei dos direitos de autor.
Numa entrevista à BBC, o cantor e compositor britânico, de 82 anos, alertou que os músicos podem ser “despojados” das suas criações e voltou a criticar o projeto do Governo trabalhista que prevê alterações à legislação sobre direitos de autor.
Entre as propostas está “uma exceção aos direitos de autor” para treinar modelos de IA com fins comerciais, cujo projeto ofereceria aos criadores a possibilidade de “reservar os seus direitos”.
Paul McCartney, que manteve uma carreia praticamente a solo após a dissolução oficial dos Beatles, em 1970, sustenta que, com essa reforma, os artistas perderão o controlo sobre as suas obras.
“Os jovens podem escrever uma bela canção, mas podem acabar por não ser os proprietários dela”, disse.
Pior ainda, “qualquer pessoa poderá apropriar-se dessa canção”, denunciou.
“A verdade é que o dinheiro irá para algum lado. Alguém será pago. Não deverá ser o tipo que escreveu ‘Yesterday’?”, um dos temas mais conhecidos dos The Beatles, composto por Paul McCartney (creditada a Lennon/McCartney), gravada em 1965 para o álbum “Help!”, questionou.
“Se apresentarem um projeto de lei, assegurem-se de que protegem os pensadores e os artistas, caso contrário, não terão o seu apoio. Somos o povo, vocês são o Governo. É suposto que nos protejam. Esse é o vosso trabalho”, reforçou McCartney.
O Governo britânico anunciou que aproveitará o período de consulta pública, que decorre até 25 de fevereiro, para explorar os principais pontos do debate, incluindo a forma como os criadores poderão obter licenças e ser remunerados pela utilização das suas obras.
Questionada sobre estas propostas numa entrevista à BBC, a ministra das Finanças britânica, Rachel Reeves, garantiu que “quer apoiar os artistas” e fará “tudo para que os direitos de autor sejam respeitados”.
Em novembro de 2023, McCartney e Ringo Starr, os membros sobreviventes dos Beatles (George Harrison morreu em novembro de 2001), usaram a IA para extrair a voz de John Lennon, assassinado em 1980 em Nova Iorque, de uma canção inacabada com várias décadas, intitulada “Now and Then”.
“Eu acho que a IA é fantástica e pode fazer muitas coisas incríveis”, admitiu Paul McCartney.
“No entanto, a IA não deve despojar os criadores. Isso não faz sentido”, concluiu.
ARTE & CULTURA
PORTO: SERRALVES RECEBE 37 OBRAS CONTEMPORÂNEAS DA COLEÇÃO DUERCKHEIM
A Fundação de Serralves, no Porto, assinou um acordo para receber em depósito 37 obras de 19 artistas provenientes da Coleção Duerckheim, que prevê ainda a doação de uma peça de Anselm Kiefer à instituição portuguesa.
A Fundação de Serralves, no Porto, assinou um acordo para receber em depósito 37 obras de 19 artistas provenientes da Coleção Duerckheim, que prevê ainda a doação de uma peça de Anselm Kiefer à instituição portuguesa.
Em comunicado, a Fundação de Serralves anunciou que vai receber, neste âmbito, o depósito de peças de Darren Almond, Georg Baselitz, Isaak Brodsky, Roman Buxbaum, Jake e Dinos Chapman, Theaster Gates, Gilbert & George, Antony Gormley, Damien Hirst, Zhang Huan, Stefan Hunstein, Anselm Kiefer, Michael Landy, Mamedov, Haralampi Oroschakoff, Sam Taylor-Wood, Matthias Wähner, Cerith Wyn Evans e Remy Zaugg.
O acordo inclui a doação de “Dat rosa miel apibus”, de Anselm Kiefer.
“É com grande alegria que Serralves recebe em depósito esta extraordinária coleção reunida ao longo de décadas de dedicação à arte pelo Conde Duerckheim. Este é um momento de grande importância para Serralves, e o acordo representa o reconhecimento da capacidade da Fundação para atrair e acolher as maiores coleções internacionais de arte contemporânea”, disse a presidente do conselho de administração da fundação, Ana Pinho, citada no mesmo comunicado.
De acordo com Serralves, o acordo foi possível graças à influência de Nuno Luzio, que deu a ideia ao Conde Christian Duerckheim, algo saudado por ambas as partes.
“Tendo estado fora de Portugal durante mais de 20 anos, Nuno Luzio demonstra o poder da diáspora portuguesa e o bem maior que podem fazer pelo seu país”, afirmou Ana Pinho.
Nascido em 1944 na região alemã da Saxónia, o industrial Christian Duerckheim viveu em Londres na década de 1960 e tornou-se num dos “mais significativos colecionadores da Europa”, como escreveu o jornal britânico The Guardian, em 2013, aquando de uma doação de 34 desenhos de artistas alemães modernos e de mais 60 trabalhos ao British Museum.
Em 2011, Duerckheim vendeu cerca de 80 obras através da leiloeira Sotheby’s por um valor recorde de mais de 100 milhões de libras, segundo notícias publicadas então pela imprensa especializada.
Na altura, ao New York Times, Christian Duerckheim afirmou que sempre quis ver a arte do seu tempo, enquanto alguém interessado em história que ficou obcecado com a arte do seu próprio país depois de ver uma obra de Georg Baselitz em 1970.
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