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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

HÁ 5 MIL PORTADORES DE HIV SEM SABEREM

Menos de cinco mil pessoas em Portugal estarão infectadas com VIH/sida sem saberem, representando menos de 10% do total de infectados, segundo um novo estudo que é hoje apresentado em Glasgow, Escócia. Vê mais aqui. Partilha com os teus amigos !

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HÁ 5 MIL PORTADORES DE HIV SEM SABEREM

Menos de cinco mil pessoas em Portugal estarão infectadas com VIH/sida sem saberem, representando menos de 10% do total de infectados, segundo um novo estudo que é hoje apresentado em Glasgow, Escócia.

Esta nova análise foi feita por especialistas portugueses em articulação com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla inglesa) e foi baseada numa nova ferramenta de modelação feita especificamente para o VIH – vírus da imunodeficiência humana.

António Diniz, antigo director do Programa Nacional para a Infecção VIH/sida que apresenta hoje este novo estudo na conferência internacional de Glasgow sobre a infecção, considera que este trabalho permite uma radiografia mais real da situação do VIH em Portugal.

Os novos dados apontam para menos de 45 mil pessoas infectadas com VIH em Portugal, um número que é menos elevado do que as 65 a 70 mil pessoas que a própria ONU/sida apontava para o país.

Em declarações à agência Lusa, António Diniz explica que a nova análise permitiu estimar que menos de 40 mil das 44.176 mil pessoas estão diagnosticadas, o que dá uma fracção de não diagnosticadas de cerca de 10%.

“A fração de não diagnosticadas é menor do que os 25 a 30% que julgávamos”, especificou um dos autores do estudo, que trabalhou em conjunto com outro antigo perito da Direcção-geral da Saúde e com uma colega do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

Assim, Portugal parece ter já cumprido o primeiro dos três objectivos traçados pelo Programa das Nações Unidas para o VIH para 2020: ter 90% das pessoas que vivem com VIH diagnosticadas.

Os outros dois elementos da tríade de 90/90/90 definidos pela ONU são atingir 90% dos diagnosticados em tratamento e 90% dos que estão em tratamento atingirem carga viral indetectável (o que torna muito baixa a possibilidade de transmitir a infecção).

Perante os dados dos casos não diagnosticados, António Diniz considera que Portugal não deve abrandar o ritmo do diagnóstico precoce, mas tem de passar a incidir nos outros dois objectivos definidos pela ONU.

Vários são os factores que podem contribuir para a ausência de diagnóstico, como a noção de risco ou até o acesso aos cuidados de saúde. Mais um motivo é o facto de a infecção por VIH ser uma doença que fica assintomática durante muito tempo.

Outro dado do estudo hoje apresentado mostra que o tempo médio para o diagnóstico após a pessoa ser infectada se situa nos quatro anos em Portugal.

Para se chegar a este valor através da modelação matemática são tidos em conta os níveis de carga viral da infecção e se o doente tem critérios de sida. A partir destes níveis é possível calcular quanto tempo antes terá ocorrido a infecção para se chegar aos níveis actuais.

“Ainda não é o tempo ideal, mas anda longe dos oito ou nove anos que tivemos [há duas ou três décadas] ”, comentou António Diniz.

Os quatro anos até ao diagnóstico são o tempo médio e há diferenças significativas entre os grupos. Por exemplo, os homens que têm sexo com homens demoram menos no diagnóstico (2,8 anos), o que é significativamente menos do que os heterossexuais (cerca de 4,5 anos).

A noção de risco entre os dois grupos parece ser um factor determinante para a diferença no tempo entre a infecção e o diagnóstico.

O estudo hoje apresentado em Galsgow, que reporta a valores de 2014, indica ainda que só nesse mesmo ano terão ocorrido mais de 500 infeções por VIH.

António Diniz considera que este estudo vem mostrar que pode ser possível chegar a 2030 apenas com casos isolados de VIH/sida, sendo que é imperioso que em 2020 se atinjam as metas definidas para 2020 pela ONU.

“Não me parece possível falar um dia em erradicação, acho que vai haver sempre casos isolados. Erradicação conseguir-se-ia eventualmente com uma vacina. Erradicação é o desaparecimento à escala mundial, isso parece complicado. Mas parece-me possível que a infecção deixe de ter carácter de epidemia e que o que exista sejam casos isolados”, projectou o perito português, especialista do Hospital Pulido Valente, que integra o Centro Hospitalar de Lisboa Norte.

LUSA

CIÊNCIA & TECNOLOGIA

MARTE TEVE PERÍODOS QUENTES E ÁGUA DURANTE 40 MILHÕES DE ANOS

Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.

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Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.

O facto de atualmente Marte ser frio e seco mas ter tido rios e lagos há vários milhares de milhões de anos intriga os cientistas há décadas.

“Tem sido um verdadeiro mistério que houvesse água líquida em Marte, porque Marte está mais longe do Sol e, além disso, o Sol era mais fraco no início”, explicou, em comunicado, Danica Adams, investigadora de pós-doutoramento da NASA na Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson (SEAS) de Harvard e principal autora do novo artigo publicado na Nature Geoscience.

Anteriormente, existia a teoria de que o hidrogénio era o ingrediente mágico que, quando misturado com o dióxido de carbono da atmosfera marciana, desencadeava episódios de aquecimento global. Mas a vida útil do hidrogénio atmosférico é curta, pelo que foi necessária uma análise mais detalhada.

Agora, Adams, o professor Robin Wordsworth de Ciências Ambientais e Engenharia na SEAS, e a sua equipa realizaram modelação fotoquímica (semelhante aos métodos utilizados hoje em dia para rastrear poluentes atmosféricos) para preencher os detalhes da relação da atmosfera marciana primitiva com o hidrogénio e como este relacionamento mudou ao longo do tempo.

“Marte antiga é um mundo perdido, mas pode ser reconstruído em detalhe se fizermos as perguntas certas”, frisou Wordsworth.

“Este estudo sintetiza a química atmosférica e o clima pela primeira vez para fazer algumas previsões surpreendentes que podem ser testadas quando trouxermos rochas de Marte para a Terra”, acrescentou.

Adams modificou um modelo chamado CINETICA para simular como uma combinação de hidrogénio e outros gases que reagem com o solo e o ar controlavam o clima marciano primitivo.

Descobriu que durante os períodos Noachiano e Hesperian, entre há 4 e 3 mil milhões de anos, Marte passou por períodos quentes episódicos ao longo de cerca de 40 milhões de anos, com cada evento a durar 100.000 anos ou mais.

Estas estimativas são consistentes com as características geológicas de Marte atualmente. Os períodos quentes e húmidos eram causados pela hidratação da crosta, ou perda de água do solo, que fornecia hidrogénio suficiente para se acumular na atmosfera durante milhões de anos.

“Identificámos escalas de tempo para todas estas alternâncias. E descrevemos todas as peças no mesmo modelo fotoquímico”, sublinhou Adams.

O trabalho de modelação fornece novas perspetivas potenciais sobre as condições que sustentaram a química prebiótica (os fundamentos da vida posterior como a conhecemos) durante os períodos quentes, e os desafios para a persistência dessa vida durante os intervalos frios e oxidativos.

Adams e outros cientistas estão a começar a trabalhar para encontrar evidências destas alternâncias utilizando modelos químicos isotópicos e planeiam comparar estes resultados com rochas da próxima missão Mars Sample Return (MRS).

Como Marte não possui placas tectónicas, ao contrário da Terra, a superfície visível atualmente é semelhante à de antigamente, tornando a sua história dos lagos e rios muito mais intrigante, realçou ainda.

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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

ASTEROIDE BENNU REVELOU EXISTÊNCIA DE MOLÉCULAS DE ADN

Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.

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Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.

De acordo com o trabalho publicado esta quarta-feira na revista científica Nature Astronomy, as amostras analisadas revelaram a presença das cinco bases nitrogenadas — adenina, guanina, citosina, timina e uracilo — necessárias para a construção de ADN e ARN.

Foram igualmente identificados pelos investigadores da Universidade Hokkaido, no Japão, os compostos xantina, hipoxantina e ácido nicotínico (vitamina B3).

Uma amostra de 121,6 gramas do asteroide Bennu chegou à Terra em 2023 à “boleia” da missão Osiris-Rex, da agência espacial norte-americana (NASA).

Tratou-se da maior amostra extraterrestre recolhida e enviada para a Terra.

Segundo uma das teses, os asteroides (corpos rochosos do Sistema Solar) contribuíram com água e componentes químicos essenciais para a vida na Terra há milhares de milhões de anos.

Embora os meteoritos na Terra provenham de asteroides, a interpretação dos seus dados “é desafiante” face à “exposição à humidade” da atmosfera e a “uma biosfera descontrolada”, refere a Universidade Hokkaido em comunicado, assinalando que “amostras imaculadas recolhidas de asteroides no espaço são os candidatos ideais”.

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