ECONOMIA & FINANÇAS
GUERRA E EXPORTAÇÕES FAZEM SUBIR PREÇO DO BORREGO NA PÁSCOA
A tradição à mesa na Páscoa passa pelo consumo de borrego e nem o aumento do preço da carne, devido às exportações e aos efeitos da guerra na Ucrânia, diminuiu a procura, segundo representantes do setor no Alentejo.
A tradição à mesa na Páscoa passa pelo consumo de borrego e nem o aumento do preço da carne, devido às exportações e aos efeitos da guerra na Ucrânia, diminuiu a procura, segundo representantes do setor no Alentejo.
Na Herdade de Ladrões e Cardiga, em Fronteira, no distrito de Portalegre, o produtor pecuário Pedro Mendes de Almeida explica à agência Lusa que o preço dos borregos tem vindo a atingir valores significativos, sobretudo devido à exportação destes animais para Israel.
Para o produtor, que tem cerca de mil ovinos em mais de 500 hectares, a exportação tem provocado o aumento da procura, mesmo que a oferta a nível nacional possa diminuir em algumas alturas, pelo que estas vendas “ajudam” ao preço que tem vindo a ser praticado nos últimos tempos.
“O período mais alto [de vendas] continua a verificar-se até ao Natal e, depois, há um ligeiro decréscimo, mas não é muito acentuado. Ultimamente, tem havido mais homogeneidade no valor de comercialização dos borregos ao longo do ano”, observa.
Até à data, a guerra na Ucrânia ainda não influenciou a atividade deste produtor pecuário, mas situação diferente relata à Lusa a coordenadora do Agrupamento de Produtores Pecuários do Norte Alentejano – Natur-al-Carnes, Maria Vacas de Carvalho.
Este agrupamento está a pagar, nesta altura, “acima dos sete euros o preço da carne [de borrego morto]”, enquanto o “consumo se mantém idêntico” aos de anos anteriores, diz.
Face à Páscoa do ano passado, “temos uma diferença de mais 50 cêntimos. No ano passado, estávamos a comprar à volta dos 6,70 euros o quilo [de carne] e, nesta altura, já estamos acima dos sete”, precisa.
Para a responsável, que coordena este agrupamento com cerca de 400 acionistas e que vende cerca 10.000 borregos por ano, a guerra na Ucrânia está a ter “muita influência” no preço destes animais, pois, o conflito levou a uma ‘escalada’ dos preços dos transportes.
“O borrego é produzido no interior do país, sobretudo no Alentejo, e temos sempre de transportá-lo, quer seja vivo, quer seja para os matadouros” para ser abatido, “e o preço é sobretudo devido ao transporte”, cujo aumento “fez com que os preços disparassem”, sustenta.
Como exemplo, antes da guerra, o frete das transportadoras desde o matadouro situado em Tomar (Santarém) para os canais de distribuição custava “50 euros” e, agora, passou para “71 euros”, um aumento na casa dos “40%”, indica Maria Vacas de Carvalho.
À margem desta situação, o produtor Pedro Mendes de Almeida reconhece que os produtores estão a passar por uma boa fase, mas admite que, futuramente, o conflito que se vive na Ucrânia possa vir a “causar mossa”.
“Até agora sim, estamos” a passar por uma boa fase, mas “há a tal interrogação sobre o que é que se irá passar daqui para a frente”, admite.
Num ano marcado igualmente pela seca, o criador de ovinos reconhece que este fator “teve alguma influência” no desenvolvimento dos borregos, mas só numa determinada altura, agora já não.
“Tive alguns custos mais acrescidos, porque tive de suplementar os animais, na altura de janeiro e fevereiro. Depois, a dada altura, vieram umas chuvas, pelo menos nesta região, e as coisas melhoraram um bocadinho”, relata.
E, acrescenta, graças a “estas últimas chuvas do final de março”, a situação “melhorou bastante” e “há disponibilidades alimentares”.
Maria Vacas de Carvalho reitera que a seca “teve influência” no desenrolar da atividade, mas insiste que, nesta altura, o aumento do preço da carne de borrego, com “fortes tradições à mesa” na época da Páscoa, deve-se à guerra.
“A seca já teve influência, porque tínhamos os produtores a quererem tirar rapidamente os animais do campo, porque não tinham alimentação” para lhes dar. Neste momento, “já não é o problema da seca na produção destes animais, mas é a guerra”, frisa.
De acordo com a página de Internet da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), consultada pela Lusa, o Alentejo é a região do país onde se produzem mais ovinos de carne, existindo nesta zona mais de 1,3 milhões de animais, distribuídos por 6.765 explorações pecuárias.
ECONOMIA & FINANÇAS
SETE EM CADA DEZ EMPRESAS DISCORDAM DA SEMANA DE QUATRO DIAS
Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.
Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.
Elaborado pela Associação Industrial Portuguesa — Câmara de Comércio e Indústria (AIP-CCI) e referente ao quarto trimestre de 2024, o “Inquérito de Contexto Empresarial sobre o Mercado Laboral” indica ainda que 70% das empresas defendem que matérias laborais como carreiras, benefícios, remunerações complementares ou limites de horas extraordinárias deveriam ser concertadas no interior das empresas e não em sede de Contrato Coletivo de Trabalho (CCT).
Relativamente ao banco de horas individual, 71% das empresas inquiridas dá parecer favorável e, destas, 74% entende que deveria ser fixado por acordo dentro da empresa, em vez de nas convenções coletivas de trabalho.
Segundo nota a AIP, entre as empresas que mais defendem esta concertação interna estão as pequenas e médias empresas.
Já em termos de modelo de trabalho, 81% das 523 empresas participantes dizem praticar trabalho presencial, 17% um modelo híbrido e 2% teletrabalho. Entre as que adotaram um modelo híbrido ou remoto, 73% afirmam que tal contribuiu para uma melhoria da produtividade e 84% consideram manter este modelo.
Quando questionadas sobre o Salário Mínimo Nacional (SMN), 83% das empresas concordam com a sua existência, ainda que 65% entendam que não deve ser encarado como um instrumento de redistribuição de riqueza.
Entre as que consideram que o SMN deve ser um instrumento com este fim, 45% diz que deveria ser a sociedade a suportá-lo, através de impostos negativos nos rendimentos mais baixos, enquanto as restantes 55% defendem que deveria ser suportado pelos custos de exploração das empresas.
Relativamente ao valor de 1.020 euros mensais projetados para o SMN até ao final da atual legislatura, mais de metade (56%) das empresas inquiridas apontam que é suportável pela conta de exploração das empresas, embora 95% desconheça algum estudo que aponte o seu setor de atividade como tendo capacidade para o financiar.
Para 65% das empresas, a fixação anual do salário mínimo deveria estar dependente da evolução da produtividade.
Quando questionadas sobre a autodeclaração de doença, 55% das empresas manifestou-se contra, apesar de 89% assinalar que nunca registou um caso destes ou que estes são muito pouco frequentes.
No que respeita ao designado “direito a desligar”, metade das empresas defende-o e outras tantas discordam, sendo que entre as que apresentam maior taxa de rejeição à implementação desta medida estão, sobretudo, as médias e microempresas.
Já quanto a sua comunicação à ACT, 86% das empresas discordam deste procedimento.
O inquérito da AIP-CCI foi realizado entre 12 de outubro e 11 de novembro de 2024 junto de 523 sociedades comerciais de todo o país (24% do Norte, 32% do Centro, 26% da Área Metropolitana de Lisboa, 12% do Alentejo, 3% do Algarve e 3% das ilhas).
A indústria representou 47% da amostra, seguida pelos serviços (26%), comércio (14%), construção (7%), agricultura (3%), alojamento e restauração (2%) e transportes e armazenagem (1%), sendo que 3% eram grandes empresas, 8% médias, 45% pequenas e 44% microempresas.
Da totalidade da amostra, 49,01% são empresas exportadoras.
ECONOMIA & FINANÇAS
ERC: APENAS 4% DOS MEDIA PORTUGUESES FATURAM ACIMA DE 10 MILHÕES
As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.
As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.
Esta é uma das conclusões do estudo de análise económica e financeira sobre os media em Portugal da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) relativo ao exercício de 2023, que tem por base dados reportados pelos regulados, no âmbito da Lei da Transparência da Titularidade dos Meios de Comunicação Social (Lei nº 78/2015, de 29 de julho).
“A análise conduzida pela ERC apurou que os ativos totais das empresas de comunicação social ascenderam a 1.123.063 euros e os rendimentos totais da atividade a 1.166.911 euros”, lê-se no comunicado do regulador.
Constatou-se “que as empresas com rendimentos superiores a 10 milhões de euros apenas representaram 4% da totalidade de entidades, mas 86% dos ativos, 84% dos capitais próprios do setor e 89% dos rendimentos”, prossegue a ERC.
O regulador refere que sobressai “o facto de não se ter assistido, em 2023, a uma melhoria dos rendimentos das empresas de comunicação social em Portugal, mantendo-se em 53% a percentagem de empresas que registam crescimento dos rendimentos”.
No período em análise, “o número de empresas com resultados líquidos positivos, resultados operacionais ou EBITDA positivos, e capitais próprios positivos situou-se em proporções inferiores a 2022”.
O estudo caracteriza o setor dos media português de “granular, composto por muitas pequenas empresas, em especial nos segmentos mais tradicionais, como as publicações periódicas e as rádios hertzianas”.
Aliás, “são as pequenas empresas que enfrentam maiores dificuldades face à alteração paradigmática da forma como os conteúdos são consumidos e dos interesses e composição dos consumidores, limitando ou inibindo a capacidade de crescimento”.
A publicidade continuou a ser a principal fonte de receitas do setor em 2023, “mas a sua evolução apresentou um comportamento misto entre as principais instituições”.
De acordo com a análise, “verificou-se um aumento das receitas de publicidade do segmento de televisão, mas mais centrado nos canais de televisão por subscrição (STVS) em detrimento do ‘free-to-air’ [canais gratuitos]”.
O consumo de notícias “é cada vez mais fragmentado entre diferentes plataformas comunicacionais e que a utilização do vídeo como fonte noticiosa tem vindo a crescer, especialmente entre os mais jovens”, refere a análise, que adianta que como “principal fonte de conteúdos de vídeo noticiosos surgem as plataformas de partilha de vídeo em detrimento dos ‘sites’ dos editores, o que aumenta os desafios de monetização de produção de conteúdos e conexão destes últimos”.
O estudo completo da ‘Análise Económica e Financeira ao Setor de Media em Portugal no ano 2023’ pode ser consultado na página da ERC.
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