NACIONAL
ELEIÇÕES: HÁ “INDÍCIOS” DE INTERFERÊNCIA EXTERNA EM ANÚNCIOS ONLINE
Investigadores do MediaLab do ISCTE detetaram, pela primeira vez, “indícios de interferência externa nas eleições em Portugal”, com anúncios ‘on-line’, um acusando o PS de corrupção e outro lembrando os cortes do PSD durante a ‘troika’.
Investigadores do MediaLab do ISCTE detetaram, pela primeira vez, “indícios de interferência externa nas eleições em Portugal”, com anúncios ‘on-line’, um acusando o PS de corrupção e outro lembrando os cortes do PSD durante a ‘troika’.
Estes indícios foram recolhidos pela equipa do MediaLab do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e a Empresa (ISCTE-IUL) durante uma pesquisa sobre as eleições nas redes sociais e os processos de desinformação na fase pré-eleitoral para as legislativas de 10 de março, em parceria com a agência Lusa.
Até hoje, nunca se tinha detetado qualquer indício claro de interferência externa direta em eleições portuguesas, segundo a equipa de investigadores do MediaLab, coordenada por Gustavo Cardoso e José Moreno. Esta equipa acompanha a comunicação sobre eleições nas redes e nos media sociais em Portugal desde 2019.
A investigação do MediaLab centrou-se em dois casos – um do PS e outro do PSD.
O primeiro envolve um canal do Youtube, ‘Bolsonaristas em Portugal’, um anúncio pago através da rede Google, com um vídeo de oito segundos, distribuído em vários ‘sites’ portugueses, incluindo páginas ‘on-line’ de jornais. Começou a circular em 22 de fevereiro, mas, entretanto, deixou de estar disponível.
Segundo o MediaLab, o anúncio acusava dirigentes do PS de corrupção, era ilustrado com fotografias de José Sócrates e António Costa e com títulos descontextualizados dos jornais Eco e Público. “Uma estratégia habitual na produção de conteúdos desinformativos”, dizem os investigadores.
O vídeo circulou desde 22 de fevereiro e remetia para um canal de YouTube chamado ‘Bolsonaristas em Portugal’.
Uma verificação feita pelos investigadores do ISCTE, recorrendo a ferramentas de despistagem da própria Google, aponta para uma empresa aparentemente com sede no Estado norte-americano de Delaware, chamada Nekoplay LLC, e, segundo dados públicos do centro de transparência de anúncios da Google, esta dedica-se sobretudo a anúncios ligados à indústria de jogos.
A Lusa tentou localizar a Nekoplay LLC, mas verificou que os seus contactos remetem para uma outra, sedeada em Las Vegas, que é um mero “agente de receção e registo de documentação”.
A pesquisa do MediaLab permitiu no entanto detetar que o nome da Nekoplay LLC. surge também associado a conteúdos políticos e desinformativos em Singapura, Roménia e Panamá que, tal como Portugal, têm eleições em 2024.
Até ao momento, os investigadores consideram que “não há qualquer ligação aparente a alguma força política portuguesa” e que “tudo remete para o exterior de Portugal”, ou seja, “um ato de influência externa em período eleitoral”.
O facto de a propriedade do anúncio ser alegadamente de uma empresa num paraíso fiscal (o estado americano de Delaware é um paraíso fiscal) e de esta surgir associada a outros casos ligados a desinformação, envolvendo outros países, bem como a assinatura do anúncio do canal como ‘Bolsonaristas em Portugal’, também “remete para o exterior de Portugal”, dizem.
Gustavo Cardoso e José Moreno alertam que este tipo de prática desinformativa, “em particular as de influência estrangeira, procuram, acima de tudo, criar dúvidas na população, mais do que fazer acreditar em qualquer coisa”.
O segundo caso envolve também um vídeo de campanha, desta vez não identificado, detetado por vários utilizadores das redes X (ex-Twitter) e Reddit, e que também circulou no Youtube.
É um vídeo, com “uma produção cuidada”, de acordo com os investigadores, que recorda “os cortes do tempo da ‘troika e os atribui ao PSD”, da autoria de um canal chamado “Jovens por Portugal” e foi exibido, antes de ser retirado, 135 mil vezes. Tanto o vídeo como o canal do Youtube encontram-se suspensos, segundo o MediaLab.
Uma porta-voz da Google citada pelos investigadores afirmou que, quando os anúncios não cumprem as regras definidas pela plataforma, “são tomadas medidas para os remover”. E as regras da definem que os anúncios “só poderão ser apresentados se o anunciante for verificado pela Google”.
Os dois anúncios foram desativados 48 horas depois de começarem a circular.
NACIONAL
MORTALIDADE INFANTIL REGRESSOU A NÍVEIS PRÉ-PANDEMIA – DGS
A taxa de mortalidade infantil estabilizou e regressou aos níveis pré-pandemia e, nos últimos dois anos, as mortes maternas baixaram, segundo dados preliminares da Direção-Geral da Saúde (DGS).
A taxa de mortalidade infantil estabilizou e regressou aos níveis pré-pandemia e, nos últimos dois anos, as mortes maternas baixaram, segundo dados preliminares da Direção-Geral da Saúde (DGS).
A informação foi avançada à agência Lusa pela diretora-geral da Saúde, Rita Sá Machado, a propósito dos relatórios que a DGS divulga esta quinta-feira sobre a mortalidade infantil e materna no período 2017-2021.
“Aquilo que nós conseguimos ver, no caso da mortalidade materna, é que nos últimos dois anos, com análises preliminares, nós conseguimos ver até alguma diminuição e, no caso da mortalidade infantil, (…) uma estabilização, mas conseguimos ver que os níveis observados vão para aqueles níveis que eram os níveis pré-pandemia”, afirmou.
No caso da mortalidade materna, segundo explicou, o relatório incorpora o trabalho desenvolvido pela comissão criada em 2020 para analisar este fenómeno e também os dados recolhidos através do Sistema de Informação de Certificados de Óbito (SICO).
Sobre o trabalho da comissão criada em 2020 para estudar a mortalidade materna, cujo trabalho nunca foi tornado público, Rita Sá Machado explicou essa opção com o facto de tal documento conter “dados muito sensíveis” que poderiam permitir identificação de pessoas.
Quanto a distância entre o período abrangido pelos relatórios divulgados esta quinta-feira pela DGS e os números mais recentes já divulgados, por exemplo, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a responsável explicou: “São dois trabalhos distintos: num estamos a falar daquilo que são indicadores simples, olhando para tendências, se os indicadores vão aumentando ou diminuindo. Uma outra coisa foi o que trabalhámos de uma forma detalhada, olhando com uma dimensão mais profunda, com recomendações específicas”.
Os dados divulgados esta quita-feira indicam que após 2015 manteve-se o aumento do numero de mortes maternas, variando entre sete e 17. O valor máximo observado no período em análise verificou-se em 2020, coincidente com a pandemia de covid-19 (17 mortes).
Admite ainda que a aplicação dos respetivos mecanismos de melhoria pode justificar o aumento do número de mortes maternas e do Rácio de Mortalidade Materna (RMM) a partir de 2014, “pelo aumento da sensibilidade e pela diminuição de fenómenos de subnotificação”.
Segundo o relatório, a maioria (51,7%) das mortes maternas no quinquénio 2017-2021 ocorreu em mulheres em menos de 35 anos, apesar do Rácio de Mortes Maternas (que reflete a capacidade do sistema de saúde prestar os cuidados eficazes na prevenção e complicações que ocorrem) é superior nas mulheres com mais de 40 anos de idade.
O documento destaca igualmente a prevalência de carga de doença identificada antes da gravidez, considerando este indicador “de grande relevância”, uma vez que abrange 63% dos casos.
O diagnóstico da obesidade foi o mais prevalente, seguido da hipertensão arterial. Em 33,3% dos casos de morte materna foi identificado um Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 25kg/m2 (excesso de peso e obesidade).
A diretora-geral de Saúde sublinha que estas alterações sociodemográficas da população e a carga de doença estão a ter efeitos nas mães e, por isso, defende um acompanhamento das diretrizes emanadas pela DGS e da “própria prestação e organização dos serviços de saúde” para acompanhamento destas mães.
Nas conclusões do relatório, a DGS refere que embora a maioria das mortes maternas ocorra em mulheres portuguesas, o rácio de mortalidade materna (RMM) nas mulheres estrangeiras é superior.
Esta situação leva a responsável da DGS a considerar necessário “um melhor conhecimento dos próprios profissionais que estão no atendimento, para que o processo de atendimento seja mais célebre a algumas destas mulheres [estrangeiras]”.
A este propósito, a DGS recomenda no relatório a elaboração e divulgação de uma circular conjunta sobre procedimentos no atendimento de grávidas de nacionalidade estrangeira.
Questionada sobre se uma possível alteração na Lei de Bases da Saúde que restrinja acesso a cidadãos estrangeiros a casos urgentes ou se o ato for pago, Rita Sá Machado recorda:”uma grávida, quer no seu acompanhamento, quer em qualquer problema que tenha durante a gravidez, é sempre olhado como questões de urgência ou emergência”.
No relatório sobre a mortalidade materna, a DGS recomenda ainda que se assegure que uma grávida não vigiada tem uma consulta num prazo de uma semana após o pedido da unidade de saúde, seja qual for o trimestre da gravidez.
A melhoria da vigilância da saúde das grávidas em condições de risco e com necessidade de vigilância acrescida, garantindo de é encaminhada dos cuidados de saúde primários para consulta específica e ser atendida no praz máximo de duas semanas, são outras das recomendações.
NACIONAL
HERNÂNI DIAS PEDE DEMISSÃO E LUÍS MONTENEGRO ACEITA-A
O primeiro-ministro aceitou esta terça-feira o pedido de demissão do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias, sublinhando “o desprendimento subjacente à decisão pessoal” do governante.
O primeiro-ministro aceitou esta terça-feira o pedido de demissão do secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias, sublinhando “o desprendimento subjacente à decisão pessoal” do governante.
Numa nota do gabinete de Luís Montenegro publicada no portal do Governo lê-se que “o primeiro-ministro aceitou o pedido de demissão esta terça-feira apresentado pelo secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Dr. Hernâni Dias”.
“Nesta ocasião, o primeiro-ministro expressa reconhecimento ao Dr. Hernâni Dias pelo empenho na concretização do Programa do Governo em áreas de particular importância e sublinha o desprendimento subjacente à decisão pessoal tomada. O secretário de Estado cessante será oportunamente substituído no cargo”, acrescenta.
Esta é a primeira demissão no XXIV Governo Constitucional PSD/CDS-PP que tomou posse a 02 de abril do ano passado.
Na sexta-feira, a RTP noticiou que Hernâni Dias criou duas empresas que podem vir a beneficiar com a nova lei dos solos, sendo que é secretário de Estado do ministério que tutela essas alterações.
Uma semana antes, o mesmo canal de televisão avançou que Hernâni Dias estava a ser investigado pela Procuradoria Europeia e era suspeito de ter recebido contrapartidas quando foi autarca de Bragança.
Na terça-feira da semana passada, num comunicado enviado à agência Lusa, Hernâni Dias recusou ter cometido qualquer ilegalidade, afirmando que está “de consciência absolutamente tranquila” e que agiu “com total transparência”.
O secretário de Estado garante ter pedido ao Ministério Público (MP) “que investigasse a empreitada da Zona Industrial em Bragança e ao LNEC [Laboratório Nacional de Engenharia Civil] que fizesse uma auditoria”, assegurando, relativamente ao apartamento ocupado pelo filho no Porto, que “o valor das rendas foi pago por transferência.
O Chega e o BE já pediram a demissão do governante e vários já requereram a sua audição parlamentar.
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