INTERNACIONAL
ARMAMENTO MODERNO PARA KIEV PODE LEVAR A OFENSIVA VITORIOSA OU ESCALADA INCONTROLÁVEL
O envio de armamento pesado e ofensivo destinado a Kiev pelos países ocidentais poderá implicar uma nova e vitoriosa ofensiva ucraniana ou uma escalada do conflito caso Moscovo considere ultrapassadas “linhas vermelhas”, disseram à Lusa dois analistas militares.

O envio de armamento pesado e ofensivo destinado a Kiev pelos países ocidentais poderá implicar uma nova e vitoriosa ofensiva ucraniana ou uma escalada do conflito caso Moscovo considere ultrapassadas “linhas vermelhas”, disseram à Lusa dois analistas militares.
“A questão é saber o que se pretende com este material”, considerou o major-general Carlos Branco. “Porque a quantidade anunciada, e o momento em que este armamento vai ser atribuído aos ucranianos, não permitirá que atinjam os seus objetivos – a expulsão das forças russas da Ucrânia, incluindo a Crimeia”.
O analista militar considera que não serão os 152 carros de combate (tanques) prometidos, e dos quais apenas 77 estão confirmados até agora, que farão a diferença. “Destes 77, 31 são Abrams (norte-americanos), que só serão atribuídos no final deste ano”.
Uma perspetiva diversa é avançada pelo major-general Arnaut Moreira, que destaca a importância deste “segundo grande avanço em termos de patamar tecnológico que o ocidente alargado concede à Ucrânia” após o envio do sistema norte-americano de lançamento de foguetes múltiplos Himars.
“O sistema Himars podia ser sempre encarado como o aumento de uma capacidade de defesa por parte das Forças Armadas ucranianas. Mas o fornecimento de carros de combate nunca pode ser apenas envolvido em questões meramente de salvaguarda do território ou capacidade de defesa das forças ucranianas”, considerou.
Números avançados por Carlos Branco indicam que, nos primeiros meses da guerra, os russos destruíram ou incapacitaram cerca de 2.500 carros de combate e viaturas blindadas ucranianas, e que o Exército ucraniano já se afirmava como o segundo mais bem equipado na Europa a seguir ao russo.
A maioria dos carros de combate fornecidos pelos aliados ocidentais à Ucrânia já foi destruído, garante. “O facto de pedirem desesperadamente viaturas e equipamento é significativo de que não estão a prevalecer no campo de batalha”.
Arnaut Moreia destaca antes a “natureza ofensiva” e as características dos carros de combate que irão equipar as forças de Kiev, e que os tornam num ” instrumento ideal” para a condução de manobras ofensivas.
“A Ucrânia vai ter de pensar agora uma manobra diferente que a afaste de Bakhmut e Soledar e que permita, como fez em Kharkiv há alguns meses atrás, romper linhas, entrar na profundidade do dispositivo inimigo e desequilibrar o seu sistema defensivo. É isto que estes carros de combate vêm trazer”, prognosticou.
Na análise de Carlos Branco, este tipo de equipamento, em particular, vai apenas prolongar o conflito, mas não vai fornecer recursos à Ucrânia para atingir o objetivo pretendido – a retirada das forças russas de todo o seu território.
“Mas em relação às viaturas blindadas, não aos carros de combate (tanques), o número atribuído é muito significativo. Aproxima-se do número que Valerii Zaluzhnyi, comandante em chefe das Forças Armadas ucranianas, pediu na entrevista à revista britânica The Economist”, assinalou.
Ainda para Carlos Branco, as grandes divergências residem no número de carros de combate e no número de peças de artilharia.
“Não é provável que um Exército tenha capacidade ofensiva se não tiver capacidade para combate de armas combinadas. Não é um Exército sem artilharia, ou com uma artilharia muito reduzida, sem apoio aéreo, que vai conseguir prevalecer”, sustenta.
Carlos Branco insiste que a questão consiste em saber quanto e quando o material será atribuído, enquanto Arnaut Moreira prefere destacar os “modelos de combate cada vez mais antigos” que a Rússia tem vindo a utilizar, recorrendo aos seus depósitos.
“Por outro lado, a capacidade industrial do ocidente tem uma enorme resiliência, estamos a distribuir o esforço da guerra por 50 países desta coligação avançada. A Federação russa é uma pequeníssima economia mundial, e militarizar a sua indústria vai ter reflexos dramáticos na qualidade de vida da sua população”, frisou.
Uma perspetiva diferenciada do seu correligionário militar, ao assinalar uma grande desproporção de tanques e com vantagem para Moscovo.
“A Rússia tem 600 tanques T-90. E tem mais umas centenas de T-78 modificados, e em relação aos T-72 têm centenas e com o ‘upgrade’ que foi feito, sistemas de pontaria computorizada, proteção reativa, capacidade de combate noturno,”, diz Carlos Branco.
Em resposta, Arnaut Moreira recorre ao exemplo da designada “Guerra das Estrelas” que na década de 1980 opôs os EUA à então URSS, considerando que o colapso da União Soviética não foi de natureza militar.
“Caiu pela incapacidade de responder ao que eram os anseios da população, que não percebia porque tinha de andar de Wartburg ou Lada em vez de Mercedes ou BMW. E porque o desafio da ‘Guerra das Estrelas’ obrigou-a um esforço de investimento na indústria de Defesa que fez colapsar todos os outros sistemas”, disse à Lusa.
Desta forma, o major-general Arnaut Moreira assinala que, no atual conflito, o ocidente “não baixou a parada”, e que militarização da indústria russa vai ser feita à custa da diminuição dos recursos para satisfazer as necessidades básicas da população. “É uma questão de tempo”, disse.
Na quarta-feira, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu o envio de aviões de combate e de mísseis de longo alcance, mas ainda sem qualquer confirmação.
Este novo dado poderá implicar uma escalada, mesmo que Arnaut Moreira considere que a Rússia “tudo fará para não entrar em conflito com a NATO”.
Nesse sentido, define o país como uma “pequeníssima economia mundial, só tem 140 milhões de habitantes, é basicamente o que tem a Polónia e a Alemanha”. E destes dois países, frisa, “há mais 48 países nesta coligação. Estão aqui as grandes potências industriais, comerciais, de produção de riqueza em todo o mundo”.
O “colapso da economia interna russa”, motivado pelo esforço de guerra, poderá já perfilhar-se no horizonte, admite.
“Não há nenhuma vitória russa, é absolutamente impossível de acontecer. Mesmo que tenha uma vitória de natureza militar, já toda a gente está preparada para a eventualidade de ser necessário isolar ainda mais a Federação Russa, [que] no longo prazo vai sofrer tremendamente as consequências desta sua ação ofensiva sobre um dos seus vizinhos”.
Carlos Branco opta antes por desatacar que, caso a Rússia considere que algum do armamento enviado ultrapasse as suas “linhas vermelhas”, haverá uma escalada.
“E o que significa? Por exemplo, a Rússia atacar a Polónia, as oficinas onde esse equipamento é recuperado, as bases onde possam estar estacionados os F-16, e de onde eventualmente lançarão os seus ataques, porque não vejo onde irá a Ucrânia colocar os F-16 no seu próprio território, porque serão atacados”.
Desta forma, sintetiza Carlos Branco, a “questão é saber se os russos vão interpretar estas decisões como algo que põe em causa a sua integridade territorial, o que eventualmente pode implicar a sua derrota no conflito, e então a situação entrará numa crescente escalada. E se atacarem um país da NATO, temos o ‘caldo entornado’”.

INTERNACIONAL
HACKERS RUSSOS ATACAM SITE DO PARLAMENTO FRANCÊS
A página de Internet da Assembleia Nacional Francesa está bloqueada desde esta manhã devido a um ataque reivindicado pelo grupo de piratas informáticos pró-Rússia NoName, em resposta ao apoio da França à Ucrânia.

A página de Internet da Assembleia Nacional Francesa está bloqueada desde esta manhã devido a um ataque reivindicado pelo grupo de piratas informáticos pró-Rússia NoName, em resposta ao apoio da França à Ucrânia.
A página do Parlamento francês revela agora a indicação de que está “em manutenção” devido a ter sido alvo de um ataque de “negação de serviço” (quando um número muito elevado de pedido de acessos a leva à saturação).
O ataque informático já foi reivindicado pelo grupo de hackers pró-russos NoName057(16), que numa mensagem na rede social Telegram justificou o ato pelo apoio que a França tem dado à resistência ucraniana perante a invasão russa.
“Decidimos repetir a nossa recente viagem à França, onde os protestos contra Macron, que decidiu não se importar com os franceses e continua a servir os neonazis na Ucrânia, não estão a acalmar”, escreveu o grupo no canal Telegram.
Este grupo de piratas informáticos também reivindica um ataque contra a página online do Senado, por enquanto sem efeito visível.
O grupo NoName é um dos cerca de 80 movimentos de hackers pró-Rússia que visam instituições em países que apoiam a Ucrânia, incluindo países da Europa Ocidental, explicou Nicolas Quintin, analista-chefe da equipa de análise de ameaças da organização Thales, que reúne cerca de 50 especialistas em todo o mundo.
A França, um dos seus alvos regulares, sofreu vários desses ataques recentemente: na semana passada, os piratas informáticos bloquearam a página de Internet Aeroportos de Paris e a página da Direção Geral de Segurança Interna.
O NoName, estabelecido em março de 2022, que comunica em russo e inglês, realiza ataques de “negação de serviço”, um modelo básico de ataques cibernéticos.
INTERNACIONAL
UNIÃO EUROPEIA QUER RESGATAR CRIANÇAS UCRANIANAS RAPTADAS PELA RÚSSIA
A presidente da Comissão Europeia anunciou hoje uma iniciativa conjunta com o primeiro-ministro da Polónia e com o apoio das Nações Unidas, para resgatar as mais de 16.000 crianças raptadas pela Federação Russa.

A presidente da Comissão Europeia anunciou hoje uma iniciativa conjunta com o primeiro-ministro da Polónia e com o apoio das Nações Unidas, para resgatar as mais de 16.000 crianças raptadas pela Federação Russa.
“O primeiro-ministro [Mateusz] Morawiecki e eu vamos lançar uma iniciativa para resgatar estas crianças raptadas pela Rússia. Para isso, vamos organizar uma conferência — é ainda o início, vai ser um trabalho difícil -, para pressionar” a Federação Russa, disse Ursula von der Leyen, em conferência de imprensa no final da reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas (Bélgica).
Von der Leyen não especificou quando é que a conferência vai realizar-se.
A iniciativa tem como propósito descobrir o “paradeiro destas crianças”, que de acordo com a presidente da Comissão são milhares: “Sabemos hoje de 16.200 crianças deportadas [para a Rússia], apenas 300 regressaram [à Ucrânia].”
“[O rapto de crianças] é uma lembrança horrível dos momentos mais obscuros da nossa História o que está a acontecer lá [na Ucrânia]. Deportar crianças é um crime de guerra”, acrescentou von der Leyen, ladeada pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
E defendeu que ações como esta por parte do Kremlin “justificam completamente” o mandado de detenção emitido pelo Tribunal Penal Internacional contra o Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin.
“Isto [a iniciativa] inclui as crianças que foram, entretanto, ‘adotadas’ ou levadas para famílias de acolhimento na Rússia”, completou a presidente da Comissão Europeia, que simulou umas aspas com as mãos quando utilizou a palavra “adotadas”.
Von der Leyen agradeceu também ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, – que participou na reunião – por “disponibilizar na totalidade as agências” da organização, já que “têm uma grande experiência em tópicos difíceis como este”.
-
REGIÕES2 semanas atrás
MAIA: MULHER MORTA A TIRO PELO EX-MARIDO EM PEDROUÇOS
-
ECONOMIA & FINANÇAS2 semanas atrás
PRAZO PARA RECLAMAR DAS FATURAS DE DESPESAS GERAIS FAMILIARES COMEÇA HOJE
-
DESTAQUE2 semanas atrás
PORTO: REQUALIFICAÇÃO DA PONTE D. LUÍS I APROXIMA-SE DO FINAL
-
DESPORTO2 semanas atrás
SPORTING JOGA HOJE O SEU FUTURO NA LIGA EUROPA
-
DESPORTO2 semanas atrás
LIGA EUROPA: SPORTING ELIMINA ARSENAL NOS PENÁLTIS E ESTÁ NOS ‘QUARTOS’
-
INTERNACIONAL2 semanas atrás
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL EMITE MANDADO DE CAPTURA A VLADIMIR PUTIN
-
ECONOMIA & FINANÇAS2 semanas atrás
DICAS PARA POUPAR ENERGIA ? DAMOS-LHE ALGUMAS
-
MAGAZINE2 semanas atrás
CASAMENTOS AUMENTAM 44,5% EM JANEIRO – INE