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DENÚNCIAS DE MEDO E ESCRAVATURA NOS CRUZEIROS

A PLP-Plataforma Laboral e Popular denuncia casos de medo, precariedade e escravatura laborar nas empresas que operam cruzeiros no rio Douro. Para sábado está agendada uma manifestação dos cais de Gaia e do Porto.

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A polémica é levantada pela Plataforma Laboral e Popular (PLP), que denuncia vários casos de contratos temporários, com salários baixos e jornadas laborais de 60 horas semanais contínuas nas empresas que operam os cruzeiros no rio Douro.

Mas isso não é tudo. Citada pelo Público, a PLP aponta ainda o dedo às folgas que se acumulam sem serem gozadas, dormidas a bordo em espaços exíguos e sem privacidade e refeições feitas de restos.

A corroborar estas denúncias estão os relatos dos trabalhadores ao jornal, sempre sob o manto do anonimato, com medo de represálias. Mas no próximo sábado a plataforma criada em 2016 realizará duas manifestações, nos cais de Gaia (10h) e do Porto. O objetivo é conseguir uma “organização dos trabalhadores” para combater “a vergonha da precariedade”.

Gonçalo Gomes, porta-voz da PLP e ex-trabalhador de três empresas de passeios fluviais refere que a paz que reinou em quase três décadas de cruzeiros no Douro se deve a “um clima de medo” instalado, o que também diminui a adesão de trabalhadores às manifestações agendadas pela plataforma. Mas isso não diminui a sua vontade de trazer a público estes problemas nem a convicção de que, aos poucos, mais gente se juntará. “O meu caso é paradigmático. Queriam-me fora do rio e a verdade é que conseguiram. Mas calar-me não”, afirma ao Público.

“Todos exploradores”

São muitas as operadoras de cruzeiros no rio Douro: além da Douro Azul, do empresário Mário Ferreira, existem ainda outras, como a Tomaz Douro, a Douro Acima, a Manos do Douro, a Rota do Douro, a Três Séculos, a Cruise Europe, a Viking Cruise, a Barcadouro, a Feeldouro, num total de 61, segundo os dados da Administração dos Portos de Douro e Leixões (APDL). Operando um total de 143 embarcações, 20 delas navios-hotel, a APDL estima que, entre todas, sirvam este ano um total de um milhão de passageiros.

Todos exploradores”, acusa Gonçalo Gomes, que diz ainda que a servir todas estas empresas estarão cerca de 500 trabalhadores: marinheiros, maquinistas, mestres, cozinheiros, ajudantes de cozinha, copeiros, empregados de mesa e bar, camaroteiros, auxiliares administrativos, vendedores de cruzeiros e assistentes de bordo, “Quase todos precários”, continua Gomes.

O Público contactou as empresas Tomaz do Douro e Douro Azul – segundo o jornal, duas das mais representativas nas travessias do Douro –, mas não conseguiu obter respostas prontas dos seus responsáveis. A única referência a estas denúncias surgiu na página de Facebook do empresário Mário Ferreira, afirmando que o noticiado são “práticas não existentes” e acusando o porta-voz da PLP de “ameaças e calúnias” a vários operadores turísticos do Douro.

A lista de reivindicações da PLP é longa e foi dada a conhecer em panfletos que por estes dias foram entregues nos do Porto e de Gaia. “Acabar com a precariedade laboral, substituindo os contratos de três e seis meses por vínculos efetivos, por fim aos ordenados miseráveis de salários mínimos e exigir que nenhum trabalhador receba menos do que 750 euros mensais, terminar as jornadas laborais de 60 horas sem direito a folgas.”

Além dos patrões, Gonçalo Gomes aponta o dedo aos partidos de esquerda, nomeadamente PCP e Bloco de Esquerda, certo de que este combate “deve ser encarado do ponto de vista da luta de classes”, afirma que os partidos em causa “dizem ser de esquerda mas não são revolucionários”.

Expectativas defraudadas:

Já PLP, promete Gonçalo Gomes, irá “até ao fim”: “Se todo o legalismo não funcionar podemos até passar à clandestinidade.”, diz ao periódico. O extremismo do seu discurso assenta em nove anos de “exploração”, em três empresas que de diferente só têm o nome: “Estive sempre precário. Vi coisas que julguei impossíveis. O Douro é ouro para estas empresas, mas não para quem trabalha nelas.” Sempre com salários baixos e contratos de três ou seis meses, Gonçalo era mandado embora quando chegava o período em que teria obrigatoriamente de passar a efetivo. Mais tarde, chamavam-no outra vez.

Nos barcos por onde passou Gonçalo Gomes, os trabalhadores entravam ao serviço para fazer a preparação do pequeno-almoço e continuavam até depois do jantar. Faziam pequenas pausas, mas nem sempre, e a maior parte das empresas não registava os horários cumpridos. “Agora já fazem, mas é tudo forjado”, diz, acrescentando que os pagamentos de feriados e fins de semana “nunca foram feitos”.

Mais, as gorjetas eram “divididas de forma injusta” e o espaço para dormir consistia em “beliches colocados em espaços minúsculos, sem qualquer privacidade”: “Num dos barcos onde trabalhei nem sequer se conseguia estar de pé na zona onde se dormia.” As refeições eram feitas com restos dos buffets dos clientes. Para a PLP, “a escravatura laboral é clara e aberta”, sem que os sindicatos ajudem a resolver o problema: “Os sindicatos afectos à UGT e à CGTP fornecem as respostas do costume aos problemas de sempre”, lamenta a organização num dos panfletos que têm distribuído. Gonçalo Gomes não trava a língua: “Não tenho qualquer dúvida de que há conluios com o patronato.”

Luta laboral:

Francisco Figueiredo, da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT), pertencente à CGTP, explicou ao Público que a estas embarcações se aplica “o Contrato Coletivo de Trabalho da hotelaria e alojamento”. Mas reconhece que “muitas empresas não estão a aplicar, incluindo a Douro Azul, que assinou um Acordo Coletivo de Trabalho com outras organizações”. É essa a justificação da FESAHT para a dificuldade em organizar estes trabalhadores.

Nos barcos onde esteve Gonçalo Gomes, a estrutura sindical pertencia à Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores do Mar (FESMAR), afeta à UGT. O responsável da PLP afirma que a sindicalização é até incentivada, mas porque os sindicalistas “estão alinhados com os patrões”. A prova disso foi “o que se passou em 2016”, afirma, relembrando o ano da primeira luta laboral no Douro. Foram nove os trabalhadores da Tomaz Douro que se organizaram e pediram à FESMAR para convocar uma greve. No dia seguinte, conta, “os responsáveis declararam férias, sem deixar o assunto entregue a ninguém”. A reunião com um representante sindical aconteceria semanas depois, e não teria mais que 15 minutos. “Começou por nos dizer que só iam representar quem descontasse 1% do salário, quando há a possibilidade de descontar 0,75%. Uma discriminação.”

As autoridades também não conseguem detectar irregularidades. Gonçalo explica porquê: “De todas as vezes soube antecipadamente que eles iam visitar o barco”. “Se era a ASAE deitava-se a carne borda fora, se era a ACT havia que fazer outras diligências.” Revoltado porque “ninguém quer saber dos precários do Douro, o turismo dá jeito a muita gente”, Gonçalo Gomes acredita num possível boicote: “Acredito que se os turistas soubessem o que se passa a bordo dos barcos onde passeiam não seriam cúmplices disto.”

José Macário / JE

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AÇORES: AUTARCA CONDENADO A PENA SUSPENSA E PERDA DE MANDATO (SÃO ROQUE)

O Tribunal de Ponta Delgada condenou nesta quarta-feira o presidente da Junta de São Roque a três anos e 10 meses de prisão, com pena suspensa, e perda de mandato por peculato na forma continuada e participação económica em negócio.

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O Tribunal de Ponta Delgada condenou nesta quarta-feira o presidente da Junta de São Roque a três anos e 10 meses de prisão, com pena suspensa, e perda de mandato por peculato na forma continuada e participação económica em negócio.

Pedro Moura, presidente daquela junta de freguesia do concelho de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores, fica com a pena suspensa sob obrigação de pagamento, no prazo de um ano, de um montante superior a 3.800 euros.

Para que a perda de mandato a que foi condenado tenha efeito, terão primeiro de ser esgotados os recursos legais e Pedro Moura revelou, após a leitura do acórdão, que vai recorrer da decisão conhecida nesta quarta-feira.

O tribunal considerou como provada a acusação do Ministério Público (MP) no âmbito da investigação, que remonta a 2015, altura em que Pedro Moura era já presidente da Junta de Freguesia de São Roque, eleito pelo PS, e deputado no parlamento açoriano.

Em causa neste processo está o alegado desvio de um montante superior a 137 mil euros das contas da Junta de Freguesia para o Clube Naval de São Roque, criado e gerido por Pedro Moura.

Segundo o MP, a Junta comprou três terrenos para a realização de obras urgentes na freguesia e os bens transitaram para o Clube Naval.

Destes terrenos, dois foram posteriormente restituídos à Junta, mas um terceiro foi vendido pelo Clube Naval por 250 mil euros para sanar parte do empréstimo.

Durante a leitura da sentença, o juiz referiu que Pedro Moura era quem geria “os destinos” da Junta de Freguesia e “os restantes elementos assinavam” e “cumpriam ordens” do autarca, enquanto “o Clube Naval era uma associação fantasma”.

“Nunca existiu nenhum protocolo com a Junta para a deliberação de aquisição destes imóveis”, disse o magistrado, na leitura do acórdão, acrescentando que Pedro Moura, enquanto titular de um cargo público, “se apropriou ilicitamente de dinheiros públicos”.

O tribunal deu como provado que Pedro Moura controlava “exclusivamente” a Junta e o Clube Naval, que “foi criado para adquirir os bens imóveis”.

Ficou ainda provado que “as faturas da água e da luz foram pagas pela Junta, mas estavam no nome do Clube Naval. Segundo o juiz, “não foi um erro, foi uma apropriação ilegítima de quantias pertencentes ao erário público”.

No entender do tribunal, Pedro Moura “agiu com dolo, atuou de forma livre, sabendo que o fazia” na qualidade de presidente de Junta de Freguesia, apropriando-se de dinheiros da Junta em benefício do Clube Naval”.

Na suspensão da pena, foi tido em conta o facto de Pedro Moura não ter antecedentes criminais, bem como a sua integração familiar e social.

Quanto ao montante superior a 137 mil euros, o juiz disse que “o Clube Naval doou à Junta os dois prédios”, pelo que esta “já foi ressarcida”.

Após a leitura da sentença, Pedro Moura disse aos jornalistas estar “insatisfeito” e que vai recorrer da decisão, reforçando que foi feita obra pública e que “no saldo das contas” a Junta saiu beneficiada.

“Nós vamos recorrer. Não estamos satisfeitos. Achamos que São Roque ficou beneficiado e era a única forma que tínhamos de fazer obra para a freguesia. Está lá: uma circular, um parque de estacionamento e uma zona balnear que é das mais concorridas da ilha”, sustentou.

Segundo o autarca, “o tribunal acaba por considerar que foram feitas obras” e “não pede a restituição do valor inicial que tinha pedido”.

“Não tirámos qualquer proveito”, sublinhou.

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MATOSINHOS: QUARTAS-FEIRAS SÃO DIAS DO “COMBOIO DE BICICLETAS”

As quartas-feiras passaram a ser dias “diferentes e fixes” para os alunos das escolas da Ermida e Padre Manuel de Castro, em Matosinhos, porque a chegada não se faz a pé ou de carro, mas num comboio de bicicletas.

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As quartas-feiras passaram a ser dias “diferentes e fixes” para os alunos das escolas da Ermida e Padre Manuel de Castro, em Matosinhos, porque a chegada não se faz a pé ou de carro, mas num comboio de bicicletas.

Eram perto das 09:00 quando, já próximo da Escola Básica da Ermida, em São Mamede de Infesta, concelho de Matosinhos, no distrito do Porto, se avistou a chegada de um comboio, não de um comboio sobre carris e movido a eletricidade, mas um comboio de 27 crianças de bicicletas acompanhadas de maquinistas, igualmente de bicicletas, que têm como função não verificar se os passageiros têm bilhete, porque é gratuito, mas se chegam à escola em segurança.

O comboio de bicicletas, projeto que está a ser implementado em Matosinhos, tem, à semelhança dos comboios tradicionais hora de saída e chegada, assim como alguns atrasos, e paragens.

Para o apanhar não é preciso ser portador de qualquer bilhete, mas sim ser criança, frequentar as escolas do concelho, ter bicicleta e capacete e, às quartas-feiras, estar na paragem indicada para não perder o comboio e, assim, chegar quando soar o toque de entrada.

Os alunos chegaram a horas, em segurança, divertidos, muito contentes e sob o olhar curioso e atento dos colegas que, já no interior da escola e encostados aos gradeamentos, atiravam um “yeah” ou um simples olá.

“Andar de bicicleta é muito fixe, gosto muito”, confessou à Lusa Leonardo Cavalcante, de 6 anos, que, juntamente com o irmão, apanhou o comboio por volta das 08:05 no qual percorreu cerca de quatro quilómetros até chegar ao destino onde estava a avó com a mochila, porque vir com ela “era pesado”.

A mãe, Laura Cavalcante, que acha este comboio uma excelente iniciativa, afirmou que andar de bicicleta é algo que toda a gente deveria fazer, porque é um excelente meio de transporte, uma boa alternativa ao carro e ótimo para o ambiente.

Com três filhos, dois dos quais já utilizadores deste comboio, Laura Cavalcante, que anda de bicicleta desde os tempos de faculdade, quer que os filhos entendam que a bicicleta é um meio de transporte e tem muitas vantagens.

E que o diga Alice Ribeiro, de 9 anos, que disse que os “carros causam poluição”, por isso, sempre que puder, vai apanhar o comboio de bicicletas.

E acrescentou: “É muito fixe e não é muito perigoso, temos só de ter cuidado a andar”.

E, por falar em cuidados, o colega, João Teixeira, também com 9 anos, enumerou-os todos: usar capacete, parar nos semáforos, não passar à frente do maquinista e dar espaço a quem vai à frente.

E, se cumprirem estes requisitos, chegam em segurança e ajudam o ambiente, comentou.

“As portas das escolas são, provavelmente nas horas de ponta, os sítios mais poluídos das cidades, devido à grande concentração de carros”, afirmou João Araújo, impulsionador deste projeto em Matosinhos e pai de um dos alunos utilizadores do comboio.

Além de ser bom para o ambiente, esta iniciativa é benéfica para as crianças, porque lhes dá autonomia, autoestima, responsabilidade e divertimento, salientou, reforçando que “é seguro pedalar até à escola”.

O percurso demora cerca de 25 a 30 minutos, tem perto de 10 paragens, as crianças têm seguro e os maquinistas são pais ou apaixonados pelas bicicletas, por isso, tem tudo para correr bem, sublinhou João Araújo.

Este comboio de bicicletas ainda está numa fase piloto, sendo objetivo da autarquia estendê-lo a todas as escolas do concelho, referiu o vice-presidente e responsável pelo pelouro da mobilidade, Carlos Mouta.

“Estamos a falar de crianças muito pequeninas, do primeiro ciclo, e a ideia é que elas depois transportem isto para o secundário e mantenham este hábito de usar a bicicleta como meio de transporte”, concluiu.

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