CIÊNCIA & TECNOLOGIA
PORTUGUESES AJUDAM A DESCOBRIR UM PLANETA COM ÁGUA EM ESTADO LÍQUIDO
Uma equipa de astrónomos que conta com quatro investigadores portugueses encontrou indícios da presença de “um grande oceano de água líquida” num exoplaneta (um planeta fora do sistema solar), que orbita uma estrela pouco mais velha do que o Sol.
Uma equipa de astrónomos que conta com quatro investigadores portugueses encontrou indícios da presença de “um grande oceano de água líquida” num exoplaneta (um planeta fora do sistema solar), que orbita uma estrela pouco mais velha do que o Sol.
O estudo, publicado esta quinta-feira na revista da especialidade Astronomy & Astrophysics, teve o contributo de investigadores do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.
“Existe uma grande probabilidade de existir água líquida à superfície” do planeta LHS 1140 b, “que está na zona de habitabilidade” da estrela LHS 1140, uma anã vermelha a 41 anos-luz da Terra, na direção da constelação da Baleia, disse João Faria, um dos invstigadores, em comunicado de imprensa.
A água líquida é um elemento fundamental para a vida tal como se conhece. Por isso, de acordo com o mesmo astrónomo, este exoplaneta constitui “um dos melhores alvos para futuras pesquisas por biomarcadores”.
Este é mais um grande passo que demos na procura de uma outra Terra”, sublinha o astrónomo Sérgio Sousa, igualmente citado no comunicado do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.
Para chegarem à conclusão de que LHS 1140 b poderá ter a superfície coberta de água líquida, os astrónomos calcularam a densidade do planeta e caracterizaram a sua composição interna a partir de dados recolhidos pelo telescópio espacial TESS e pelo espetrógrafo ESPRESSO, no Chile.
Com as mesmas fontes de dados, conseguiram detetar vestígios de mais dois planetas em torno da anã vermelha (além dos outros dois que tinham sido descobertos anteriormente, incluindo LHS 1140 b).
A estrela LHS 1140 tem cerca de cinco mil milhões de anos (o Sol terá 4,6 mil milhões de anos) e uma temperatura à superfície a rondar os 3.000ºC, “pouco mais de metade da temperatura do Sol”.
Sendo a LHS 1140 menos quente do que o Sol, a “zona de habitabilidade” da estrela — zona que oferece condições para planetas rochosos na sua órbita, como o LHS 1140 b, terem água líquida à superfície — “está mais próxima”.
Considerado do tipo terrestre, o planeta extrassolar LHS 1140 b orbita a sua estrela em 24,7 dias e tem 1,7 vezes o diâmetro da Terra e 6,5 vezes a sua massa.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
CIENTISTAS “MAPEIAM” O CORAÇÃO HUMANO QUE FACILITARÁ O ESTUDO DE DOENÇAS
O coração, primeiro órgão que se desenvolve nos mamíferos, é formado por estruturas altamente organizadas que precisam ser coordenadas para funcionar corretamente e uma equipa científica conseguiu criar um mapa espacial do coração humano em desenvolvimento, com resolução unicelular.
O coração, primeiro órgão que se desenvolve nos mamíferos, é formado por estruturas altamente organizadas que precisam ser coordenadas para funcionar corretamente e uma equipa científica conseguiu criar um mapa espacial do coração humano em desenvolvimento, com resolução unicelular.
Os detalhes da investigação são publicados esta quarta-feira na revista Nature, num artigo liderado por cientistas da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, e que revela como as células se organizam à medida que o coração se desenvolve.
Apesar da importância deste órgão, os cientistas sabem pouco sobre como exatamente as suas células estão organizadas, não sabendo, por exemplo, como são coordenados espacialmente para criar estruturas morfológicas complexas, que são cruciais para a função cardíaca.
Este ‘atlas’ celular completo avança precisamente neste conhecimento e revela como os diferentes tipos de células cardíacas interagem e se organizam em estruturas complexas essenciais para o funcionamento do coração, noticiou hoje a agência Efe.
Se essas estruturas musculares deste órgão não se formarem corretamente, podem ocorrer doenças cardíacas congénitas, o defeito congénito mais comum, e várias doenças cardíacas também se podem desenvolver na idade adulta, lembram os autores.
Para mapear o coração, os investigadores, liderados por Elie Farah, Quan Zhu e Neil Chi, combinaram sequenciamento de ARN e tecnologia de imagem de ponta, pode ler-se na revista.
Graças a estas tecnologias unicelulares, foram capazes de gerar uma lista melhorada de tipos de células cardíacas humanas.
O mapa revelou a distribuição regional de uma ampla gama de subpopulações de células cardíacas, revelando como estas células interagem durante o desenvolvimento do coração.
A análise unicelular identificou 75 subpopulações que exibiam características que correspondiam à sua localização anatómica e estágio de desenvolvimento, incluindo novos subtipos de células nas válvulas cardíacas.
Além disso, os autores descobriram interações entre combinações específicas de populações celulares. Observaram, por exemplo, interações entre células do músculo cardíaco ventricular, fibroblastos (parte do tecido conjuntivo) e células endoteliais (revestimento dos vasos sanguíneos), que podem desempenhar um papel na formação da parede ventricular.
Especificamente, a equipa científica utilizou um método de imagem espacial chamado Merfish, que permitiu a identificação espacial preliminar de células individuais.
Juntamente com a técnica de transcriptómica unicelular, que permite saber quais genes são expressos e em quais células (transcritoma), os cientistas alcançaram uma resolução e profundidade de compreensão “sem precedentes” de células individuais e onde elas residem.
As informações detalhadas descobertas neste estudo podem ajudar a melhorar a compreensão dos mecanismos subjacentes às doenças cardíacas congénitas e em adultos, e também podem orientar novas estratégias de reparo cardíaco, concluem os autores.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
ESTUDO: NOS PRÓXIMOS 50 ANOS AS SECAS VÃO SER MAIS FREQUENTES
Um estudo hoje divulgado pela Universidade de Aveiro antevê, para os próximos 50 anos, maior frequência de períodos de seca na Península Ibérica, com consequências económicas, sociais e ambientais.
Um estudo hoje divulgado pela Universidade de Aveiro antevê, para os próximos 50 anos, maior frequência de períodos de seca na Península Ibérica, com consequências económicas, sociais e ambientais.
O estudo conclui que, ao longo do século XXI, ocorrerão alterações no regime de secas para a Península Ibérica, que poderão trazer mudanças ao modo de vida de portugueses e espanhóis.
O trabalho de investigação científica parte de dois cenários de concentração de gases de efeito estufa na atmosfera (um moderado e um severo), definidos pelo ‘Intergovernmental Panel on Climate Change’ (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas).
“Foram analisados dois tipos de secas: as meteorológicas, que se definem pelo desvio da precipitação em relação ao valor normal esperado, e as hidrológicas, que se relacionam com a redução dos níveis médios de água nos reservatórios e no solo.
Até 2040, adianta o investigador Humberto Pereira, “prevê-se que as secas hidrológicas sejam mais comuns e intensas na região noroeste da Península Ibérica e menos frequentes, mas mais duradouras, nas restantes regiões da península”.
Já quanto às secas meteorológicas, “os principais resultados do estudo revelam que, para ambos os cenários do IPCC, as secas meteorológicas serão globalmente menos frequentes na Península Ibérica no período compreendido entre 2006-2040″.
No entanto, serão mais intensas e duradouras na região Este da Península Ibérica, intensificando-se esse efeito ao longo do século XXI”.
As secas meteorológicas e hidrológicas podem ter consequências na região e, segundo os investigadores da UA, “a nível económico poderão resultar em impactos negativos para a agricultura, o turismo, e a produção de energia”.
“A nível ambiental, terão impactos negativos para a biodiversidade da região, degradação dos solos, e potencial aumento do risco de incêndios florestais, e, a nível social, pela possível escassez de água potável para a população”, acrescentam.
O estudo agora anunciado teve a participação de Humberto Pereira e João Miguel Dias do Departamento de Física (DFis) e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA, em colaboração com Nieves Lorenzo e Ines Alvarez da Universidade de Vigo.
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