INTERNACIONAL
RÚSSIA: RISCO DE UMA GUERRA NUCLEAR NUNCA FOI TÃO ALTO
Sessenta anos após a crise dos mísseis de Cuba, que quase desencadeou uma guerra nuclear mundial, a história repete-se, com a invasão russa da Ucrânia e um protagonista mais ambicioso, o atual Presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Sessenta anos após a crise dos mísseis de Cuba, que quase desencadeou uma guerra nuclear mundial, a história repete-se, com a invasão russa da Ucrânia e um protagonista mais ambicioso, o atual Presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Putin, que lançou a 24 de fevereiro deste ano uma ofensiva em três frentes na Ucrânia, já declarou a anexação de quatro regiões do leste do país (além da península da Crimeia, que anexou em 2014) e deportou para o seu território dezenas de milhares de ucranianos, por entre ameaças de um ataque nuclear ao Ocidente, por causa da ajuda militar e humanitária que este está a fornecer às forças ucranianas e da adesão da Finlândia e da Suécia à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental).
Em 1962, ao fim de 15 anos de Guerra Fria, viveu-se uma prova de força de 13 dias, até 28 de outubro, entre as cúpulas do poder de uma ordem internacional bipolar liderada pelo jovem Presidente norte-americano, John Fitzgerald Kennedy, e pelo líder soviético Nikita Khruchtchev, depois de fotos tiradas a 14 de outubro por aviões de espionagem norte-americanos U2 revelarem a presença em Cuba, aliada de Moscovo, de rampas de lançamento de mísseis soviéticos com alcance para atingir o nordeste dos Estados Unidos.
Kennedy, considerando possível um “ataque nuclear contra o hemisfério ocidental”, decidiu isolar a ilha, com um bloqueio marítimo que designou como “quarentena”, por ser um termo menos ameaçador, e colocou as forças estratégicas militares em alerta máximo, o nível anterior ao do lançamento de uma guerra nuclear. Centenas de bombardeiros carregados com bombas atómicas patrulhavam os céus, e foram armados mísseis intercontinentais.
Os navios soviéticos recuaram, e começou a ser negociado nos bastidores um acordo entre as duas superpotências, que previa a retirada dos mísseis soviéticos de Cuba se os Estados Unidos retirassem os seus mísseis da Turquia. Então, um desses aviões U2 (tripulado por um piloto) foi abatido sobre Cuba, fazendo com que Kennedy enviasse diretamente o seu irmão Robert, Secretário da Justiça dos Estados Unidos, para negociar com o embaixador soviético.
Khruchtchev acabou por aceitar retirar os mísseis de Cuba, e Washington comprometeu-se a não invadir aquele país caribenho aliado de Moscovo e a retirar secretamente os seus mísseis intercontinentais da Turquia.
Após esta crise, em 1963, foi instalado um “telefone vermelho” — uma linha de comunicação direta entre a Casa Branca e o Kremlin durante a Guerra Fria (porque se soube depois que a ordem de abater o U2 viera de Havana, não de Moscovo).
A doutrina em vigor nas décadas de 1950 e 1960 na NATO era conhecida pela sigla MAD (que significa, à letra, ‘louca’ em inglês, mas também Mutual Assured Destruction, isto é, Destruição Mútua Assegurada) — o que não deixava dúvidas quanto ao que pensavam os estrategas que aconteceria ao planeta se alguma das partes em conflito na Guerra Fria (Pacto de Varsóvia, liderado pela União Soviética, e NATO, liderada pelos Estados Unidos) iniciasse um ataque nuclear: não haveria sobreviventes.
Agora, os protagonistas são outros, mas é apenas uma versão diferente da fórmula original – Rússia versus Ocidente — e o mundo está a acompanhar o desenrolar dos acontecimentos não só ao vivo como também a cores, entre comunicação social e redes sociais, pelo que a obtenção de um acordo secreto que se mantivesse secreto seria altamente improvável.
A grande incógnita é se a capacidade dos dirigentes políticos que conseguiram evitar um conflito nuclear em outubro de 1962 encontra equivalente nos atuais líderes mundiais e terá o mesmo nível de eficácia — ou mesmo se é essa a sua vontade. Os especialistas temem que não.
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou, no início de outubro, que o mundo enfrentava o risco de uma guerra nuclear pela primeira vez desde 1962 e que Putin “não estava a brincar” ao proferir tal ameaça.
George Perkovich, especialista do norte-americano Carnegie Endowment for International Peace e que há 40 anos estuda esta matéria, considera ser esta “a situação mais delicada” a que assistiu e aquela que, “mais que qualquer outra desde 1962, pode desencadear o uso de armas nucleares (…) porque há uma potência nuclear, a Rússia, cujo líder definiu a questão como existencial”.
Ao contrário de 1962, o mundo confronta-se atualmente com várias potências atómicas: a Coreia do Norte está a preparar-se para mais um teste nuclear, a Índia e o Paquistão estão ainda em conflito latente e o Irão relançou o seu programa nuclear.
Mas a Ucrânia representa um risco singular, porque o conflito opõe indiretamente as duas principais potências nucleares. Se a Rússia utilizar uma arma atómica, deverá ser uma arma nuclear tática, mais fraca que as chamadas “estratégicas”, mas Biden avisou que será difícil utilizar qualquer arma nuclear “sem acabar por provocar o apocalipse”.
Putin, que questiona a legitimidade histórica de uma Ucrânia soberana e independente, anexou formalmente quatro regiões do país nos últimos dias e afirmou que um ataque a um território russo “anexado” ou uma intervenção ocidental direta no conflito poderá levar a Rússia a recorrer a armas nucleares.
A guerra na Ucrânia difere claramente da crise dos mísseis de Cuba, porque a Ucrânia é bastante mais importante para os aliados dos Estados Unidos do que Cuba era em 1962: “Putin parece querer alterar as fronteiras da Europa e isso é aterrador para os europeus”, sustenta Marc Selverstone, historiador da Guerra Fria na Universidade da Virgínia.
Na sua opinião, em 1962, os objetivos de Khruchtchev, embora importantes, eram “mais modestos que os de Vladimir Putin agora: Moscovo queria concorrer com os Estados Unidos em termos de armamento e ter uma moeda de troca com o Ocidente na questão de Berlim” e, para Kennedy, a alguns dias das eleições intercalares nos Estados Unidos e “envergonhado pelo fiasco do desembarque na Baía dos Porcos”, no ano anterior, (…) o mais importante era reduzir o risco de confrontação nuclear”, frisa o historiador, acrescentando: “Não sei se é essa a prioridade de Vladimir Putin agora. Na verdade, ele parece querer aumentar as apostas”.
Também na Ucrânia, o Presidente, Volodymyr Zelensky, está apostado numa contraofensiva das suas forças militares que está a ser bem-sucedida e pretende recuperar todo o território ocupado por Moscovo.
Já os Estados Unidos disponibilizaram milhares de milhões de dólares de ajuda militar à Ucrânia, mas Biden não enviou para Kiev mísseis com alcance para atingir o território russo, explicando querer evitar uma “Terceira Guerra Mundial”.

INTERNACIONAL
QUASE 30% DOS TRABALHADORES DOS SERVIÇOS ESSENCIAIS SÃO MAL PAGOS – OIT
Quase 30% dos trabalhadores dos serviços essenciais, no mundo, como os que estiveram na linha da frente na pandemia de covid-19, são mal pagos, recebendo em média menos 26% face aos restantes trabalhadores, segundo a OIT.

Quase 30% dos trabalhadores dos serviços essenciais, no mundo, como os que estiveram na linha da frente na pandemia de covid-19, são mal pagos, recebendo em média menos 26% face aos restantes trabalhadores, segundo a OIT.
De acordo com as principais conclusões do “World Employment and Social Outlook (WESO) 2023 – O valor do trabalho essencial” da Organização Internacional do Trabalho (OIT), os países devem melhorar as condições laborais e os rendimentos destes trabalhadores que estão em áreas como a saúde, segurança, alimentação, transportes ou limpezas.
Nos 90 países analisados pela OIT com dados disponíveis, mais de metade (52%) do emprego é realizado por trabalhadores essenciais, embora em países de elevado rendimento, a proporção seja menor (34%).
Segundo o relatório, em todo o mundo, 29% destes trabalhadores são mal pagos, ou seja, recebem menos de dois terços do salário médio por hora.
Em média, os trabalhadores essenciais ganham 26% menos do que os outros trabalhadores e apenas dois terços dessa diferença se deve à educação e à experiência, realça a OIT.
No setor alimentar, a proporção de trabalhadores essenciais com baixos salários é particularmente elevada, situando-se nos 47%, e nos setores da limpeza e saneamento é de 31%.
Estes setores empregam uma grande proporção de imigrantes, especialmente em países de elevados rendimentos.
O estudo indica ainda que perto de um em cada três trabalhadores essenciais tem contrato temporário, embora existam diferenças consideráveis entre países e setores, com a indústria alimentar a registar 46% de trabalhadores temporários.
Nos países com rendimentos baixos, mais de 46% dos trabalhadores essenciais trabalham muitas horas, sendo as jornadas longas mais frequentes no setor dos transportes, onde 42% dos trabalhadores essenciais exercem funções mais de 48 horas semanais.
Uma parte substancial dos trabalhadores essenciais de todo o mundo também tem horários irregulares ou jornadas reduzidas e apenas 17% têm proteção social.
Para garantir a continuidade dos serviços essenciais durante futuras pandemias ou outras crises, a OIT recomenda um maior investimento em infraestruturas, capacidade produtiva e recursos humanos nestes setores chave.
“A falta de investimento, especialmente nos sistemas de saúde e alimentação, contribui para um défice de trabalho decente que prejudica tanto a justiça social como a resiliência económica”, realça a organização.
Entre as medidas a tomar pelos diferentes países, a OIT defende que os sistemas de saúde e segurança no trabalho abranjam todos os setores e trabalhadores.
A organização defende ainda a melhoria das remunerações dos trabalhadores essenciais, para reduzir a diferença salarial face aos outros trabalhadores, nomeadamente através de salários mínimos negociados ou estatutários.
Devem ainda ser garantidas jornadas de trabalho seguras e previsíveis através de regulamentação, incluindo negociação coletiva, e adaptar os quadros jurídicos para que os trabalhadores estejam abrangidos por proteção social.
INTERNACIONAL
HACKERS RUSSOS ATACAM SITE DO PARLAMENTO FRANCÊS
A página de Internet da Assembleia Nacional Francesa está bloqueada desde esta manhã devido a um ataque reivindicado pelo grupo de piratas informáticos pró-Rússia NoName, em resposta ao apoio da França à Ucrânia.

A página de Internet da Assembleia Nacional Francesa está bloqueada desde esta manhã devido a um ataque reivindicado pelo grupo de piratas informáticos pró-Rússia NoName, em resposta ao apoio da França à Ucrânia.
A página do Parlamento francês revela agora a indicação de que está “em manutenção” devido a ter sido alvo de um ataque de “negação de serviço” (quando um número muito elevado de pedido de acessos a leva à saturação).
O ataque informático já foi reivindicado pelo grupo de hackers pró-russos NoName057(16), que numa mensagem na rede social Telegram justificou o ato pelo apoio que a França tem dado à resistência ucraniana perante a invasão russa.
“Decidimos repetir a nossa recente viagem à França, onde os protestos contra Macron, que decidiu não se importar com os franceses e continua a servir os neonazis na Ucrânia, não estão a acalmar”, escreveu o grupo no canal Telegram.
Este grupo de piratas informáticos também reivindica um ataque contra a página online do Senado, por enquanto sem efeito visível.
O grupo NoName é um dos cerca de 80 movimentos de hackers pró-Rússia que visam instituições em países que apoiam a Ucrânia, incluindo países da Europa Ocidental, explicou Nicolas Quintin, analista-chefe da equipa de análise de ameaças da organização Thales, que reúne cerca de 50 especialistas em todo o mundo.
A França, um dos seus alvos regulares, sofreu vários desses ataques recentemente: na semana passada, os piratas informáticos bloquearam a página de Internet Aeroportos de Paris e a página da Direção Geral de Segurança Interna.
O NoName, estabelecido em março de 2022, que comunica em russo e inglês, realiza ataques de “negação de serviço”, um modelo básico de ataques cibernéticos.
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