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CRISE: TRABALHADORES DA HOTELARIA TEMEM PELO FUTURO – ALGARVE

Trabalhadores que perderam os empregos ou que estão em layoff na indústria hoteleira no Algarve temem permanecer sem trabalho por um longo período, face à incerteza na reabertura das unidades hoteleiras na região.

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Trabalhadores que perderam os empregos ou que estão em layoff na indústria hoteleira no Algarve temem permanecer sem trabalho por um longo período, face à incerteza na reabertura das unidades hoteleiras na região.

Com a previsão da suspensão da atividade de mais de 70% dos hotéis e empreendimentos turísticos durante a época baixa devido à pandemia, apontada pela maior associação do setor no Algarve, alguns trabalhadores manifestaram à agência Lusa a incerteza quanto ao futuro com o agravamento da situação económica.

O início da pandemia de Covid-19, em março, coincidiu com o arranque das contratações para a época turística e milhares de pessoas nem sequer chegaram a ser contratadas, enquanto outras foram dispensadas ainda durante o período experimental.

“O desespero é imenso e começa a acentuar-se com a incerteza de um emprego e de um rendimento mínimo estável”, disse à reportagem da Lusa Sandra Silva, junto à porta do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) de Portimão.

Com dois filhos menores, Sandra Silva, de 34 anos, diz ter “sido atirada para o desemprego”, ao terminar o contrato de três meses — agosto, setembro e outubro — numa unidade hoteleira do barlavento (oeste) algarvio.

Há sete anos que sou uma trabalhadora sazonal, com contratos que variam entre os seis e os oito meses. Este ano, apenas consegui um contrato de três meses. Não sei como será o futuro, nem o meu, nem o dos meus filhos”, lamentou.

Ao contrário do que se verificava em anos anteriores, este ano tem sido reduzido o movimento junto ao IEFP de Portimão no final da chamada época turística alta, com muitas pessoas a procurarem, não a atribuição de subsídio de desemprego, mas sim, um trabalho que lhes garanta o sustento financeiro.

É o caso Fernando Carlos, de 46 anos, em layoff ao fim de 15 anos a trabalhar num restaurante de uma unidade hoteleira e que recorreu ao IEFP “na expectativa de encontrar um outro trabalho que permita compensar a perda de rendimento mensal”.

Tenho família para sustentar e o dinheiro que recebo é insuficiente para pagar todas as despesas”, apontou.

A poucos metros de distância, Dora, uma ucraniana de 31 anos, aguardava para ser atendida, depois de perder o emprego que tinha numa pastelaria de Portimão, após o proprietário ter encerrado o estabelecimento alegando “não haver clientes”.

Há dois anos que ali trabalhava com outras quatro pessoas, mas no início de novembro o patrão, infelizmente, decidiu encerrar e ‘mandar’ todos para o desemprego, porque tinha poucos clientes”, lamentou a jovem mãe de um filho de cinco anos.

Sem perspetiva da reabertura e de um normal funcionamento de grande parte das unidades hoteleiras no Algarve — a maioria das quais localizadas em Portimão e Albufeira —, a recuperação de empregos no setor turístico “é de imprevisibilidade”.

Contactados pela Lusa, dois dos maiores grupos hoteleiros a operarem na região, detentores de vários hotéis, afirmaram que “os serviços foram reduzidos ao mínimo, face à quebra verificada no setor”.

De acordo com Pedro Lopes, do Grupo Pestana, dos oito hotéis, três pousadas e cinco campos de golfe do grupo no Algarve, apenas “se manterá em funcionamento um hotel e as pousadas, sem que exista uma data para a reabertura das outras unidades”.

Aquelas unidades vão manter-se a funcionar, mas a situação é variável. Hoje estão, mas amanhã podem não estar”, avançou.

Segundo o responsável, o Grupo Pestana, com cerca de 500 funcionários em permanência, “este ano não fez contratações para o verão, utilizando a mobilidade de colaboradores no seio do grupo, ao contrário de outros anos em que eram feitas cerca de 300 contratações no pico da época alta”.

“Este ano recorremos a colegas nossos de outras zonas do país. Portanto, como não contratámos também não mandámos ninguém para o desemprego. Pode um ou outro contrato que acabava agora não ser renovado, mas acontece ao longo de todo o ano”, apontou.

Por seu lado, Jorge Beldade, diretor regional de operações do Grupo Tivoli, adiantou à Lusa que dos seis hotéis que a cadeia hoteleira tem no Algarve, apenas metade se vai manter em funcionamento.

“Vamos manter três hotéis em funcionamento, mas tudo vai depender das restrições devido à pandemia. É provável que mais alguns hotéis fechem ou que outros possam reabrir no inverno”, sublinhou.

Já quanto aos funcionários, Jorge Beldade adiantou que “não haverá despedimentos”, embora se preveja que alguns se mantenham em layoff. Num verão normal, o Tivoli Hotels & Resorts tem na região cerca de 1.000 pessoas a trabalhar.

Face à diminuição de empregos e ao aumento do número de desempregados, têm aumentado os pedidos de ajuda social às autarquias para fazer face às despesas com rendas de habitação e alimentação.

De acordo com dados disponibilizados pela Câmara de Portimão, em setembro e outubro foram atribuídos 21 novos subsídios de apoio ao arrendamento, num total de 213 processos ativos no concelho, 18 tarifas sociais de água (555 processos ativos) e 20 subsídios de apoio à aquisição de medicação (102 processos ativos).

Segundo aquele município do distrito de Faro, as ajudas sociais estendem-se também ao nível da entrega de refeições confecionadas e cabazes de produtos não perecíveis e frescos, tendo sido distribuídos em média, até outubro, 745 unidades a agregados familiares, através de várias instituições.

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SETE EM CADA DEZ EMPRESAS DISCORDAM DA SEMANA DE QUATRO DIAS

Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.

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Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.

Elaborado pela Associação Industrial Portuguesa — Câmara de Comércio e Indústria (AIP-CCI) e referente ao quarto trimestre de 2024, o “Inquérito de Contexto Empresarial sobre o Mercado Laboral” indica ainda que 70% das empresas defendem que matérias laborais como carreiras, benefícios, remunerações complementares ou limites de horas extraordinárias deveriam ser concertadas no interior das empresas e não em sede de Contrato Coletivo de Trabalho (CCT).

Relativamente ao banco de horas individual, 71% das empresas inquiridas dá parecer favorável e, destas, 74% entende que deveria ser fixado por acordo dentro da empresa, em vez de nas convenções coletivas de trabalho.

Segundo nota a AIP, entre as empresas que mais defendem esta concertação interna estão as pequenas e médias empresas.

Já em termos de modelo de trabalho, 81% das 523 empresas participantes dizem praticar trabalho presencial, 17% um modelo híbrido e 2% teletrabalho. Entre as que adotaram um modelo híbrido ou remoto, 73% afirmam que tal contribuiu para uma melhoria da produtividade e 84% consideram manter este modelo.

Quando questionadas sobre o Salário Mínimo Nacional (SMN), 83% das empresas concordam com a sua existência, ainda que 65% entendam que não deve ser encarado como um instrumento de redistribuição de riqueza.

Entre as que consideram que o SMN deve ser um instrumento com este fim, 45% diz que deveria ser a sociedade a suportá-lo, através de impostos negativos nos rendimentos mais baixos, enquanto as restantes 55% defendem que deveria ser suportado pelos custos de exploração das empresas.

Relativamente ao valor de 1.020 euros mensais projetados para o SMN até ao final da atual legislatura, mais de metade (56%) das empresas inquiridas apontam que é suportável pela conta de exploração das empresas, embora 95% desconheça algum estudo que aponte o seu setor de atividade como tendo capacidade para o financiar.

Para 65% das empresas, a fixação anual do salário mínimo deveria estar dependente da evolução da produtividade.

Quando questionadas sobre a autodeclaração de doença, 55% das empresas manifestou-se contra, apesar de 89% assinalar que nunca registou um caso destes ou que estes são muito pouco frequentes.

No que respeita ao designado “direito a desligar”, metade das empresas defende-o e outras tantas discordam, sendo que entre as que apresentam maior taxa de rejeição à implementação desta medida estão, sobretudo, as médias e microempresas.

Já quanto a sua comunicação à ACT, 86% das empresas discordam deste procedimento.

O inquérito da AIP-CCI foi realizado entre 12 de outubro e 11 de novembro de 2024 junto de 523 sociedades comerciais de todo o país (24% do Norte, 32% do Centro, 26% da Área Metropolitana de Lisboa, 12% do Alentejo, 3% do Algarve e 3% das ilhas).

A indústria representou 47% da amostra, seguida pelos serviços (26%), comércio (14%), construção (7%), agricultura (3%), alojamento e restauração (2%) e transportes e armazenagem (1%), sendo que 3% eram grandes empresas, 8% médias, 45% pequenas e 44% microempresas.

Da totalidade da amostra, 49,01% são empresas exportadoras.

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ERC: APENAS 4% DOS MEDIA PORTUGUESES FATURAM ACIMA DE 10 MILHÕES

As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.

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As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.

Esta é uma das conclusões do estudo de análise económica e financeira sobre os media em Portugal da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) relativo ao exercício de 2023, que tem por base dados reportados pelos regulados, no âmbito da Lei da Transparência da Titularidade dos Meios de Comunicação Social (Lei nº 78/2015, de 29 de julho).

“A análise conduzida pela ERC apurou que os ativos totais das empresas de comunicação social ascenderam a 1.123.063 euros e os rendimentos totais da atividade a 1.166.911 euros”, lê-se no comunicado do regulador.

Constatou-se “que as empresas com rendimentos superiores a 10 milhões de euros apenas representaram 4% da totalidade de entidades, mas 86% dos ativos, 84% dos capitais próprios do setor e 89% dos rendimentos”, prossegue a ERC.

O regulador refere que sobressai “o facto de não se ter assistido, em 2023, a uma melhoria dos rendimentos das empresas de comunicação social em Portugal, mantendo-se em 53% a percentagem de empresas que registam crescimento dos rendimentos”.

No período em análise, “o número de empresas com resultados líquidos positivos, resultados operacionais ou EBITDA positivos, e capitais próprios positivos situou-se em proporções inferiores a 2022”.

O estudo caracteriza o setor dos media português de “granular, composto por muitas pequenas empresas, em especial nos segmentos mais tradicionais, como as publicações periódicas e as rádios hertzianas”.

Aliás, “são as pequenas empresas que enfrentam maiores dificuldades face à alteração paradigmática da forma como os conteúdos são consumidos e dos interesses e composição dos consumidores, limitando ou inibindo a capacidade de crescimento”.

A publicidade continuou a ser a principal fonte de receitas do setor em 2023, “mas a sua evolução apresentou um comportamento misto entre as principais instituições”.

De acordo com a análise, “verificou-se um aumento das receitas de publicidade do segmento de televisão, mas mais centrado nos canais de televisão por subscrição (STVS) em detrimento do ‘free-to-air’ [canais gratuitos]”.

O consumo de notícias “é cada vez mais fragmentado entre diferentes plataformas comunicacionais e que a utilização do vídeo como fonte noticiosa tem vindo a crescer, especialmente entre os mais jovens”, refere a análise, que adianta que como “principal fonte de conteúdos de vídeo noticiosos surgem as plataformas de partilha de vídeo em detrimento dos ‘sites’ dos editores, o que aumenta os desafios de monetização de produção de conteúdos e conexão destes últimos”.

O estudo completo da ‘Análise Económica e Financeira ao Setor de Media em Portugal no ano 2023’ pode ser consultado na página da ERC.

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