INTERNACIONAL
COREIA DO NORTE SUSPEITA DE CIBERATAQUE
Serviços de informação dos Estados Unidos e especialistas do sector privado suspeitam que o vírus WannaCry, que desde sexta-feira afectou mais de 300 mil sistemas informáticos em 150 países possa ter tido origem na Coreia do Norte. A notícia é avançada pelo New York Times.
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Serviços de informação dos Estados Unidos e especialistas do sector privado suspeitam que o vírus WannaCry, que desde sexta-feira afectou mais de 300 mil sistemas informáticos em 150 países possa ter tido origem na Coreia do Norte. A notícia é avançada pelo New York Times.
A suspeita baseia-se no facto de alguns dos códigos utilizados pelo vírus coincidirem com os utilizados em anteriores ataques informáticos norte-coreanos, como o que afectou a Sony em 2014, em retaliação pelo filme The Interview, uma sátira do líder norte-coreano, Kim Jong-un.
Além deste, a Symantec, da área da segurança informática, identificou, numa versão do WannaCry, o código dos ataques ao banco central do Bangladesh, perpetrado em 2016, e a bancos polacos, no início do ano. De acordo com o New York Times, funcionários dos serviços de informações norte-americanos têm os mesmos indícios que a Symantec. Além destes, houve investigadores da Google e da empresa russa de segurança Kaspersky a confirmar as semelhanças do código.
Este indício não pode, ainda assim, ser considerado prova irrefutável do envolvimento de Pyongyang, já que o método pode ter sido replicado por piratas de outros países. Todas as entidades que notaram as semelhanças indicaram, aliás, que as pistas não são definitivas.
Estamos livres de perigo?
Ainda não. A China informou que já existe uma mutação do vírus que restringe ainda mais o acesso aos equipamentos infectados. Rodrigo Adão da Fonseca, da empresa portuguesa de segurança VisionWare, corrobora a ideia de que “novas mutações, mais evoluídas, possam surgir nas próximas horas”. Em declarações ao Dinheiro Vivo, o especialista lembra que “os ataques com ransonware não são previsíveis ou antecipáveis” e que “não é expectável que o WannaCry tenha sido erradicado de uma forma liminar nestes últimos dias”.
Portanto, novas evoluções da ameaça informática podem vir a “causar estragos nos próximos dias”. A Europol referiu que a situação atual está estabilizada, mas Rodrigo Adão da Fonseca alerta para o facto de os riscos não se limitarem à fórmula WannaCry: o ransomware é uma ameaça “que irá persistir no futuro imediato” e que “não deve ser vista como um evento ocasional ou excecional”.
O ciberataque atingiu hospitais no Reino Unido, grandes empresas em França e Espanha, a rede ferroviária na Alemanha, organismos públicos na Rússia e universidades na China, entre outros serviços e instituições, lembra a Lusa. Em Portugal, a EDP chegou a cortar os acessos à rede, como medida preventiva. A PT alertou os clientes e pediu cautela aos utilizadores na navegação e na abertura de anexos que cheguem via email.
Apesar de o WannaCry ter afetado sobretudo empresas e entidades públicas, importa lembrar que as vítimas de ransomware “tanto podem ser utilizadores corporativos como particulares”. Rodrigo Adão da Fonseca refere que “ninguém está a salvo”, pelo que é fundamental “que sejam tomadas medidas para mitigar ou diminuir o risco e o impacto destes ataques”.
Não abrir emails de origem desconhecida, ter particular atenção com links ou ficheiros anexos, manter o antivírus atualizado e não usar softwares ilegítimos ou ultrapassados são alguns dos principais conselhos do especialista, que sublinha também a necessidade de “fazer cópias de segurança regulares dos dados, para que possa, se for atacado, recusar o pagamento dos resgates, sem perder a informação”.
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