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ECONOMIA & FINANÇAS

NO PORTO DEBATE-SE O IMPACTO ECONÓMICO DA FRAUDE E CORRUPÇÃO

4ª Conferência Internacional, Percepção Interdisciplinar da Fraude e Corrupção aborda: “O impacto económico e social da fraude e corrupção”, e vai realizar-se amanhã, 25 de Novembro, entre as 9h00 e as 18h30, no espaço Atmosfera M (Rua Júlio Dinis, Porto).

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O Observatório de Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF) reúne, amanhã, 25 de Novembro, um painel de investigadores internacionais para discutir fraude e corrupção. Trata-se da 4ª Conferência Internacional de Percepção Interdisciplinar da Fraude e Corrupção, este ano subordinada ao tema “O Impacto económico e social da fraude e corrupção”, e que se realizará entre as 9h00 e as 18h30, no espaço Atmosfera M (Rua Júlio Dinis, Porto).

Manuel Nogueira, investigador associado do OBEGEF é um dos oradores, e a propósito do “Black Friday” que se assinala massivamente por todo o país destaca o seguinte:

O problema é que os portugueses têm uma imaginação muito fértil para desvirtuar a génese do conceito e procurar encontrar formas de obter vantagens, muitas vezes indevidas com as situações. Os consumidores, na posse de informações incompletas e numa tentativa de comprar os produtos que por vezes tanto anseiam ou necessitam e com descontos significativos (que chegam a ultrapassar os 50%), já aderiram em massa a este dia e aí concentram muitas das suas compras anuais, chegando a fazer autênticas “romarias” nas grandes superfícies comerciais. Até aqui tudo perfeitamente normal e legítimo, caso não existisse uma forte suspeita de que muitas vezes não é isso que acontece na realidade. Existe por parte de um número crescente de consumidores a consciência de que o Black Friday em muitos casos não passa de um claro embuste (artigo na íntegra no final do comunicado*).’

A Rádio Regional falou com Manuel Nogueira, que antecipa o que espera da 4ª Conferência Internacional de Percepção Interdisciplinar da Fraude e Corrupção, este ano subordinada ao tema “O Impacto económico e social da fraude e corrupção”, pode ouvir aqui:

Esta 4ª edição da conferência internacional do OBEGEF reúne um conjunto vasto de investigadores, consultores e autoridades de política pública de uma dezena de países (incluindo, Canadá, Estados Unidos da América, Finlândia, França, Noruega, Reino Unido e Rússia) que se debruçarão sobre várias dimensões da fraude e da corrupção, nomeadamente a economia não registada, o impacto da corrupção no crescimento económico, a corrupção e fraude no ensino superior, a detecção de fraude, a fuga aos impostos, e os aspetos sociais, políticos e culturais associados à fraude e corrupção. Especial destaque para Alvaro Cuervo-Cazurra, Professor de Estratégia e Negócios Internacionais, Northeastern University (Boston, EUA) que é um dos oradores convidados.

Comité científico:

A comissão científica da conferência é constituída por António Maia (Conselho de Prevenção da Corrupção e OBEGEF), Carlos Pimenta (Presidente; U. Porto e OBEGEF), José António Moreira (U. Porto e OBEGEF), Mariana Costa (U. Porto e OBEGEF), Orlando Mascarenhas (OBEGEF), Óscar Afonso (U. Porto e OBEGEF), Pedro Neves (UBI e OBEGEF), Tiago Sequeira (UBI e OBEGEF).

A comissão organizadora é formada por Aurora Teixeira (Presidente; U. Porto e OBEGEF), Manuel Nogueira (U. Coimbra e OBEGEF), Maria do Céu Ribeiro (OBEGEF), Mariana Costa (U. Porto e OBEGEF) e Paulo Vasconcelos (U. Porto e OBEGEF).

Ana Teresa Tavares-Lehmann e Alvaro Cuervo-Cazurra são os oradores convidados:

Os dois oradores convidados são Ana Teresa Tavares-Lehmann, atual Secretária de Estado da Indústria, e Alvaro Cuervo-Cazurra, Professor de Estratégia e Negócios Internacionais, Northeastern University (Boston, EUA). Ana Lehmann proferirá o discurso de abertura e Cuervo-Cazurra detalhará a corrupção nos negócios internacionais. Em concreto, explicará por que é que não obstante ser quase consensual que a corrupção é má para os países – países mais corrutos têm níveis mais baixos de crescimento, menor investimento, menor eficácia das políticas públicas, menor investimento em educação e saúde e menor investimento direto estrangeiro – ao nível das empresas, o impacto da fraude e da corrupção não é tão claro.

A 4ª conferência do OBEGEF constitui, por um lado, uma oportunidade para todos aqueles que têm interesse em conhecer (para melhor agir) os fenómenos em debate, trocar ideias e estabelecer contatos; por outro, um contributo para aumentar a conscientização da sociedade civil, fomentar a investigação científica (ligando em rede estudantes de mestrado, de doutoramento e investigadores) e desenvolver a capacidade de prevenção a atuação das autoridades públicas, gestores, reguladores e outros profissionais nestes domínios.

Tema Quente: O Black Friday existe ou é antes um Black Fraude?

Com origem nos Estados Unidos da América o Black Friday ocorre na sexta-feira seguinte ao dia de Ação de Graças e é aproveitado pelo comércio para aumentar consideravelmente a sua facturação através da concessão de descontos, que muitas vezes são significativos. Ainda naquele país o Black Friday, coincide com a abertura oficial da época de vendas de Natal.

Como uma autentica cópia do que acontece nos Estados Unidos, recentemente outros países estão a importar o conceito. Portugal é um desses países.

No nosso país o Black Friday obteve a adesão massiva de muitos comerciantes. O problema é que os portugueses têm uma imaginação muito fértil para desvirtuar a génese do conceito e procurar encontrar formas de obter vantagens, muitas vezes indevidas com as situações.

Os consumidores, na posse de informações incompletas e numa tentativa de comprar os produtos que por vezes tanto anseiam ou necessitam e com descontos significativos (que chegam a ultrapassar os 50%), já aderiram em massa a este dia e aí concentram muitas das suas compras anuais, chegando a fazer autênticas “romarias” nas grandes superfícies comerciais.

Até aqui tudo perfeitamente normal e legítimo, caso não existisse uma forte suspeita de que muitas vezes não é isso que acontece na realidade. Existe por parte de um número crescente de consumidores a consciência de que o Black Friday em muitos casos não passa de um claro embuste.

Essa parcela significativa da população está convencida que nos dias e semanas anteriores ao Black Friday, os preços são artificialmente inflacionados com o objectivo de apresentar aos potenciais compradores descontos elevados e atractivos, conseguindo com isso atrair um elevado número de consumidores, numa clara tentativa de procurar influenciar o processo de decisão de compra. Para estes consumidores, algumas empresas aproveitam-se da onda instalada e acabam por tirar partido dessa situação sendo estes vitimas de fraude, não se apercebendo sequer que foram enganados.

Perante os descontos apresentados, o consumidor é tentado a comprar os produtos, ficando ainda com a sensação de que efectuou uma excelente compra, numa oportunidade única e irrepetível e a um preço nunca visto. Mas será realmente assim? Não existirá aqui uma potencial situação de fraude contra o consumidor? Pelo menos a suspeita está instalada.

Felizmente que a Deco lançou recentemente um site onde existe a possibilidade de testar o preço que é apresentado ao consumidor, pela comparação com os preços desse produto em diversos sites nos 30 dias anteriores, sendo depois apresentadas as conclusões sobre as reais vantagens ou não do preço que pretendemos testar. Apesar de não se conseguir testar todos os produtos, sem dúvida que já é um avanço na tentativa de esclarecer os consumidores e alertar estes para potenciais fraudes que possam estar a ser vítimas por parte de empresas menos honestas.

Mas na verdade, muitos consumidores ainda não tomaram conhecimento desta ferramenta que lhes é oferecida e tendem a embarcar numa potencial ilusão de descontos que muitas vezes são só aparentes. Existem relatos de consumidores que acabam por comprar um produto com desconto, produto esse que anteriormente era mais barato.

Claro que felizmente para os consumidores, existem situações reais de Black Friday, em que os descontos apresentados e oferecidos por parte das empresas são reais e verdadeiros e perante estas situações o consumidor não é defraudado. Mas como tudo na vida por uns pagam os outros e a dúvida já está instalada.

Para que não existam dúvidas sobre os reais descontos e promoções, está na hora de serem criados mecanismos e ferramentas que permitam de uma vez por todas esclarecer esta situação, bem como existir uma fiscalização mais apertada.

Empresas honestas não podem ser vítimas das fraudulentas e devem procurar defender o seu bom nome, para que por exemplo na época de saldos e promoções que se aproxima, ou no Black Friday do próximo ano, estas dúvidas estejam esclarecidas. Para bem do consumidor e das empresas honestas, vale a pena pensarmos nisto.

Informação Complementar: A organização disponibiliza um link com todas as informações de participação e/ou acompanhamento desta 4ª Conferência Internacional de Percepção Interdisciplinar da Fraude e Corrupção. Veja mais em PROGRAMA e INSRIÇÕES.

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SETE EM CADA DEZ EMPRESAS DISCORDAM DA SEMANA DE QUATRO DIAS

Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.

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Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.

Elaborado pela Associação Industrial Portuguesa — Câmara de Comércio e Indústria (AIP-CCI) e referente ao quarto trimestre de 2024, o “Inquérito de Contexto Empresarial sobre o Mercado Laboral” indica ainda que 70% das empresas defendem que matérias laborais como carreiras, benefícios, remunerações complementares ou limites de horas extraordinárias deveriam ser concertadas no interior das empresas e não em sede de Contrato Coletivo de Trabalho (CCT).

Relativamente ao banco de horas individual, 71% das empresas inquiridas dá parecer favorável e, destas, 74% entende que deveria ser fixado por acordo dentro da empresa, em vez de nas convenções coletivas de trabalho.

Segundo nota a AIP, entre as empresas que mais defendem esta concertação interna estão as pequenas e médias empresas.

Já em termos de modelo de trabalho, 81% das 523 empresas participantes dizem praticar trabalho presencial, 17% um modelo híbrido e 2% teletrabalho. Entre as que adotaram um modelo híbrido ou remoto, 73% afirmam que tal contribuiu para uma melhoria da produtividade e 84% consideram manter este modelo.

Quando questionadas sobre o Salário Mínimo Nacional (SMN), 83% das empresas concordam com a sua existência, ainda que 65% entendam que não deve ser encarado como um instrumento de redistribuição de riqueza.

Entre as que consideram que o SMN deve ser um instrumento com este fim, 45% diz que deveria ser a sociedade a suportá-lo, através de impostos negativos nos rendimentos mais baixos, enquanto as restantes 55% defendem que deveria ser suportado pelos custos de exploração das empresas.

Relativamente ao valor de 1.020 euros mensais projetados para o SMN até ao final da atual legislatura, mais de metade (56%) das empresas inquiridas apontam que é suportável pela conta de exploração das empresas, embora 95% desconheça algum estudo que aponte o seu setor de atividade como tendo capacidade para o financiar.

Para 65% das empresas, a fixação anual do salário mínimo deveria estar dependente da evolução da produtividade.

Quando questionadas sobre a autodeclaração de doença, 55% das empresas manifestou-se contra, apesar de 89% assinalar que nunca registou um caso destes ou que estes são muito pouco frequentes.

No que respeita ao designado “direito a desligar”, metade das empresas defende-o e outras tantas discordam, sendo que entre as que apresentam maior taxa de rejeição à implementação desta medida estão, sobretudo, as médias e microempresas.

Já quanto a sua comunicação à ACT, 86% das empresas discordam deste procedimento.

O inquérito da AIP-CCI foi realizado entre 12 de outubro e 11 de novembro de 2024 junto de 523 sociedades comerciais de todo o país (24% do Norte, 32% do Centro, 26% da Área Metropolitana de Lisboa, 12% do Alentejo, 3% do Algarve e 3% das ilhas).

A indústria representou 47% da amostra, seguida pelos serviços (26%), comércio (14%), construção (7%), agricultura (3%), alojamento e restauração (2%) e transportes e armazenagem (1%), sendo que 3% eram grandes empresas, 8% médias, 45% pequenas e 44% microempresas.

Da totalidade da amostra, 49,01% são empresas exportadoras.

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ERC: APENAS 4% DOS MEDIA PORTUGUESES FATURAM ACIMA DE 10 MILHÕES

As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.

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As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.

Esta é uma das conclusões do estudo de análise económica e financeira sobre os media em Portugal da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) relativo ao exercício de 2023, que tem por base dados reportados pelos regulados, no âmbito da Lei da Transparência da Titularidade dos Meios de Comunicação Social (Lei nº 78/2015, de 29 de julho).

“A análise conduzida pela ERC apurou que os ativos totais das empresas de comunicação social ascenderam a 1.123.063 euros e os rendimentos totais da atividade a 1.166.911 euros”, lê-se no comunicado do regulador.

Constatou-se “que as empresas com rendimentos superiores a 10 milhões de euros apenas representaram 4% da totalidade de entidades, mas 86% dos ativos, 84% dos capitais próprios do setor e 89% dos rendimentos”, prossegue a ERC.

O regulador refere que sobressai “o facto de não se ter assistido, em 2023, a uma melhoria dos rendimentos das empresas de comunicação social em Portugal, mantendo-se em 53% a percentagem de empresas que registam crescimento dos rendimentos”.

No período em análise, “o número de empresas com resultados líquidos positivos, resultados operacionais ou EBITDA positivos, e capitais próprios positivos situou-se em proporções inferiores a 2022”.

O estudo caracteriza o setor dos media português de “granular, composto por muitas pequenas empresas, em especial nos segmentos mais tradicionais, como as publicações periódicas e as rádios hertzianas”.

Aliás, “são as pequenas empresas que enfrentam maiores dificuldades face à alteração paradigmática da forma como os conteúdos são consumidos e dos interesses e composição dos consumidores, limitando ou inibindo a capacidade de crescimento”.

A publicidade continuou a ser a principal fonte de receitas do setor em 2023, “mas a sua evolução apresentou um comportamento misto entre as principais instituições”.

De acordo com a análise, “verificou-se um aumento das receitas de publicidade do segmento de televisão, mas mais centrado nos canais de televisão por subscrição (STVS) em detrimento do ‘free-to-air’ [canais gratuitos]”.

O consumo de notícias “é cada vez mais fragmentado entre diferentes plataformas comunicacionais e que a utilização do vídeo como fonte noticiosa tem vindo a crescer, especialmente entre os mais jovens”, refere a análise, que adianta que como “principal fonte de conteúdos de vídeo noticiosos surgem as plataformas de partilha de vídeo em detrimento dos ‘sites’ dos editores, o que aumenta os desafios de monetização de produção de conteúdos e conexão destes últimos”.

O estudo completo da ‘Análise Económica e Financeira ao Setor de Media em Portugal no ano 2023’ pode ser consultado na página da ERC.

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