CIÊNCIA & TECNOLOGIA
DESCOBERTA A MOLÉCULA DO “REJUVENESCIMENTO”
Descoberta molécula capaz de reverter o envelhecimento das células. Nova técnica abre caminho para terapias regenerativas com idosos.
A tão procurada fonte da juventude pode estar numa simples molécula de ácido ribonucleico (RNA), ao menos em nível celular. Pesquisadores do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes, ligado à Universidade de Lisboa, em Portugal, demonstraram que a redução da concentração dessa molécula em células de camundongos velhos as tornaram mais plásticas, capazes até mesmo de serem reprogramadas para células-tronco pluripotentes.
“O nosso objectivo era perceber a diferença entre células muito velhas e muito jovens, e descobrimos que uma molécula específica, a Zeb2-NAT, estava muito mais expressa nas células velhas que nas jovens. A nossa ideia foi diminuir a expressão dessa proteína para ver se a célula rejuvenescia”, explicou Bruno de Jesus, coautor do estudo publicado na revista “Nature Communications” “E foi isso o que aconteceu” enfastiou.
Todas as células do organismo passam por um processo progressivo de envelhecimento, que contribui para o aparecimento de denças como o câncer. Uma das estratégias estudadas para o combate a essas doenças é a regeneração celular. No entanto, células envelhecidas, que são as que mais sofrem pelo avanço da idade, são resistentes a esses procedimentos.
A técnica de reprogramação de células adultas em células-tronco pluripotentes induzidas foi desenvolvida em 2006 pelo japonês Shinya Yamanaka, laureado com o Prémio Nobel em 2012. O investigador da Universidade de Kyoto descobriu que a introdução de quatro genes numa célula adulta de camundongo era capaz de transformá-la numa célula-tronco, capaz de se especializar em qualquer outra célula do organismo.
Entretanto, o procedimento não funcionava com células de animais envelhecidos. Até agora. Os investigadores portugueses reduziram os níveis do Zab2-NAT em células de camundongos envelhecidos geneticamente modificados para a reprogramação celular e conseguiram transformá-las em células-tronco pluripotentes induzidas. Para testar os resultados, elas foram injetadas sob a pele de camundongos, onde induziram o surgimento de teratomas, tumor formado por diferentes tipos de células.
Isso não quer dizer que seja possível rejuvenescer uma pessoa ou organismo vivo, o procedimento foi realizado apenas em nível celular. Mas a descoberta já abre caminho para a busca por novas terapias para o tratamento de doenças relacionadas ao avanço da idade. As células-tronco pluripotentes induzidas podem ser usadas para substituir células envelhecidas.
O próximo passo da equipa de Bruno Jesus é testar o procedimento em células humanas. Caso o resultado seja positivo, a expectativa é que a técnica seja aproveitada por outros investigadores em estudos sobre a formação de órgãos e tecidos que possam ser usados em pacientes.
“Estes resultados são um importante avanço no sentido de virmos a ser capazes de regenerar tecidos doentes em pessoas idosas”, concluiu o investigador Bruno Jesus.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
MARTE TEVE PERÍODOS QUENTES E ÁGUA DURANTE 40 MILHÕES DE ANOS
Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.
Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.
O facto de atualmente Marte ser frio e seco mas ter tido rios e lagos há vários milhares de milhões de anos intriga os cientistas há décadas.
“Tem sido um verdadeiro mistério que houvesse água líquida em Marte, porque Marte está mais longe do Sol e, além disso, o Sol era mais fraco no início”, explicou, em comunicado, Danica Adams, investigadora de pós-doutoramento da NASA na Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson (SEAS) de Harvard e principal autora do novo artigo publicado na Nature Geoscience.
Anteriormente, existia a teoria de que o hidrogénio era o ingrediente mágico que, quando misturado com o dióxido de carbono da atmosfera marciana, desencadeava episódios de aquecimento global. Mas a vida útil do hidrogénio atmosférico é curta, pelo que foi necessária uma análise mais detalhada.
Agora, Adams, o professor Robin Wordsworth de Ciências Ambientais e Engenharia na SEAS, e a sua equipa realizaram modelação fotoquímica (semelhante aos métodos utilizados hoje em dia para rastrear poluentes atmosféricos) para preencher os detalhes da relação da atmosfera marciana primitiva com o hidrogénio e como este relacionamento mudou ao longo do tempo.
“Marte antiga é um mundo perdido, mas pode ser reconstruído em detalhe se fizermos as perguntas certas”, frisou Wordsworth.
“Este estudo sintetiza a química atmosférica e o clima pela primeira vez para fazer algumas previsões surpreendentes que podem ser testadas quando trouxermos rochas de Marte para a Terra”, acrescentou.
Adams modificou um modelo chamado CINETICA para simular como uma combinação de hidrogénio e outros gases que reagem com o solo e o ar controlavam o clima marciano primitivo.
Descobriu que durante os períodos Noachiano e Hesperian, entre há 4 e 3 mil milhões de anos, Marte passou por períodos quentes episódicos ao longo de cerca de 40 milhões de anos, com cada evento a durar 100.000 anos ou mais.
Estas estimativas são consistentes com as características geológicas de Marte atualmente. Os períodos quentes e húmidos eram causados pela hidratação da crosta, ou perda de água do solo, que fornecia hidrogénio suficiente para se acumular na atmosfera durante milhões de anos.
“Identificámos escalas de tempo para todas estas alternâncias. E descrevemos todas as peças no mesmo modelo fotoquímico”, sublinhou Adams.
O trabalho de modelação fornece novas perspetivas potenciais sobre as condições que sustentaram a química prebiótica (os fundamentos da vida posterior como a conhecemos) durante os períodos quentes, e os desafios para a persistência dessa vida durante os intervalos frios e oxidativos.
Adams e outros cientistas estão a começar a trabalhar para encontrar evidências destas alternâncias utilizando modelos químicos isotópicos e planeiam comparar estes resultados com rochas da próxima missão Mars Sample Return (MRS).
Como Marte não possui placas tectónicas, ao contrário da Terra, a superfície visível atualmente é semelhante à de antigamente, tornando a sua história dos lagos e rios muito mais intrigante, realçou ainda.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
ASTEROIDE BENNU REVELOU EXISTÊNCIA DE MOLÉCULAS DE ADN
Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.
Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.
De acordo com o trabalho publicado esta quarta-feira na revista científica Nature Astronomy, as amostras analisadas revelaram a presença das cinco bases nitrogenadas — adenina, guanina, citosina, timina e uracilo — necessárias para a construção de ADN e ARN.
Foram igualmente identificados pelos investigadores da Universidade Hokkaido, no Japão, os compostos xantina, hipoxantina e ácido nicotínico (vitamina B3).
Uma amostra de 121,6 gramas do asteroide Bennu chegou à Terra em 2023 à “boleia” da missão Osiris-Rex, da agência espacial norte-americana (NASA).
Tratou-se da maior amostra extraterrestre recolhida e enviada para a Terra.
Segundo uma das teses, os asteroides (corpos rochosos do Sistema Solar) contribuíram com água e componentes químicos essenciais para a vida na Terra há milhares de milhões de anos.
Embora os meteoritos na Terra provenham de asteroides, a interpretação dos seus dados “é desafiante” face à “exposição à humidade” da atmosfera e a “uma biosfera descontrolada”, refere a Universidade Hokkaido em comunicado, assinalando que “amostras imaculadas recolhidas de asteroides no espaço são os candidatos ideais”.
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