ARTE & CULTURA
CINEMATECA RECEBE 880 MIL EUROS PARA DIGITALIZAR CINEMA PORTUGUÊS
A Cinemateca Portuguesa vai poder contratar trabalhadores e comprar equipamento para digitalização de obras fílmicas, com um apoio financeiro europeu de 880 mil euros, disse a ministra da Cultura, Graça Fonseca, à agência Lusa.
A Cinemateca Portuguesa vai poder contratar trabalhadores e comprar equipamento para digitalização de obras fílmicas, com um apoio financeiro europeu de 880 mil euros, disse a ministra da Cultura, Graça Fonseca, à agência Lusa.
O apoio financeiro será atribuído no âmbito do Programa Cultura, financiado pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu – EEA Grants, e o protocolo é assinado na terça-feira na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa.
O financiamento, a utilizar durante quatro anos, servirá para pôr em prática o projeto “FILMar – Digitalização do Património Cinematográfico”, para digitalizar filmes portugueses dos arquivos da Cinemateca, em vários suportes e formatos analógicos, que estejam relacionados com a temática do mar.
“Vai permitir adquirir equipamentos para fazer a digitalização, contratar recursos humanos e fazer a divulgação deste património português, a nível nacional e no âmbito da parceria com o Film Institute de Oslo”, explicou Graça Fonseca.
Este apoio financeiro deverá reforçar a capacidade do atual laboratório fílmico da Cinemateca, localizado no Arquivo Nacional de Imagens em Movimento (ANIM), em Bucelas, e que está em risco, sobretudo por constrangimentos administrativos para a sua utilização, tal como tem alertado publicamente a direção do organismo.
Graça Fonseca referiu que, a par da atribuição destes 881.250 euros, no âmbito dos EEA Grants, “está em curso uma candidatura de financiamento comunitário para reforçar a componente da digitalização e da capacitação da Cinemateca”.
Há muito tempo que a atual direção da Cinemateca tem alertado para a ineficácia do atual modelo de instituto público, que tem implicações, por exemplo, na contratação de trabalhadores muito especializados, e já propôs à tutela um modelo de negócio para manter e rendibilizar o laboratório fílmico – o único na Península Ibérica.
Questionada pela Lusa sobre esta realidade, a ministra da Cultura disse que o plano económico-financeiro para o laboratório está a ser analisado e que qualquer mudança terá de ocorrer em coerência com uma mudança orgânica na Cinemateca.
“É um trabalho que requer ‘inputs’ de várias áreas governativas. É preciso uma certa coerência e ser pensado em conjunto; é o trabalho que tem de ser feito. Não pode ser feita uma coisa sem a outra”, disse, referindo apenas que “está para breve” uma decisão sobre o futuro da Cinemateca.
A longo prazo, o projeto “FILMar”, apoiado pelo mecanismo europeu EEA Grants, tem como objetivo “dar a conhecer a novas gerações cinema português que há muito não é visto”, sublinhou Graça Fonseca.
É, pelo menos, o que está implícito no programa europeu, de “estimular a utilização do património cinematográfico digitalizado pelas diferentes entidades a nível local — clubes de cinema, escolas, entidades artísticas, etc.”.
Em articulação com este trabalho de digitalização, Graça Fonseca espera ter pronta a regulamentação para pôr em prática a Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses, que reunirá equipamentos que tenham capacidades técnicas de exibição de filmes em suporte digital.
“São dois projetos que vão acabar por estar muito a par e par. Daqui a 48 meses estará em funcionamento, esperamos nós”, afirmou.
O Mecanismo Financeiro plurianual – EEA Grants -, através do qual a Islândia, o Liechtenstein e a Noruega apoiam financeiramente Estados-membros da União Europeia, para reduzir disparidades económicas e sociais, foi criado em 1994 e concretiza atualmente o quarto ciclo, que tem o mar como tema.
ARTE & CULTURA
PAUL MCCARTNEY PEDE AO GOVERNO PARA PROTEGER ARTISTAS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
O ex-Beatle Paul McCartney apelou hoje ao Governo britânico para reforçar a proteção dos artistas contra a inteligência artificial (IA), numa altura em que o executivo considera uma reforma da lei dos direitos de autor.
O ex-Beatle Paul McCartney apelou hoje ao Governo britânico para reforçar a proteção dos artistas contra a inteligência artificial (IA), numa altura em que o executivo considera uma reforma da lei dos direitos de autor.
Numa entrevista à BBC, o cantor e compositor britânico, de 82 anos, alertou que os músicos podem ser “despojados” das suas criações e voltou a criticar o projeto do Governo trabalhista que prevê alterações à legislação sobre direitos de autor.
Entre as propostas está “uma exceção aos direitos de autor” para treinar modelos de IA com fins comerciais, cujo projeto ofereceria aos criadores a possibilidade de “reservar os seus direitos”.
Paul McCartney, que manteve uma carreia praticamente a solo após a dissolução oficial dos Beatles, em 1970, sustenta que, com essa reforma, os artistas perderão o controlo sobre as suas obras.
“Os jovens podem escrever uma bela canção, mas podem acabar por não ser os proprietários dela”, disse.
Pior ainda, “qualquer pessoa poderá apropriar-se dessa canção”, denunciou.
“A verdade é que o dinheiro irá para algum lado. Alguém será pago. Não deverá ser o tipo que escreveu ‘Yesterday’?”, um dos temas mais conhecidos dos The Beatles, composto por Paul McCartney (creditada a Lennon/McCartney), gravada em 1965 para o álbum “Help!”, questionou.
“Se apresentarem um projeto de lei, assegurem-se de que protegem os pensadores e os artistas, caso contrário, não terão o seu apoio. Somos o povo, vocês são o Governo. É suposto que nos protejam. Esse é o vosso trabalho”, reforçou McCartney.
O Governo britânico anunciou que aproveitará o período de consulta pública, que decorre até 25 de fevereiro, para explorar os principais pontos do debate, incluindo a forma como os criadores poderão obter licenças e ser remunerados pela utilização das suas obras.
Questionada sobre estas propostas numa entrevista à BBC, a ministra das Finanças britânica, Rachel Reeves, garantiu que “quer apoiar os artistas” e fará “tudo para que os direitos de autor sejam respeitados”.
Em novembro de 2023, McCartney e Ringo Starr, os membros sobreviventes dos Beatles (George Harrison morreu em novembro de 2001), usaram a IA para extrair a voz de John Lennon, assassinado em 1980 em Nova Iorque, de uma canção inacabada com várias décadas, intitulada “Now and Then”.
“Eu acho que a IA é fantástica e pode fazer muitas coisas incríveis”, admitiu Paul McCartney.
“No entanto, a IA não deve despojar os criadores. Isso não faz sentido”, concluiu.
ARTE & CULTURA
PORTO: SERRALVES RECEBE 37 OBRAS CONTEMPORÂNEAS DA COLEÇÃO DUERCKHEIM
A Fundação de Serralves, no Porto, assinou um acordo para receber em depósito 37 obras de 19 artistas provenientes da Coleção Duerckheim, que prevê ainda a doação de uma peça de Anselm Kiefer à instituição portuguesa.
A Fundação de Serralves, no Porto, assinou um acordo para receber em depósito 37 obras de 19 artistas provenientes da Coleção Duerckheim, que prevê ainda a doação de uma peça de Anselm Kiefer à instituição portuguesa.
Em comunicado, a Fundação de Serralves anunciou que vai receber, neste âmbito, o depósito de peças de Darren Almond, Georg Baselitz, Isaak Brodsky, Roman Buxbaum, Jake e Dinos Chapman, Theaster Gates, Gilbert & George, Antony Gormley, Damien Hirst, Zhang Huan, Stefan Hunstein, Anselm Kiefer, Michael Landy, Mamedov, Haralampi Oroschakoff, Sam Taylor-Wood, Matthias Wähner, Cerith Wyn Evans e Remy Zaugg.
O acordo inclui a doação de “Dat rosa miel apibus”, de Anselm Kiefer.
“É com grande alegria que Serralves recebe em depósito esta extraordinária coleção reunida ao longo de décadas de dedicação à arte pelo Conde Duerckheim. Este é um momento de grande importância para Serralves, e o acordo representa o reconhecimento da capacidade da Fundação para atrair e acolher as maiores coleções internacionais de arte contemporânea”, disse a presidente do conselho de administração da fundação, Ana Pinho, citada no mesmo comunicado.
De acordo com Serralves, o acordo foi possível graças à influência de Nuno Luzio, que deu a ideia ao Conde Christian Duerckheim, algo saudado por ambas as partes.
“Tendo estado fora de Portugal durante mais de 20 anos, Nuno Luzio demonstra o poder da diáspora portuguesa e o bem maior que podem fazer pelo seu país”, afirmou Ana Pinho.
Nascido em 1944 na região alemã da Saxónia, o industrial Christian Duerckheim viveu em Londres na década de 1960 e tornou-se num dos “mais significativos colecionadores da Europa”, como escreveu o jornal britânico The Guardian, em 2013, aquando de uma doação de 34 desenhos de artistas alemães modernos e de mais 60 trabalhos ao British Museum.
Em 2011, Duerckheim vendeu cerca de 80 obras através da leiloeira Sotheby’s por um valor recorde de mais de 100 milhões de libras, segundo notícias publicadas então pela imprensa especializada.
Na altura, ao New York Times, Christian Duerckheim afirmou que sempre quis ver a arte do seu tempo, enquanto alguém interessado em história que ficou obcecado com a arte do seu próprio país depois de ver uma obra de Georg Baselitz em 1970.
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