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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

AÇORES: FOI CONSTITUÍDA A AGÊNCIA ESPACIAL PORTUGUESA

A cerimónia de assinatura da escritura de constituição da agência espacial portuguesa decorreu hoje em Ponta Delgada, com o ministro da Ciência a valorizar este ‘passo para o futuro’ na estratégia europeia para o espaço.

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A cerimónia de assinatura da escritura de constituição da agência espacial portuguesa decorreu hoje em Ponta Delgada, com o ministro da Ciência a valorizar este “passo para o futuro” na estratégia europeia para o espaço.

“É possível também em Portugal usar o espaço para criar emprego. A ambição que temos é multiplicar por dez vezes os negócios na área espacial em Portugal, certamente valorizando o conhecimento científico, a capacidade empreendedora, e o conhecimento que se gera e produz nos nossos centros de investigação, universidades e politécnicos”, vincou o ministro Manuel Heitor.

O governante, ladeado pelo presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, falava no Palácio de Santana, em Ponta Delgada, depois de assinada a escritura de constituição da agência Portugal Space, que terá sede na ilha açoriana de Santa Maria.

Para Manuel Heitor, este é um passo “também com significado na Europa”, que garante “maior ambição” a Portugal nesta área.

O chefe do executivo açoriano, Vasco Cordeiro, disse haver um “significado político” neste processo, com a “opção política do Governo da República” de constituir a agência espacial a merecer elogios do governante.

“Nesta nova área do conhecimento e da economia”, o espaço, a “geografia” dos Açores “fundamenta e legitima” a região como “presença de vanguarda” no setor, disse Vasco Cordeiro.

Por outro lado, há também um “significado prático” na agência espacial, sendo este momento o do “princípio”.

“Este não é um ponto de chegada, de conclusão. A partir daqui inicia-se muito trabalho, um processo de criação de novas áreas de desenvolvimento para a nossa região e o nosso país, alicerçadas no conhecimento e com um elevadíssimo potencial para a criação de emprego qualificado e riqueza”, sublinhou Vasco Cordeiro.

Os termos para a constituição da Portugal Space foram aprovados recentemente em Conselho de Ministros e estão estabelecidos numa resolução que autoriza a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), onde funciona o Gabinete do Espaço, a associar-se à Agência Nacional de Inovação, a uma entidade da área da Defesa Nacional e a uma outra responsabilidade da Região Autónoma dos Açores, com a colaboração da Agência Espacial Europeia (ESA).

O ministro da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, Manuel Heitor, havia já referido que a Portugal Space iria avançar ainda este mês com a aprovação dos seus estatutos e a indicação do seu diretor, que será estrangeiro.

A agência espacial portuguesa terá a sua sede em Santa Maria, onde será construída uma base de lançamento de microssatélites, mas também instalações em Lisboa e em outros locais do país.

O Estado, adiantou o governante, irá investir, através da FCT, entre 500 mil euros e um milhão de euros para garantir os “custos de operação e arranque” da agência, incluindo a contratação de dez técnicos especializados, e que o objetivo será “atrair financiamento europeu e das empresas” para suportar o funcionamento da Portugal Space.

Na ilha de Santa Maria será construído o já anunciado porto espacial para lançamento de microssatélites.

Espera-se que, de acordo com o calendário fixado, os primeiros lançamentos de pequenos satélites se iniciem na primavera ou no verão de 2021, depois de o contrato para a instalação e funcionamento da base ser assinado, em junho de 2019, com os consórcios ‘vencedores’.

A agência espacial portuguesa, que terá a incumbência de coordenar, em articulação com o Governo Regional dos Açores, o programa de lançamento de pequenos satélites, é um dos pilares da estratégia nacional para o setor do espaço – “Portugal Espaço 2030”.

LUSA

CIÊNCIA & TECNOLOGIA

O MANTO DA TERRA É MENOS MISTURADO DO QUE SE PENSAVA – ESTUDO

Um estudo sismológico indica que as duas enormes ‘ilhas’ existentes sob a superfície da Terra estão a uma temperatura mais elevada do que o material circundante, indicando que o manto da Terra é menos misturado do que se pensava.

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Um estudo sismológico indica que as duas enormes ‘ilhas’ existentes sob a superfície da Terra estão a uma temperatura mais elevada do que o material circundante, indicando que o manto da Terra é menos misturado do que se pensava.

Ambas as ‘ilhas’ foram descobertas no final do século passado. Os investigadores definem-nas como dois “supercontinentes” localizados entre o núcleo e o manto da Terra: um sob África e o outro sob o Oceano Pacífico, ambos a mais de 2000 quilómetros abaixo da superfície da Terra.

“Estas duas grandes ilhas estão rodeadas por uma espécie de ‘cemitério’ de placas tectónicas que foram transportadas para lá por um processo de subducção, em que uma placa submerge sob outra e se afunda da superfície da Terra até uma profundidade de quase 3.000 quilómetros”, realçou Arwen Deuss, sismóloga da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, e uma das autoras do estudo publicado na quarta-feira na revista Nature.

Até agora, os modelos sísmicos utilizavam apenas velocidades de onda para distinguir a composição e as características térmicas de diferentes partes da estrutura interna da Terra.

A investigação atual combinou as velocidades das ondas com uma técnica chamada “observações de atenuação” que permitiu o estudo do interior da Terra em três dimensões, algo “fundamental para compreender a evolução da composição” do manto, apontaram os autores.

A nova técnica permitiu-lhes “obter uma visão do interior do planeta, semelhante à que os médicos obtêm do corpo humano através dos raios X”.

Os resultados indicaram que, quando atingem estas ‘ilhas’ interiores do tamanho de continentes, as ondas abrandam porque a temperatura é mais elevada.

Ao estudar a composição dos minerais no manto, os investigadores descobriram também que o tamanho dos grânulos minerais nestas ‘ilhas’ gigantes é visivelmente maior do que nas placas tectónicas ‘mortas’ que as rodeiam.

“Estes grânulos minerais não crescem de um dia para o outro, o que só pode significar uma coisa: são muito maiores, mais rígidos e, por isso, mais antigos do que os cemitérios de camadas mortas circundantes. Isto indica que as ‘ilhas’ não participam no fluxo no manto terrestre”, explicou outra autora, Sujania Talavera-Soza, da mesma universidade.

“Ao contrário do que nos ensinam os livros de geografia, o manto também não pode ser bem misturado. Há menos fluxo no manto terrestre do que pensamos”, acrescentou Talavera-Soza.

O conhecimento do manto terrestre é essencial para compreender a evolução do planeta e de outros fenómenos à superfície da Terra, como os vulcões e a formação de montanhas.

Para este tipo de investigação, os sismólogos aproveitam as oscilações provocadas por fortes sismos que ocorrem a grandes profundidades, como o que ocorreu na Bolívia em 1994 — 650 quilómetros abaixo da superfície — sem causar danos ou vítimas, e a descrição matemática da força destas oscilações.

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UNIVERSIDADE DE COIMBRA LANÇA LIVRO PARA IDENTIFICAÇÃO DE ABELHAS DE PORTUGAL

A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou um livro técnico para identificação de géneros de abelhas de Portugal.

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A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou um livro técnico para identificação de géneros de abelhas de Portugal.

A obra “Chaves Dicotómicas dos Géneros de Abelhas de Portugal. Hymenoptera: Anthophila”, uma adaptação e tradução de “Key to the Genera of European Bees (Hymenoptera: Anthophila)”, é o primeiro a ser publicado sobre o tema para Portugal e em português, revelou a FCTUC, em nota enviada à agência Lusa.

Produzido no âmbito dos projetos PolinizAÇÃO e EPIC-Bee, em colaboração com a Imprensa da Universidade de Coimbra, o livro já está disponível para ‘download’ gratuito.

“Desenvolvido como uma ferramenta para a identificação de géneros de abelhas, o livro destina-se principalmente a um público académico e técnico, constituindo um marco significativo no campo da entomologia e um contributo valioso para a conservação dos insetos polinizadores”, referiu a FCTUC.

A produção do livro técnico contou com o envolvimento de investigadores do FLOWer Lab do Centro de Ecologia Funcional e do Departamento de Ciências da Vida da FCTUC, nomeadamente Hugo Gaspar, Sílvia Castro e João Loureiro.

“Este livro preenche uma lacuna de décadas na investigação sobre as abelhas selvagens em Portugal, uma vez que atualiza o conhecimento e aproxima-o da comunidade entomológica nacional através da adaptação e tradução para a língua portuguesa”, afirmou o entomólogo e aluno de doutoramento da FCTUC, Hugo Gaspar.

O trabalho “será extremamente útil não só para investigadores que trabalham no estudo e conservação de polinizadores, mas também para estudantes, naturalistas e para todos os que tiverem interesse em aprender sobre a identificação de abelhas”, acrescentou.

A obra contou também com a colaboração do investigador da Universidade do Porto, José Grosso-Silva, e da equipa de investigadores ligada ao Laboratório de Zoologia da Universidade de Mons (Bélgica), através dos projetos europeus Spring, Orbit e Epic-Bee.

A FCTUC declarou que este lançamento reforça o compromisso da Universidade de Coimbra em promover a ciência e desenvolver ferramentas de apoio à investigação científica e ao conhecimento sobre biodiversidade.

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