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CARETOS DE PODENCE FESTEJAM O PRIMEIRO CARNAVAL COMO PATRIMÓNIO MUNDIAL

O primeiro Carnaval de Podence, depois da classificação da UNESCO, começou com poucos Facanitos, como poucos são os habitantes da aldeia transmontana que resistiu a outros carnavais, e elevou a Património da Humanidade a ancestral tradição dos caretos.

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O primeiro Carnaval de Podence, depois da classificação da UNESCO, começou com poucos Facanitos, como poucos são os habitantes da aldeia transmontana que resistiu a outros carnavais, e elevou a Património da Humanidade a ancestral tradição dos caretos.

Com queixas de falta de apoio das entidades locais, a associação do Grupo de Caretos de Podence deu início ao Entrudo Chocalheiro de 2020 com a novidade do desfile dos pequenos Caretos, os mais novos, os Facanitos, que serão o garante da tradição, elevada a Património Imaterial da Humanidade, em dezembro de 2019.

O presidente da associação Grupo de Caretos de Podence, António Carneiro, é o rosto de décadas de trabalho que retirou do esquecimento o ritual dos rapazes disfarçados com fatos farfalhudos, coloridos e máscaras de lata, que percorrem a aldeia a fazerem tropelias e chocalhadas às raparigas solteiras.

A expectativa para este Carnaval de Podence “é muito mais alta, [e com] mais responsabilidade”, disse à Lusa António Carneiro, que espera que “a festa possa corresponder [ao que esperam] muitos milhares de pessoas que visitarão Podence nos quatro dias”, entre hoje e terça-feira de Carnaval.

Em termos logísticos, “as coisas melhoraram um bocadinho”, mas precisam de mais, afirmou.

“Precisamos de outra parte ligada com o Museu do Careto, que já é pequeno, lançámos o desafio ao arquiteto Souto de Moura para fazer um novo museu que será a Casa dos Caretos de Trás-os-Montes e alargar o espaço público na aldeia para as atividades lúdicas”, concretizou.

O alojamento “está todo lotado, em Macedo de Cavaleiros e nos concelhos vizinhos de Bragança, Mirandela, vai até quase Vila Real”, como contou, realçando que, logo a seguir, à declaração do Património Imaterial da Humanidade por parte da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), começaram as reservas e, “antes do Natal, já havia unidades hoteleiras completamente lotadas”.

As pessoas viajam para Podence ” de norte a sul do país, desde o Algarve ao Minho, da Galiza e alguns ingleses, franceses, italianos”, a título particular e em “dezenas de excursões”, como enumerou.

Um estudo feito no ano passado indicava que o movimento económico dos quatro dias do Entrudo Chocalheiro rondava os três milhões de euros. Num fim de semana alargado, como o deste ano e a elevação a Património da Humanidade “a expectativa é ainda maior na aldeia com 200 habitantes e fracos recursos financeiros”.

António Carneiro queixa-se de que muitas das entidades locais “não têm a sensibilidade que deviam ter” para esta realidade, nem sequer marcaram presença no arranque das festividades.

“Acho que o apoio vai-nos sendo dado, mas para o evento que é, o que traz mais gente a Macedo de Cavaleiros, em termos daquilo que o município nos apoia não é nada de substancial, antes pelo contrário. Devia dar mais apoio”, afirmou.

Aqueles que preservam a tradição são cada vez, com um grupo permanente de quartos com 20 elementos que assegura a divulgação aquém e além-fronteiras. No Entrudo Chocalheiro “chegam a quase cem”, com os filhos da terra emigrados a fazerem questão de estarem presentes para vestir o fato do Careto.

José Carlos é emigrante há 25 anos e todos os anos volta no Carnaval, “porque é uma tradição de há muito tempo” e antes de emigrar já se vestia de Careto.

O cunhado, João Alves, é minhoto casado em França com uma natural de Podence e já faz parte da tradição.

“Quando uma pessoa está vestida de Careto, muda completamente”, observa.

“Muito orgulhosa dos Caretos e de quem os fez chegar onde estão” mostra-se Maria da Anunciação nascida e criada na aldeia de Podence.

Maria conheceu os Caretos quando eles “eram maus e se lhes guardava um certo respeito, não se lhe abriam as portas, nem as janelas, nem nada, agora são mansinhos, bons rapazes, só querem é chocalhar as raparigas com aquela educação, aquele respeito, que dantes não era assim”, como contou.

Esta família e amigos juntam-se todos os Entrudos numa das tabernas da aldeia, um conceito criado por Mário Félix e o sócio Rui Carneiro.

Estão abertos há cinco anos. Reabilitaram um curral antigo com tudo que é tradicional desde a gastronomia, alheira, carne e o tradicional butelo, o enchido do carnaval com as casulas (cascas de feijão), onde não faltam os potes (panelas de ferro) a cozinhar na lareira.

Agora há entre 22 a 25 tabernas do género, um número a crescer, assim como os visitantes que, com esta oferta, vão ficando pela aldeia sem necessidade de procurarem outras paragens para as refeições.

Há enchente ao meio-dia e à noite durante os quatro dias do Carnaval de Podence, realçou Mário, avalizando que os Caretos criaram economia para toda a região.

Por isso, também ele defende que o município “tem de fazer ainda mais força para tentar levar aquilo que são os Caretos de Podence a todo o mundo e mostrar esta imagem e o nome de Macedo de Cavaleiros ao mundo”.

Aqueles a quem competirá assegurar a tradição foram a novidade que abriu o Entrudo Chocalheiro neste sábado, com um desfile dos Facanitos. Apesar do desafio lançado às escolas, foram poucos os pequenos que se juntaram e mais por iniciativa da família.

Cecília Reis pega ao colo o pequeno Salvador vestido a rigor que, garante, “vai sair um careto cheio de genica”, e é de pequenino que lhe querem incutir “estes valores que fazem parte da nossa cultura”

“Este Carnaval é o mais antigo, se os nossos avós e os nossos pais não nos tivessem incutido isto, se calhar não chegávamos a Património Imaterial da Humanidade”, notou.

João Duque nunca vestiu o fato porque, embora seja do concelho, não é da aldeia e, antigamente, esse era um privilégio vedado aos de fora. Já o filho, o pequeno João, estreou-se hoje e vestiu-se, porque gosta dos Caretos e também gosta de chocalhar… as mulheres.

Diz o Facanito que “os Caretos são diferentes porque vestem outros fatos diferentes” de outros carnavais.

Para o pai, esta é também uma forma de “criar raízes”.

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MATOSINHOS: MILITAR DA GNR ALVO DE PROCESSO DISCIPLINAR POR ALEGADA AGRESSÃO

O Comando Geral da GNR instaurou um processo disciplinar a um militar na sequência de uma alegada agressão a um condutor no sábado, em Perafita, Matosinhos, confirmou hoje à Lusa a Guarda.

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O Comando Geral da GNR instaurou um processo disciplinar a um militar na sequência de uma alegada agressão a um condutor no sábado, em Perafita, Matosinhos, confirmou hoje à Lusa a Guarda.

Questionada pela Lusa sobre a alegada agressão hoje revelada por vários órgãos de comunicação social com base num suposto vídeo, a Divisão de Comunicação e Relações Públicas da GNR respondeu sem nunca mencionar ter havido agressão.

“Cumpre-me informar que a situação visualizada no vídeo ocorreu no passado sábado, dia 25 de janeiro, na localidade de Perafita, em Matosinhos, na sequência de uma ocorrência de acidente de viação, tendo resultado na detenção do condutor envolvido, pelo crime de condução sob influência de álcool”, lê-se na resposta assinada pelo major David dos Santos.

E acrescenta: “adicionalmente, importa ainda referir que, depois de analisadas as imagens no referido vídeo, foi determinada a abertura do respetivo procedimento de âmbito disciplinar, com vista ao apuramento das circunstâncias em que ocorreram os factos”.

A Lusa perguntou também se o militar permanece em funções ou se foi afastado, mas não obteve resposta.

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OVAR: PENA SUSPENSA PARA EX-FUNCIONÁRIA QUE DESVIO DINHEIRO DA AUTARQUIA

O Tribunal de Aveiro condenou esta quarta-feira a três anos e nove meses de prisão suspensa uma antiga funcionária da Câmara de Ovar suspeita de se ter apropriado de cerca de 70 mil euros da tesouraria municipal durante quatro anos.

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O Tribunal de Aveiro condenou esta quarta-feira a três anos e nove meses de prisão suspensa uma antiga funcionária da Câmara de Ovar suspeita de se ter apropriado de cerca de 70 mil euros da tesouraria municipal durante quatro anos.

Durante a leitura do acórdão, a juíza presidente disse que ficaram demonstrados os factos que eram imputados à arguida, ocorridos entre 2014 e 2017.

A arguida foi condenada a três anos de prisão, por um crime de peculato na forma continuada, e dois anos e dois meses, por um crime de falsidade informática.

Em cúmulo jurídico, foi-lhe aplicada uma pena única de três anos e nove meses de prisão, suspensa na sua execução por igual período.

O tribunal julgou ainda totalmente procedente o pedido cível deduzido pelo município de Ovar, pelo que a arguida terá de restituir a quantia de que se apropriou.

O caso teve origem em 2017, após uma auditoria da Inspeção-Geral de Finanças ter detetado irregularidades relativas à arrecadação de receita.

Na altura, o executivo então liderado pelo social-democrata Salvador Malheiro ordenou a instauração de um inquérito para apuramento dos factos, que deu origem à abertura de um processo disciplinar de que resultou o despedimento da funcionária acusada e a participação dos factos ao Ministério Público (MP).

O caso está relacionado com um esquema de atribuição de notas de crédito, em que a funcionária registava como recebidas verbas que na verdade não chegavam a entrar nos cofres da autarquia.

Segundo a acusação do MP, a arguida terá procedido à emissão de notas de crédito, mediante as quais se terá procedido à anulação de faturas emitidas, sem que fosse emitida nova fatura, ficando para si com o dinheiro cobrado.

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