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ARTE & CULTURA

CINEMA: EM HOLLYWOOD AINDA NÃO SE SABE QUANDO REGRESSAM AS FILMAGENS

O regresso dos estúdios de Hollywood às filmagens ainda está longe, dois meses e meio depois do início do confinamento ordenado pelo condado de Los Angeles e pelo estado da Califórnia para conter o novo coronavírus.

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O regresso dos estúdios de Hollywood às filmagens ainda está longe, dois meses e meio depois do início do confinamento ordenado pelo condado de Los Angeles e pelo estado da Califórnia para conter o novo coronavírus.

“Quero muito voltar a trabalhar, mas acho que é um pouco cedo”, disse à Lusa a atriz portuguesa Kika Magalhães, baseada em Los Angeles, cujo novo filme, “Castle Freak”, teve a estreia adiada por causa da pandemia.

“Os números na California continuam a aumentar e estar num ‘set’ de filmagens é um risco muito grande, porque são sempre muitas pessoas num espaço pequeno e os atores obviamente não podem usar máscaras”, considerou.

O cancelamento de todas as atividades causou uma disrupção sem precedentes na indústria do entretenimento, com um impacto financeiro estimado em 160 mil milhões de dólares (perto de 146 mil milhões de euros), durante os próximos cinco anos, de acordo com a firma de pesquisa Ampere Analysis.

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, indicou que iria divulgar um protocolo para a reautorização das filmagens, mas os próprios estúdios responderam negativamente e até agora nenhum plano foi estabelecido. “Pelo que vi nas noticias os estúdios ficaram bastante surpresos com esta decisão e também acham que é bastante cedo e não estão preparados”, disse Kika Magalhães.

O realizador independente Gene Blalock, que lidera o estúdio Seraph Films, colocou igualmente dúvidas sobre a reabertura. “Penso que vai demorar algum tempo até que os grandes estúdios voltem ao trabalho”, disse. “Os sindicatos vão lutar contra isso durante algum tempo”.

Foi o que explicou o ator David Villar, que é membro do SAG-AFTRA. “O sindicato dos atores aconselhou-nos a avaliar caso a caso e a falar com eles”, afirmou à Lusa. “Ouvi falar de projetos fora do alcance do sindicato, em que os atores assinam um documento de renúncia de responsabilidade e os promotores do projeto fazem verificações de temperatura e limpeza a fundo”. Por ser uma situação arriscada, “o SAG disse que desencoraja fortemente isto”.

Villar, que entrou em episódios da série da Netflix “Grace and Frankie”, “Mentes Criminosas” e “General Hospital”, explicou que o problema não é apenas a segurança e a autorização para voltar a filmar. “Os projetos estão a ter muitas dificuldades para conseguirem seguros. A indústria seguradora ainda está a lidar com todos os pedidos que foram feitos”.

Sem uma apólice, embarcar num projeto que pode ter de ser suspenso se houver um surto de doença é arriscado para os estúdios. “Imagina que um protagonista ou personagem importante adoece com covid-19. Não se pode contornar isso”.

Segundo a Hollywood Reporter, a Blumhouse Productions de Jason Blum, responsável por filmes como “Get Out” e “Us”, planeia avançar com um filme nos estúdios da Universal com um orçamento de 6,5 milhões de dólares, sem seguro. O produtor é conhecido por usar equipas pequenas.

Ainda sem certezas, Gene Blalock acredita que os pequenos projetos vão regressar mais depressa. “Penso que será uma boa altura para produções independentes, não ligadas ao sindicato”, afirmou.

A Seraph Films ainda não preparou o regresso, mas o realizador abordou o seu mediador de seguros sobre o próximo filme. “Se formos inteligentes e mantivermos a segurança, com equipas abaixo de 15-20 pessoas, eliminando os serviços extras e tendo refeições individuais pré-feitas, vamos voltar a filmar em breve”, revelou à Lusa. “Vamos começar com pequenas produções para testar as águas e esperamos começar a próxima longa-metragem entre agosto e setembro”.

A atriz e realizadora portuguesa Anna Carvalho, que trocou Los Angeles por Austin, Texas, falou disso como alternativa: “Voltar ao cinema independente, com menos personagens, menos atores, equipas pequenas, para podermos criar essa distância”.

Na Geórgia, o ator e produtor Tyler Perry propôs um regresso ao trabalho isolando o elenco e a equipa de produção e assumindo o risco. Fora dos EUA, a Netflix retomou as filmagens de “Katla”, na Islândia, e Lucas Foster isolou a equipa para filmar “Children of the Corn”, na Austrália.

“Ninguém sabe como isto vai resultar”, afirmou Gene Blalock. “São quase cobaias”, notou David Villar.

O isolamento é uma das abordagens que vem sendo mais falada. “Fazem quarentena por 14 dias antes das filmagens, testam, ninguém entra ou sai e filmam assim. Estão limitados pela história que têm”, descreveu Villar.

Los Angeles é o condado mais afetado pela covid-19 na Califórnia, contabilizando 48.761 infetados e 2.201 mortos.

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PAUL MCCARTNEY PEDE AO GOVERNO PARA PROTEGER ARTISTAS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

O ex-Beatle Paul McCartney apelou hoje ao Governo britânico para reforçar a proteção dos artistas contra a inteligência artificial (IA), numa altura em que o executivo considera uma reforma da lei dos direitos de autor.

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O ex-Beatle Paul McCartney apelou hoje ao Governo britânico para reforçar a proteção dos artistas contra a inteligência artificial (IA), numa altura em que o executivo considera uma reforma da lei dos direitos de autor.

Numa entrevista à BBC, o cantor e compositor britânico, de 82 anos, alertou que os músicos podem ser “despojados” das suas criações e voltou a criticar o projeto do Governo trabalhista que prevê alterações à legislação sobre direitos de autor.

Entre as propostas está “uma exceção aos direitos de autor” para treinar modelos de IA com fins comerciais, cujo projeto ofereceria aos criadores a possibilidade de “reservar os seus direitos”.

Paul McCartney, que manteve uma carreia praticamente a solo após a dissolução oficial dos Beatles, em 1970, sustenta que, com essa reforma, os artistas perderão o controlo sobre as suas obras.

“Os jovens podem escrever uma bela canção, mas podem acabar por não ser os proprietários dela”, disse.

Pior ainda, “qualquer pessoa poderá apropriar-se dessa canção”, denunciou.

“A verdade é que o dinheiro irá para algum lado. Alguém será pago. Não deverá ser o tipo que escreveu ‘Yesterday’?”, um dos temas mais conhecidos dos The Beatles, composto por Paul McCartney (creditada a Lennon/McCartney), gravada em 1965 para o álbum “Help!”, questionou.

“Se apresentarem um projeto de lei, assegurem-se de que protegem os pensadores e os artistas, caso contrário, não terão o seu apoio. Somos o povo, vocês são o Governo. É suposto que nos protejam. Esse é o vosso trabalho”, reforçou McCartney.

O Governo britânico anunciou que aproveitará o período de consulta pública, que decorre até 25 de fevereiro, para explorar os principais pontos do debate, incluindo a forma como os criadores poderão obter licenças e ser remunerados pela utilização das suas obras.

Questionada sobre estas propostas numa entrevista à BBC, a ministra das Finanças britânica, Rachel Reeves, garantiu que “quer apoiar os artistas” e fará “tudo para que os direitos de autor sejam respeitados”.

Em novembro de 2023, McCartney e Ringo Starr, os membros sobreviventes dos Beatles (George Harrison morreu em novembro de 2001), usaram a IA para extrair a voz de John Lennon, assassinado em 1980 em Nova Iorque, de uma canção inacabada com várias décadas, intitulada “Now and Then”.

“Eu acho que a IA é fantástica e pode fazer muitas coisas incríveis”, admitiu Paul McCartney.

“No entanto, a IA não deve despojar os criadores. Isso não faz sentido”, concluiu.

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PORTO: SERRALVES RECEBE 37 OBRAS CONTEMPORÂNEAS DA COLEÇÃO DUERCKHEIM

A Fundação de Serralves, no Porto, assinou um acordo para receber em depósito 37 obras de 19 artistas provenientes da Coleção Duerckheim, que prevê ainda a doação de uma peça de Anselm Kiefer à instituição portuguesa.

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A Fundação de Serralves, no Porto, assinou um acordo para receber em depósito 37 obras de 19 artistas provenientes da Coleção Duerckheim, que prevê ainda a doação de uma peça de Anselm Kiefer à instituição portuguesa.

Em comunicado, a Fundação de Serralves anunciou que vai receber, neste âmbito, o depósito de peças de Darren Almond, Georg Baselitz, Isaak Brodsky, Roman Buxbaum, Jake e Dinos Chapman, Theaster Gates, Gilbert & George, Antony Gormley, Damien Hirst, Zhang Huan, Stefan Hunstein, Anselm Kiefer, Michael Landy, Mamedov, Haralampi Oroschakoff, Sam Taylor-Wood, Matthias Wähner, Cerith Wyn Evans e Remy Zaugg.

O acordo inclui a doação de “Dat rosa miel apibus”, de Anselm Kiefer.

“É com grande alegria que Serralves recebe em depósito esta extraordinária coleção reunida ao longo de décadas de dedicação à arte pelo Conde Duerckheim. Este é um momento de grande importância para Serralves, e o acordo representa o reconhecimento da capacidade da Fundação para atrair e acolher as maiores coleções internacionais de arte contemporânea”, disse a presidente do conselho de administração da fundação, Ana Pinho, citada no mesmo comunicado.

De acordo com Serralves, o acordo foi possível graças à influência de Nuno Luzio, que deu a ideia ao Conde Christian Duerckheim, algo saudado por ambas as partes.

“Tendo estado fora de Portugal durante mais de 20 anos, Nuno Luzio demonstra o poder da diáspora portuguesa e o bem maior que podem fazer pelo seu país”, afirmou Ana Pinho.

Nascido em 1944 na região alemã da Saxónia, o industrial Christian Duerckheim viveu em Londres na década de 1960 e tornou-se num dos “mais significativos colecionadores da Europa”, como escreveu o jornal britânico The Guardian, em 2013, aquando de uma doação de 34 desenhos de artistas alemães modernos e de mais 60 trabalhos ao British Museum.

Em 2011, Duerckheim vendeu cerca de 80 obras através da leiloeira Sotheby’s por um valor recorde de mais de 100 milhões de libras, segundo notícias publicadas então pela imprensa especializada.

Na altura, ao New York Times, Christian Duerckheim afirmou que sempre quis ver a arte do seu tempo, enquanto alguém interessado em história que ficou obcecado com a arte do seu próprio país depois de ver uma obra de Georg Baselitz em 1970.

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