CIÊNCIA & TECNOLOGIA
ENXAQUECA: CIRURGIA PODE MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES
O tratamento cirúrgico da enxaqueca é um procedimento “seguro e eficaz” e pode representar melhorias “significativas” na qualidade de vida dos doentes, refere um estudo de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).
O tratamento cirúrgico da enxaqueca é um procedimento “seguro e eficaz” e pode representar melhorias “significativas” na qualidade de vida dos doentes, refere um estudo de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).
De acordo com dados da FMUP, “uma em cada três pessoas com enxaquecas não melhora com fármacos”.
“A cirurgia pode ser uma alternativa para travar este distúrbio que afeta a qualidade de vida das pessoas”, afirma o professor da FMUP, António Costa Ferreira.
O também cirurgião plástico, e um dos autores do estudo divulgado esta terça-feira, explica que, embora a maioria dos doentes responda positivamente aos tratamentos, “até um terço dos casos desenvolve resistência à medicação, não tolera os efeitos secundários ou tem contraindicações para a sua utilização”.
António Costa Ferreira lamenta que o procedimento continue a encontrar resistência no seio da comunidade médica e que os profissionais médicos, bem como próprios doentes, “ainda não estejam totalmente conscientes da existência desta possibilidade”.
Por esta razão, o médico publicou, em colaboração com as investigadoras Sara Henriques, Alexandre Almeida e Helena Peres, um estudo na revista Annals of Plastic Surgery, uma publicação médica dedicada à cirurgia plástica e reconstrutiva.
Dos resultados da investigação, destaca-se a convicção de que o tratamento cirúrgico da enxaqueca é um procedimento “seguro e eficaz” e pode representar melhorias “significativas” na qualidade de vida dos doentes.
A investigação consistiu numa revisão sistemática de estudos e artigos científicos publicados internacionalmente entre 1996 e 2020, sendo que “os resultados demonstram a existência de provas científicas, publicadas em revistas de grande impacto, a favor da segurança e eficácia do tratamento cirúrgico da enxaqueca”, descreve a FMUP.
Nos mais de 50 trabalhos de investigação analisados, os autores relatam uma melhoria significativa entre 58,3% a 100% dos casos e a eliminação completa do distúrbio em 8,3% a 86,8% dos doentes.
Dados sobre a satisfação dos pacientes e o impacto na qualidade de vida foram analisados em nove estudos.
“Ficou demonstrado, de forma consistente, os benefícios da cirurgia”, é sublinhado.
Os investigadores destacaram, igualmente, a diminuição dos custos a longo prazo, comparativamente ao tratamento farmacológico, e o facto de que apenas foram relatadas pequenas e ocasionais complicações no pós-operatório, na sua maioria temporárias, como alguns casos de dormência, hematoma, alopecia, entre outros.
A enxaqueca (dor de cabeça intensa) é um distúrbio neurovascular generalizado que afeta, aproximadamente, 19% das mulheres e 10% dos homens.
Uma combinação de fármacos e evitar fatores que possam desencadear uma crise constituem o tratamento padrão para combater as enxaquecas.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
MARTE TEVE PERÍODOS QUENTES E ÁGUA DURANTE 40 MILHÕES DE ANOS
Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.
Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.
O facto de atualmente Marte ser frio e seco mas ter tido rios e lagos há vários milhares de milhões de anos intriga os cientistas há décadas.
“Tem sido um verdadeiro mistério que houvesse água líquida em Marte, porque Marte está mais longe do Sol e, além disso, o Sol era mais fraco no início”, explicou, em comunicado, Danica Adams, investigadora de pós-doutoramento da NASA na Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson (SEAS) de Harvard e principal autora do novo artigo publicado na Nature Geoscience.
Anteriormente, existia a teoria de que o hidrogénio era o ingrediente mágico que, quando misturado com o dióxido de carbono da atmosfera marciana, desencadeava episódios de aquecimento global. Mas a vida útil do hidrogénio atmosférico é curta, pelo que foi necessária uma análise mais detalhada.
Agora, Adams, o professor Robin Wordsworth de Ciências Ambientais e Engenharia na SEAS, e a sua equipa realizaram modelação fotoquímica (semelhante aos métodos utilizados hoje em dia para rastrear poluentes atmosféricos) para preencher os detalhes da relação da atmosfera marciana primitiva com o hidrogénio e como este relacionamento mudou ao longo do tempo.
“Marte antiga é um mundo perdido, mas pode ser reconstruído em detalhe se fizermos as perguntas certas”, frisou Wordsworth.
“Este estudo sintetiza a química atmosférica e o clima pela primeira vez para fazer algumas previsões surpreendentes que podem ser testadas quando trouxermos rochas de Marte para a Terra”, acrescentou.
Adams modificou um modelo chamado CINETICA para simular como uma combinação de hidrogénio e outros gases que reagem com o solo e o ar controlavam o clima marciano primitivo.
Descobriu que durante os períodos Noachiano e Hesperian, entre há 4 e 3 mil milhões de anos, Marte passou por períodos quentes episódicos ao longo de cerca de 40 milhões de anos, com cada evento a durar 100.000 anos ou mais.
Estas estimativas são consistentes com as características geológicas de Marte atualmente. Os períodos quentes e húmidos eram causados pela hidratação da crosta, ou perda de água do solo, que fornecia hidrogénio suficiente para se acumular na atmosfera durante milhões de anos.
“Identificámos escalas de tempo para todas estas alternâncias. E descrevemos todas as peças no mesmo modelo fotoquímico”, sublinhou Adams.
O trabalho de modelação fornece novas perspetivas potenciais sobre as condições que sustentaram a química prebiótica (os fundamentos da vida posterior como a conhecemos) durante os períodos quentes, e os desafios para a persistência dessa vida durante os intervalos frios e oxidativos.
Adams e outros cientistas estão a começar a trabalhar para encontrar evidências destas alternâncias utilizando modelos químicos isotópicos e planeiam comparar estes resultados com rochas da próxima missão Mars Sample Return (MRS).
Como Marte não possui placas tectónicas, ao contrário da Terra, a superfície visível atualmente é semelhante à de antigamente, tornando a sua história dos lagos e rios muito mais intrigante, realçou ainda.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
ASTEROIDE BENNU REVELOU EXISTÊNCIA DE MOLÉCULAS DE ADN
Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.
Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.
De acordo com o trabalho publicado esta quarta-feira na revista científica Nature Astronomy, as amostras analisadas revelaram a presença das cinco bases nitrogenadas — adenina, guanina, citosina, timina e uracilo — necessárias para a construção de ADN e ARN.
Foram igualmente identificados pelos investigadores da Universidade Hokkaido, no Japão, os compostos xantina, hipoxantina e ácido nicotínico (vitamina B3).
Uma amostra de 121,6 gramas do asteroide Bennu chegou à Terra em 2023 à “boleia” da missão Osiris-Rex, da agência espacial norte-americana (NASA).
Tratou-se da maior amostra extraterrestre recolhida e enviada para a Terra.
Segundo uma das teses, os asteroides (corpos rochosos do Sistema Solar) contribuíram com água e componentes químicos essenciais para a vida na Terra há milhares de milhões de anos.
Embora os meteoritos na Terra provenham de asteroides, a interpretação dos seus dados “é desafiante” face à “exposição à humidade” da atmosfera e a “uma biosfera descontrolada”, refere a Universidade Hokkaido em comunicado, assinalando que “amostras imaculadas recolhidas de asteroides no espaço são os candidatos ideais”.
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