DESPORTO
PRIMEIRA LIGA 2024/2025: ANÁLISE DE JOSÉ AUGUSTO SANTOS
A análise da Época 2024/2025 por José Augusto Santos, comentador desportivo da Rádio Regional.

A análise da Época 2024/2025 por José Augusto Santos, comentador desportivo da Rádio Regional.
O Sporting é bicampeão com justiça. Foi incontestável a sua supremacia até à partida de Rúben Amorim para Manchester. Ficou em causa no período em que João Pereira assumiu o comando. Estabilizou e teve regularidade com Rui Borges, em especial a partir do momento em que abdicou do seu sistema preferido para jogar com a estrutura tática, para a qual o plantel tinha sido pensado. Viktor Gyokeres foi a figura do campeonato e fator de desequilíbrio do mesmo. Arrisco dizer que em Portugal um clube grande que o tenha no seu plantel será campeão. Provavelmente vai ser transferido. Se não o for o Sporting voltará a ser campeão. Hjulmad, Trincão, Diomandé e Rui Silva foram ajuda preciosa para um plantel que não tem a qualidade nem a quantidade de soluções que tem o Benfica.
O Benfica fez um campeonato irregular atendendo ao plantel ao dispor de Roger Schmidt/Bruno Lage. Apesar da melhoria com Lage a realidade é que nos momentos decisivos falhou. Ter sofrido o golo do empate no jogo com o Arouca já depois dos 90´ quando dependia de si e não ter vencido o Sporting explica a perda do campeonato. Vitórias importantes na liga dos Campeões e sobre o Porto duas vezes por 4-1, são desvalorizadas quando não consegue ganhar nenhuma vez a Sporting nem ao Sp. Braga. Pavlidis foi a figura dos benfiquistas, fez uma época em crescendo e demonstrou fantásticos atributos, na finalização, movimentação e combinação com colegas. Carreras, Kokçú e Otamendi também fizeram uma excelente época e Trubin que ainda é muito jovem, pode vir a ser um GR de topo.
O FC Porto foi a maior desilusão da época. Com Vítor Bruno foi ameaçando poder intrometer-se na luta pelo título. Com Martin Anselmi, que nunca percebeu que o plantel não foi formatado nem tinha jogadores para o seu sistema preferido 1x3x4x3, ao contrário de Rui Borges não teve a inteligência para ter resultados imediatos, fez um percurso descendente e cedo se percebeu que não ia lutar pela conquista do campeonato. Provavelmente pensou na próxima época que iremos ver se será sobre o seu comando. A perda de Nico González e Galeno também contribuiu para aumentar as dificuldades do coletivo na sua organização defensiva e ofensiva. O único aspeto positivo foi a afirmação de Rodrigo Mora como um potencial fantástico jogador para o clube e para a nossa seleção. Samú e Diogo Costa e a melhoria gradual de Fábio Vieira, não foi suficiente para “esconder” várias contratações prometedoras e falhadas.
O Braga com muito mérito de Carlos Carvalhal, foi uma agradável surpresa. O plantel era o pior dos últimos anos. No mercado de janeiro perdeu o GR Matheus para o Ajax e Bruma o seu melhor jogador e marcador para o Benfica e mesmo assim coletivamente foi capaz de discutir o 3º lugar com o Porto, empatar com Sporting e Benfica e vencer o Porto. Moutinho é impressionante pela regularidade, capacidade física e influência no jogo associativo, ofensivo e defensivo, Roger e Chissumba, vão ser jogadores de topo. Nota ainda para o lançamento de muitos jovens, o último foi Afonso Patrão, o que prova a utilidade do investimento na formação.
O Santa Clara surpreendeu pela regularidade e qualidade como equipa. Excelente trabalho de Vasco Matos. Formatou uma equipa competitiva, muito capaz na componente física, rápida nas transições e com automatismos solidificados que começaram na II Liga. Impressionante a regularidade e liderança de Luís Rocha. Vinicius, Adriano Firmino e Gabriel Silva também se destacaram. Vamos esperar que na Liga Conferência seja capaz de dar pontos a Portugal.
O Vitória apesar da excelente campanha europeia não foi capaz de segurar o 5º lugar. A derrota em casa com o Farense foi penalizadora para os objetivos do clube. Gustavo Silva foi o que mais se destacou. Tiago Silva e Handel formaram um meio-campo de excelente nível.
O Famalicão fez uma época muito regular, mas ainda não foi suficiente para concretizar um objetivo do clube, a participação nas competições europeias.
Estoril e Casa Pia com ideias de jogo diferentes tiveram equipas competitivas e com excelentes jogos.
Moreirense, Rio Ave, Arouca e Nacional cedo conseguiram o seu principal objetivo. Mesmo assim esperava mais do Rio ave atendendo ao investimento e qualidade do plantel.
Estrela da Amadora muito irregular com alguns jogadores de nomeada e com passado no futebol português conseguiu o seu objetivo na fuga à despromoção.
Nestes clubes destaco individualmente:
Famalicão – Gustavo Sá e Sorriso;
Estoril – Wagner Pina e João Carvalho;
Casa Pia – Patrick Sequeira e Larrazabal;
Moreirense – Alanzinho e Frimpong;
Rio Ave – Tiknaz e Clayton Silva;
Arouca – Alfonso Trezza e José Fontán
Gil Vicente – Félix Correia e Rúben Fernandes;
Nacional – Luís Esteves e Garcia;
Estrela da Amadora – Leonel Bucca e Diogo Travassos.
AFS vai ter uma oportunidade no dérbi com o Vizela para conseguir a manutenção depois de uma época muito irregular e com jogadores de nomeada no seu plantel, como Ochoa, Zé Luís, Piázon. A tarefa para José Mota não será fácil porque o Vizela era na minha opinião a equipa que melhor jogava na II Liga.
John Mercado e Devenish foram os mais regulares.
O Farense com um plantel de boa qualidade não foi capaz de garantir a manutenção ao falhar nos momentos decisivos. Ricardo Velho e Falcão, individualmente destacaram-se.
O ex-campeão Boavista não superou os inúmeros problemas que teve ao longo da época. Sem poder contratar fez meia época com um plantel jovem e sem grandes soluções. Quando pode contratar não teve tempo para solidificar processos e automatismos. Mesmo assim as vitórias em Faro e nas Aves deram esperança, mas o calendário não era favorável. Reisinho e Abascal foram os melhores individualmente. O futebol português precisa de um Boavista forte, capaz de se intrometer na luta pelos primeiros lugares. Que regresse rápido e mais forte.
Parabéns aos vencedores, honra aos vencidos!
