CIÊNCIA & TECNOLOGIA
ERRO DE SOFTWARE OBRIGA ADIAR LANÇAMENTO DE SATÉLITE
A Agência Espacial Europeia (ESA) adiou, por pelo menos um dia, do lançamento do satélite Cheops, previsto para a manhã de hoje, destinado a estudar planetas fora do nosso sistema solar.
A Agência Espacial Europeia (ESA) adiou, por pelo menos um dia, do lançamento do satélite Cheops, previsto para a manhã de hoje, destinado a estudar planetas fora do nosso sistema solar.
O diretor de ciências da ESA, Guenther Hasinger, escreveu no Twitter que houve um erro de software que levou ao adiamento do lançamento do foguete Soyuz, que transportaria o satélite, previsto para as 08:54 de hoje (hora de Lisboa).
“Com esta missão complexa, não correremos riscos”, escreveu Hasinger, aconselhando as pessoas a “manterem os dedos cruzados para amanhã [quarta-feira]”.
A ESA tinha previsto para hoje, em Kourou, Guiana Francesa (América do Sul), o lançamento do satélite Cheops, que, com o envolvimento de várias empresas portuguesas, vai estudar planetas fora do nosso sistema solar.
A primeira missão da ESA dedicada ao estudo de exoplanetas estava prevista desde 2017, mas foi sucessivamente adiada.
O satélite foi construído a partir de uma parceria entre a ESA e a Suíça, através de um consórcio liderado pela Universidade de Berna, e tem “contribuições importantes” de mais 10 outros Estados-membros da agência europeia, entre os quais três empresas e um centro de investigação portugueses.
Segundo um comunicado da agência espacial portuguesa Portugal Space, o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e a Deimos Engenharia “lideram” a componente científica do Cheops.
A FreziteHP desenhou e produziu as proteções que vão garantir que os equipamentos aguentam a amplitude térmica extrema do espaço.
A também portuguesa LusoSpace, que investiga novas tecnologias e a sua aplicação no espaço, participa igualmente no projeto.
“A missão Cheops vai medir o tamanho de exoplanetas [planetas fora do sistema solar] com uma grande precisão, descobrir se os exoplanetas têm luas, se têm anéis, e também abrir uma porta para o desconhecido”, diz Nuno Santos, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e da Universidade do Porto, citado no comunicado de imprensa.
O Cheops é a primeira de uma série de três missões, que incluem ainda a Plato e a Ariel, planeadas para a próxima década, com o objetivo de abordar diferentes aspetos da investigação científica dos planetas mais longínquos.
O satélite de 280 kg tem o seu corpo principal com a forma de um cubo com arestas de 1,5 metros e será colocado em órbita, a cerca de 700 quilómetros de altitude, por um foguetão Soyuz-Fregat.
A órbita escolhida permite, segundo a ESA, que a retaguarda do satélite esteja permanentemente direcionada para o Sol, mantendo a luz solar no mínimo, enquanto um telescópio está a observar alvos noturnos na direção oposta.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
O MANTO DA TERRA É MENOS MISTURADO DO QUE SE PENSAVA – ESTUDO
Um estudo sismológico indica que as duas enormes ‘ilhas’ existentes sob a superfície da Terra estão a uma temperatura mais elevada do que o material circundante, indicando que o manto da Terra é menos misturado do que se pensava.
Um estudo sismológico indica que as duas enormes ‘ilhas’ existentes sob a superfície da Terra estão a uma temperatura mais elevada do que o material circundante, indicando que o manto da Terra é menos misturado do que se pensava.
Ambas as ‘ilhas’ foram descobertas no final do século passado. Os investigadores definem-nas como dois “supercontinentes” localizados entre o núcleo e o manto da Terra: um sob África e o outro sob o Oceano Pacífico, ambos a mais de 2000 quilómetros abaixo da superfície da Terra.
“Estas duas grandes ilhas estão rodeadas por uma espécie de ‘cemitério’ de placas tectónicas que foram transportadas para lá por um processo de subducção, em que uma placa submerge sob outra e se afunda da superfície da Terra até uma profundidade de quase 3.000 quilómetros”, realçou Arwen Deuss, sismóloga da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, e uma das autoras do estudo publicado na quarta-feira na revista Nature.
Até agora, os modelos sísmicos utilizavam apenas velocidades de onda para distinguir a composição e as características térmicas de diferentes partes da estrutura interna da Terra.
A investigação atual combinou as velocidades das ondas com uma técnica chamada “observações de atenuação” que permitiu o estudo do interior da Terra em três dimensões, algo “fundamental para compreender a evolução da composição” do manto, apontaram os autores.
A nova técnica permitiu-lhes “obter uma visão do interior do planeta, semelhante à que os médicos obtêm do corpo humano através dos raios X”.
Os resultados indicaram que, quando atingem estas ‘ilhas’ interiores do tamanho de continentes, as ondas abrandam porque a temperatura é mais elevada.
Ao estudar a composição dos minerais no manto, os investigadores descobriram também que o tamanho dos grânulos minerais nestas ‘ilhas’ gigantes é visivelmente maior do que nas placas tectónicas ‘mortas’ que as rodeiam.
“Estes grânulos minerais não crescem de um dia para o outro, o que só pode significar uma coisa: são muito maiores, mais rígidos e, por isso, mais antigos do que os cemitérios de camadas mortas circundantes. Isto indica que as ‘ilhas’ não participam no fluxo no manto terrestre”, explicou outra autora, Sujania Talavera-Soza, da mesma universidade.
“Ao contrário do que nos ensinam os livros de geografia, o manto também não pode ser bem misturado. Há menos fluxo no manto terrestre do que pensamos”, acrescentou Talavera-Soza.
O conhecimento do manto terrestre é essencial para compreender a evolução do planeta e de outros fenómenos à superfície da Terra, como os vulcões e a formação de montanhas.
Para este tipo de investigação, os sismólogos aproveitam as oscilações provocadas por fortes sismos que ocorrem a grandes profundidades, como o que ocorreu na Bolívia em 1994 — 650 quilómetros abaixo da superfície — sem causar danos ou vítimas, e a descrição matemática da força destas oscilações.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DE COIMBRA LANÇA LIVRO PARA IDENTIFICAÇÃO DE ABELHAS DE PORTUGAL
A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou um livro técnico para identificação de géneros de abelhas de Portugal.
A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou um livro técnico para identificação de géneros de abelhas de Portugal.
A obra “Chaves Dicotómicas dos Géneros de Abelhas de Portugal. Hymenoptera: Anthophila”, uma adaptação e tradução de “Key to the Genera of European Bees (Hymenoptera: Anthophila)”, é o primeiro a ser publicado sobre o tema para Portugal e em português, revelou a FCTUC, em nota enviada à agência Lusa.
Produzido no âmbito dos projetos PolinizAÇÃO e EPIC-Bee, em colaboração com a Imprensa da Universidade de Coimbra, o livro já está disponível para ‘download’ gratuito.
“Desenvolvido como uma ferramenta para a identificação de géneros de abelhas, o livro destina-se principalmente a um público académico e técnico, constituindo um marco significativo no campo da entomologia e um contributo valioso para a conservação dos insetos polinizadores”, referiu a FCTUC.
A produção do livro técnico contou com o envolvimento de investigadores do FLOWer Lab do Centro de Ecologia Funcional e do Departamento de Ciências da Vida da FCTUC, nomeadamente Hugo Gaspar, Sílvia Castro e João Loureiro.
“Este livro preenche uma lacuna de décadas na investigação sobre as abelhas selvagens em Portugal, uma vez que atualiza o conhecimento e aproxima-o da comunidade entomológica nacional através da adaptação e tradução para a língua portuguesa”, afirmou o entomólogo e aluno de doutoramento da FCTUC, Hugo Gaspar.
O trabalho “será extremamente útil não só para investigadores que trabalham no estudo e conservação de polinizadores, mas também para estudantes, naturalistas e para todos os que tiverem interesse em aprender sobre a identificação de abelhas”, acrescentou.
A obra contou também com a colaboração do investigador da Universidade do Porto, José Grosso-Silva, e da equipa de investigadores ligada ao Laboratório de Zoologia da Universidade de Mons (Bélgica), através dos projetos europeus Spring, Orbit e Epic-Bee.
A FCTUC declarou que este lançamento reforça o compromisso da Universidade de Coimbra em promover a ciência e desenvolver ferramentas de apoio à investigação científica e ao conhecimento sobre biodiversidade.
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