CIÊNCIA & TECNOLOGIA
ESTUDO AO ENVELHECIMENTO DO CORAÇÃO AJUDA A PREVENIR DOENÇAS CARDIOVASCULARES
Um estudo internacional em que participaram investigadores portugueses permitiu desvendar o mecanismo de envelhecimento natural do coração humano que pode potenciar o surgimento de doenças cardiovasculares, revelou hoje a Universidade de Coimbra (UC).
Um estudo internacional em que participaram investigadores portugueses permitiu desvendar o mecanismo de envelhecimento natural do coração humano que pode potenciar o surgimento de doenças cardiovasculares, revelou hoje a Universidade de Coimbra (UC).
A investigação, além de uma equipa da UC, envolveu cientistas de várias universidades dos Estados Unidos da América, tendo contado também com a colaboração da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
“Os cientistas acreditam que esta descoberta pode, futuramente, contribuir para novas formas de diagnóstico precoce de doenças cardiovasculares e também para o desenvolvimento de terapias para a prevenção destas patologias”, informou a UC num comunicado enviado à agência Lusa.
Para os investigadores de Coimbra, “conhecer os primeiros sintomas de envelhecimento cardíaco pode ser pertinente para a deteção atempada da disfunção cardíaca e respetiva prevenção”.
“Sabe-se que as doenças relacionadas com o coração são mais prevalentes em idades avançadas. No entanto, não se sabe como é que o envelhecimento exclusivamente fisiológico (…) pode ter impacto no funcionamento do coração”, referiram Luís Grilo, Paulo Oliveira e Susana Pereira, citados na nota.
O estudo procurou “identificar a cascata de mecanismos moleculares responsáveis pela relação entre o envelhecimento natural do coração e a disfunção cardíaca, através de modelos de primatas não humanos saudáveis, com fisiologia muito próxima ao coração” das pessoas.
“Conseguiram identificar que as adaptações cardíacas derivadas do envelhecimento se iniciam com alterações metabólicas nas células cardíacas”, tendo sido possível “perceber que, com a idade, o coração utiliza mais glicose para a síntese de moléculas”.
Estas moléculas, segundo a nota da Reitoria da Universidade, “acumulam-se nas paredes do coração durante o envelhecimento”.
“Numa fase inicial, esta acumulação promove o enrijecimento das paredes do coração e, numa segunda fase, hipertrofia cardíaca”, explicaram Luís Grilo, Paulo Oliveira e Susana Pereira, indicando que “estas duas consequências estão diretamente relacionadas com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares”.
Atualmente, estas doenças são a principal causa de morte no mundo e “um número significativo de pessoas com este tipo de patologias necessita de cuidados específicos e continuados”, o que representa “elevados custos para a pessoa e para os sistemas de saúde”, realçaram.
Na opinião dos cientistas de Coimbra, o estudo pode abrir caminho ao “desenvolvimento de métodos não invasivos para detetar a acumulação das moléculas no coração humano, melhorando, assim, as técnicas de diagnóstico”.
Os três investigadores da UC trabalham no Centro de Neurociências e Biologia Celular e no Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia.
Os cientistas dos Estados Unidos que participaram no estudo internacional estão afetos à Escola de Medicina da Universidade Wake Forest, à Universidade de Wyoming e à Universidade do Texas, bem como ao Instituto de Investigação Biomédica do Texas.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
O MANTO DA TERRA É MENOS MISTURADO DO QUE SE PENSAVA – ESTUDO
Um estudo sismológico indica que as duas enormes ‘ilhas’ existentes sob a superfície da Terra estão a uma temperatura mais elevada do que o material circundante, indicando que o manto da Terra é menos misturado do que se pensava.
Um estudo sismológico indica que as duas enormes ‘ilhas’ existentes sob a superfície da Terra estão a uma temperatura mais elevada do que o material circundante, indicando que o manto da Terra é menos misturado do que se pensava.
Ambas as ‘ilhas’ foram descobertas no final do século passado. Os investigadores definem-nas como dois “supercontinentes” localizados entre o núcleo e o manto da Terra: um sob África e o outro sob o Oceano Pacífico, ambos a mais de 2000 quilómetros abaixo da superfície da Terra.
“Estas duas grandes ilhas estão rodeadas por uma espécie de ‘cemitério’ de placas tectónicas que foram transportadas para lá por um processo de subducção, em que uma placa submerge sob outra e se afunda da superfície da Terra até uma profundidade de quase 3.000 quilómetros”, realçou Arwen Deuss, sismóloga da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, e uma das autoras do estudo publicado na quarta-feira na revista Nature.
Até agora, os modelos sísmicos utilizavam apenas velocidades de onda para distinguir a composição e as características térmicas de diferentes partes da estrutura interna da Terra.
A investigação atual combinou as velocidades das ondas com uma técnica chamada “observações de atenuação” que permitiu o estudo do interior da Terra em três dimensões, algo “fundamental para compreender a evolução da composição” do manto, apontaram os autores.
A nova técnica permitiu-lhes “obter uma visão do interior do planeta, semelhante à que os médicos obtêm do corpo humano através dos raios X”.
Os resultados indicaram que, quando atingem estas ‘ilhas’ interiores do tamanho de continentes, as ondas abrandam porque a temperatura é mais elevada.
Ao estudar a composição dos minerais no manto, os investigadores descobriram também que o tamanho dos grânulos minerais nestas ‘ilhas’ gigantes é visivelmente maior do que nas placas tectónicas ‘mortas’ que as rodeiam.
“Estes grânulos minerais não crescem de um dia para o outro, o que só pode significar uma coisa: são muito maiores, mais rígidos e, por isso, mais antigos do que os cemitérios de camadas mortas circundantes. Isto indica que as ‘ilhas’ não participam no fluxo no manto terrestre”, explicou outra autora, Sujania Talavera-Soza, da mesma universidade.
“Ao contrário do que nos ensinam os livros de geografia, o manto também não pode ser bem misturado. Há menos fluxo no manto terrestre do que pensamos”, acrescentou Talavera-Soza.
O conhecimento do manto terrestre é essencial para compreender a evolução do planeta e de outros fenómenos à superfície da Terra, como os vulcões e a formação de montanhas.
Para este tipo de investigação, os sismólogos aproveitam as oscilações provocadas por fortes sismos que ocorrem a grandes profundidades, como o que ocorreu na Bolívia em 1994 — 650 quilómetros abaixo da superfície — sem causar danos ou vítimas, e a descrição matemática da força destas oscilações.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DE COIMBRA LANÇA LIVRO PARA IDENTIFICAÇÃO DE ABELHAS DE PORTUGAL
A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou um livro técnico para identificação de géneros de abelhas de Portugal.
A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou um livro técnico para identificação de géneros de abelhas de Portugal.
A obra “Chaves Dicotómicas dos Géneros de Abelhas de Portugal. Hymenoptera: Anthophila”, uma adaptação e tradução de “Key to the Genera of European Bees (Hymenoptera: Anthophila)”, é o primeiro a ser publicado sobre o tema para Portugal e em português, revelou a FCTUC, em nota enviada à agência Lusa.
Produzido no âmbito dos projetos PolinizAÇÃO e EPIC-Bee, em colaboração com a Imprensa da Universidade de Coimbra, o livro já está disponível para ‘download’ gratuito.
“Desenvolvido como uma ferramenta para a identificação de géneros de abelhas, o livro destina-se principalmente a um público académico e técnico, constituindo um marco significativo no campo da entomologia e um contributo valioso para a conservação dos insetos polinizadores”, referiu a FCTUC.
A produção do livro técnico contou com o envolvimento de investigadores do FLOWer Lab do Centro de Ecologia Funcional e do Departamento de Ciências da Vida da FCTUC, nomeadamente Hugo Gaspar, Sílvia Castro e João Loureiro.
“Este livro preenche uma lacuna de décadas na investigação sobre as abelhas selvagens em Portugal, uma vez que atualiza o conhecimento e aproxima-o da comunidade entomológica nacional através da adaptação e tradução para a língua portuguesa”, afirmou o entomólogo e aluno de doutoramento da FCTUC, Hugo Gaspar.
O trabalho “será extremamente útil não só para investigadores que trabalham no estudo e conservação de polinizadores, mas também para estudantes, naturalistas e para todos os que tiverem interesse em aprender sobre a identificação de abelhas”, acrescentou.
A obra contou também com a colaboração do investigador da Universidade do Porto, José Grosso-Silva, e da equipa de investigadores ligada ao Laboratório de Zoologia da Universidade de Mons (Bélgica), através dos projetos europeus Spring, Orbit e Epic-Bee.
A FCTUC declarou que este lançamento reforça o compromisso da Universidade de Coimbra em promover a ciência e desenvolver ferramentas de apoio à investigação científica e ao conhecimento sobre biodiversidade.
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