CIÊNCIA & TECNOLOGIA
INVESTIGADORES CRIAM SISTEMA PARA DETETAR INFORMAÇÕES FALSAS NAS REDES SOCIAIS
Uma equipa de investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), no Porto, está a desenvolver um sistema para analisar e detetar automaticamente se determinada informação publicada numa rede social é falsa.
Uma equipa de investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), no Porto, está a desenvolver um sistema para analisar e detetar automaticamente se determinada informação publicada numa rede social é falsa.
O projeto, intitulado “Detecting Fake News Automatically”, surgiu da necessidade de desenvolver um sistema “capaz de detetar as ‘fake news’ nas redes sociais de um modo automático”, adiantou hoje à Lusa, Álvaro Figueira, investigador do INESC TEC.
“O problema das ‘fake news’ ganhou uma nova dimensão depois do impacto que elas tiveram nas eleições norte-americanas de 2016. O problema tornou-se bastante relevante e tanto as grandes empresas tecnológicas como a comunidade científica começaram a trabalhar numa solução”, afirmou.
A equipa de investigadores, que já tinha obtido “experiência” num projeto de deteção de conteúdo relevante nas redes sociais, decidiu aplicá-la a este “novo problema”, estando, por isso, desde 2017 a trabalhar neste sistema.
Além da deteção automática de informação falsa, o sistema pretende também auxiliar o utilizador a filtrar o conteúdo mais relevante nas redes sociais.
“Temos como objetivo que o sistema funcione apenas com a mensagem do ‘post’ [publicação] ou com a mensagem e toda a outra informação associada à mesma, como os ‘likes’, ‘partilhas’, ‘respostas e comentários’ e informação associada ao utilizador que publicou”, esclareceu Álvaro Figueira, também docente na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).
Através de mais de 100 indicadores, entre eles psicolinguísticos e estatísticos, o sistema vai, com base num modelo de aprendizagem automática, “classificar com uma certa probabilidade se a nova publicação é ‘fake news’ ou não”.
À Lusa, Álvaro Figueira adiantou que um dos principais desafios que o sistema enfrenta é a “mudança de domínio e o contexto temporal em que uma ‘fake news’ pode surgir”, como por exemplo, a atual crise sanitária.
“Por exemplo, uma ‘fake news’ num contexto político tem algumas propriedades textuais e lexicais de uma ‘fake news’ num contexto da saúde. Uma ‘fake news’ que foi publicada há um ano pode não ter as mesmas propriedades que uma que foi publicada hoje”, referiu, adiantando que a pandemia da covid-19 tem sido “um caso de estudo muito interessante no universo das ‘fake news’”.
Apesar do desenvolvimento deste sistema estar a ser “uma tarefa desafiante”, o investigador afirmou que o sistema poderá vir a ser usado como “arma para o combate às ‘fake news’”.
“Um dos fatores para que as ‘fake news’ tenham um alcance significativo é o facto dos utilizadores que acreditam nelas as propagaram pela sua rede. Se conseguirmos que alguns desses utilizadores verifiquem a publicação no nosso sistema, então estamos a dissuadir e mitigar a sua difusão”, concluiu.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
MARTE TEVE PERÍODOS QUENTES E ÁGUA DURANTE 40 MILHÕES DE ANOS
Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.
Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.
O facto de atualmente Marte ser frio e seco mas ter tido rios e lagos há vários milhares de milhões de anos intriga os cientistas há décadas.
“Tem sido um verdadeiro mistério que houvesse água líquida em Marte, porque Marte está mais longe do Sol e, além disso, o Sol era mais fraco no início”, explicou, em comunicado, Danica Adams, investigadora de pós-doutoramento da NASA na Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson (SEAS) de Harvard e principal autora do novo artigo publicado na Nature Geoscience.
Anteriormente, existia a teoria de que o hidrogénio era o ingrediente mágico que, quando misturado com o dióxido de carbono da atmosfera marciana, desencadeava episódios de aquecimento global. Mas a vida útil do hidrogénio atmosférico é curta, pelo que foi necessária uma análise mais detalhada.
Agora, Adams, o professor Robin Wordsworth de Ciências Ambientais e Engenharia na SEAS, e a sua equipa realizaram modelação fotoquímica (semelhante aos métodos utilizados hoje em dia para rastrear poluentes atmosféricos) para preencher os detalhes da relação da atmosfera marciana primitiva com o hidrogénio e como este relacionamento mudou ao longo do tempo.
“Marte antiga é um mundo perdido, mas pode ser reconstruído em detalhe se fizermos as perguntas certas”, frisou Wordsworth.
“Este estudo sintetiza a química atmosférica e o clima pela primeira vez para fazer algumas previsões surpreendentes que podem ser testadas quando trouxermos rochas de Marte para a Terra”, acrescentou.
Adams modificou um modelo chamado CINETICA para simular como uma combinação de hidrogénio e outros gases que reagem com o solo e o ar controlavam o clima marciano primitivo.
Descobriu que durante os períodos Noachiano e Hesperian, entre há 4 e 3 mil milhões de anos, Marte passou por períodos quentes episódicos ao longo de cerca de 40 milhões de anos, com cada evento a durar 100.000 anos ou mais.
Estas estimativas são consistentes com as características geológicas de Marte atualmente. Os períodos quentes e húmidos eram causados pela hidratação da crosta, ou perda de água do solo, que fornecia hidrogénio suficiente para se acumular na atmosfera durante milhões de anos.
“Identificámos escalas de tempo para todas estas alternâncias. E descrevemos todas as peças no mesmo modelo fotoquímico”, sublinhou Adams.
O trabalho de modelação fornece novas perspetivas potenciais sobre as condições que sustentaram a química prebiótica (os fundamentos da vida posterior como a conhecemos) durante os períodos quentes, e os desafios para a persistência dessa vida durante os intervalos frios e oxidativos.
Adams e outros cientistas estão a começar a trabalhar para encontrar evidências destas alternâncias utilizando modelos químicos isotópicos e planeiam comparar estes resultados com rochas da próxima missão Mars Sample Return (MRS).
Como Marte não possui placas tectónicas, ao contrário da Terra, a superfície visível atualmente é semelhante à de antigamente, tornando a sua história dos lagos e rios muito mais intrigante, realçou ainda.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
ASTEROIDE BENNU REVELOU EXISTÊNCIA DE MOLÉCULAS DE ADN
Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.
Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.
De acordo com o trabalho publicado esta quarta-feira na revista científica Nature Astronomy, as amostras analisadas revelaram a presença das cinco bases nitrogenadas — adenina, guanina, citosina, timina e uracilo — necessárias para a construção de ADN e ARN.
Foram igualmente identificados pelos investigadores da Universidade Hokkaido, no Japão, os compostos xantina, hipoxantina e ácido nicotínico (vitamina B3).
Uma amostra de 121,6 gramas do asteroide Bennu chegou à Terra em 2023 à “boleia” da missão Osiris-Rex, da agência espacial norte-americana (NASA).
Tratou-se da maior amostra extraterrestre recolhida e enviada para a Terra.
Segundo uma das teses, os asteroides (corpos rochosos do Sistema Solar) contribuíram com água e componentes químicos essenciais para a vida na Terra há milhares de milhões de anos.
Embora os meteoritos na Terra provenham de asteroides, a interpretação dos seus dados “é desafiante” face à “exposição à humidade” da atmosfera e a “uma biosfera descontrolada”, refere a Universidade Hokkaido em comunicado, assinalando que “amostras imaculadas recolhidas de asteroides no espaço são os candidatos ideais”.
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