INTERNACIONAL
INGLATERRA CHUMBA ACORDO DO BREXIT
O parlamento britânico rejeitou hoje o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia negociado pelo Governo de Theresa May com Bruxelas, por 432 votos contra e apenas 202 a favor.
O acordo proposto pelo Governo da primeira-ministra, Theresa May, para a saída da União Europeia (UE) foi esta terça-feira rejeitado no parlamento britânico, com 202 votos a favor, 432 votos contra. Jeremy Corbyn, líder da oposição, apresentou uma moção de censura em resposta ao resultado da votação.
O “acordo da primeira-ministra”, como é frequentemente descrito, foi negociado pelo Governo durante 17 meses com o objetivo de permitir uma saída ordenada, mas mantendo uma relação económica e política próxima com o bloco europeu.
A votação, decorrida por volta das 19h40, foi reveladora da postura do Parlamento britânico perante o acordo: 202 votos a favor, 432 votos contra. O desenlace é considerado com uma das maiores derrotas da história moderna do Reino Unido.
Como consequência, Jeremy Corbyn, líder da oposição trabalhista, anunciou que iria avançar com uma moção de censura ao governo de Theresa May, que propôs que fosse debatida e votada amanhã.
A sessão do quinto e último dia de debate sobre o acordo para o ‘Brexit’ começou às 12:00 horas e encerrou pelas 19:00 horas com uma declaração da chefe do governo. Fora do Parlamento, milhares de pessoas – pró e contra o Brexit – ajuntavam-se à espera da decisão.
Naquilo que descreveu como um “decisão histórica” a ser tomada pelos deputados britânicos, Theresa May voltou a apelar ao voto para aprovar o acordo que negociou com Bruxelas, falando num “dever de concretizar a decisão democrática do povo britânico e fazê-lo de uma forma que una de novo o país”.
A primeira ministra voltou a colocar fora de hipótese um segundo referendo, alegando que criaria de novo discórdia no país, “sem consenso sobre a pergunta, quanto mais sobre a resposta”, acrescentando que sair sem acordo não respeitaria o voto no referendo de 2016 e eleições antecipadas, como deseja o partido Trabalhista, não resolveria o impasse.
Indo contra a vontade de Jeremy Corbyn, que tem apelado à realização de eleições legislativas antecipadas – prevendo que, vencendo o Partido Trabalhista, este poderia tentar negociar um novo acordo com Bruxelas – May disse que “no final de uma eleição a escolha permaneceria: ainda seria a ausência de Brexit, sair sem acordo ou sair com um acordo e não há garantia de que uma eleição facilitaria a aritmética do parlamento”.
Perante o risco de mais meses de incerteza e discórdia, May resumiu: “Excluindo todas estas opções, ficamos com apenas uma: votar a favor deste acordo esta noite”.
Depois desta intervenção, os parlamentares votaram uma de 13 propostas de emendas apresentadas pelos diferentes deputados e grupos políticos, deliberando depois quanto ao texto negociado com Bruxelas.
Das 13 entregues a John Bercow, o presidente da Câmara dos Comuns tinha filtrado quatro, mas Jeremy Corbyn, o conservador Edward Leigh e o nacionalista escocês Ian Blackford do SNP acabaram por não pedir a votação das suas propostas, ficando sujeita a votação apenas a de John Baron, quanto à Irlanda do Norte. A votação teve apenas 24 votos “sim” e 600 “não”, sendo chumbada.
O acordo que foi a votos hoje era para ter sido inicialmente votado em dezembro. Na altura, Theresa May adiou a decisão uma vez que o chumbo do documento parecia quase inevitável e comprometeu-se a obter “garantias legais e políticas” dos líderes europeus para tentar ultrapassar as objeções relacionadas com o “backstop”.
O documento define os termos da saída do Reino Unido da UE, incluindo uma compensação financeira de 39 mil milhões de libras (44 mil milhões de euros), os direitos dos cidadãos e um mecanismo para manter a fronteira da Irlanda do Norte com a República da Irlanda aberta se as negociações para um novo acordo não forem concluídas até ao final de dezembro de 2020, quando acaba o período de transição.
Inclui também uma declaração política não vinculativa sobre as relações futuras com as linhas gerais para negociar um futuro acordo comercial, que preconiza uma parceria económica e uma cooperação estreita em matéria de justiça e segurança.
O principal ponto de discórdia é a solução de salvaguarda para a província britânica da Irlanda do Norte, conhecida por ‘backstop’, que é contestada tanto por adeptos como por opositores ao Brexit devido ao risco de deixar o pais “indefinidamente” numa união aduaneira sem poder sair unilateralmente.
Cerca de cem eurodeputados mostraram-se esta segunda-feira disponíveis para apoiar uma eventual suspensão, por parte do Reino Unido, do pedido de ativação do artigo 50 da União Europeia, para possibilitar um adiamento da saída, no âmbito do Brexit.
Os deputados europeus que assinam a carta vincam, ainda, que “qualquer decisão britânica de permanecer na União Europeia seria calorosamente bem-vinda”.
Da parte de Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, afirmou hoje que o país apoiaria um pedido do Reino Unido para prolongar o período de negociações do ‘Brexit’, assim como uma eventual decisão de reverter a saída da União Europeia.
Criado aquando do Tratado de Lisboa, em 2007, o artigo 50 regula a saída de um Estado-membro. Estipula que um Estado-membro que queira sair da União deve “notificar o Conselho Europeu da sua intenção”, o que aconteceu em março de 2017 através da entrega, por parte do Reino Unido, de uma carta formal a Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, no seguimento do referendo de junho de 2016.
Previsto está, por isso, que o Reino Unido deixe a UE no final de março de 2019, dois anos após o lançamento oficial do processo de saída e quase três anos após o referendo, que viu 52% dos britânicos votarem a favor do Brexit.
INTERNACIONAL
BIBLIOTECA SOBRE O NAZISMO E O HOLOCAUSTO ACESSÍVEL NA INTERNET DESDE HOJE
Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.
Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.
A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto, com sede em Londres, reúne centenas de milhares de documentos originais sobre a situação dos judeus europeus antes de 1939, o regime nazi e o Holocausto.
A biblioteca decidiu tornar acessível hoje, no 80.º aniversário da libertação de Auschwitz, parte da sua coleção, nomeadamente fotografias, cartas e testemunhos que atestam os crimes nazis no campo da Polónia (https://wienerholocaustlibrary.org/).
“A necessidade de defender a verdade tornou-se ainda mais urgente devido ao ressurgimento do antissemitismo e de outras formas de desinformação e ódio”, explicou Toby Simpson, diretor da biblioteca, citado num comunicado.
“Ao disponibilizar gratuitamente uma grande quantidade de provas em linha [‘online’], estamos a garantir que os arquivos históricos são acessíveis a todos”, afirmou, segundo a agência francesa AFP.
Entre os mais de 150.000 documentos disponíveis em linha pela primeira vez, encontram-se numerosas fotografias tiradas aquando da libertação do campo de Auschwitz, em 27 de janeiro de 1945.
Também ficaram acessíveis documentos utilizados nos julgamentos de Nuremberga, durante os quais os principais dirigentes do Terceiro Reich, o regime nazi alemão de Adolf Hitler, foram julgados.
A biblioteca publica também cerca de 500 folhetos e livros de propaganda antifascista, distribuídos na Alemanha na década de 1930 e disfarçados de anúncios de champôs ou livros de receitas, para escapar à vigilância do regime nazi.
Revela também documentos que mostram a ascensão do fascismo no Reino Unido antes e depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
“Numa altura em que figuras de extrema-direita ameaçam a Europa e não só, estas coleções revelam não só as origens destas ideologias perigosas, mas também as motivações e estratégias daqueles que, ao longo da História, as mantiveram à distância”, disseram os responsáveis pela biblioteca.
A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto foi fundada na década de 1930 por Alfred Wiener, que fez campanha contra o nazismo nas décadas de 1920 e 1930.
Depois de fugir da Alemanha para os Países Baixos, em 1933, começou a recolher provas da perseguição dos judeus.
Continuou o seu trabalho a partir do Reino Unido, onde se exilou pouco antes do início da guerra e onde a biblioteca ainda se encontra, no centro de Londres.
Sobreviventes de Auschwitz, acompanhados pelo Presidente polaco, Andrzej Duda, depositaram flores hoje de manhã em frente ao Muro da Morte do campo, onde os prisioneiros eram fuzilados.
Alguns usavam lenços às riscas azuis e brancas, simbolizando os antigos uniformes prisionais. Ao pé do muro, acenderam velas em memória dos mortos e tocaram o muro com uma mão, em silêncio.
A cerimónia, sob o portão de entrada de Birkenau, deverá começar às 16:00 locais (15:00 em Lisboa) e contará com a presença de 54 delegações internacionais, algumas das quais lideradas por chefes de Estado, mas o foco estará nos sobreviventes, segundo a organização.
“Este ano, estamos a centrar-nos nos sobreviventes e na sua mensagem”, disse à AFP o porta-voz do museu de Auschwitz, Pawel Sawicki.
“Não haverá discursos de políticos”, acrescentou.
Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no campo entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.
INTERNACIONAL
PAPA DIZ QUE HOLOCAUSTO NÃO PODE SER ESQUECIDO OU NEGADO
O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
“Amanhã é o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, 80 anos após a libertação do campo de concentração de Auschwitz. O horror do extermínio de milhões de judeus e de pessoas de outras religiões durante esses anos não pode ser esquecido nem negado”, afirmou o Papa no final da oração do Angelus dominical.
Lembrando que, durante esses anos, foram também mortos “muitos cristãos, muitos mártires”, Francisco apelou a que “todos trabalhem em conjunto para erradicar o flagelo do antissemitismo e outras formas de discriminação e perseguição religiosa”.
“Construamos juntos um mundo mais fraterno e justo, educando os jovens a ter um coração aberto a todos na lógica da fraternidade, do perdão e da paz”, concluiu.
Proclamado oficialmente em novembro de 2005, o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, que se assinala na segunda-feira, comemora a libertação pelas tropas soviéticas, em 1945, do campo de concentração e extermínio nazi alemão de Auschwitz-Birkenau.
Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no local entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.
Na segunda-feira, uma cerimónia oficial com a presença de cerca de meia centena de sobreviventes e 54 delegações internacionais assinalará o 80.º aniversário da libertação do local.
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