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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

MORTE DAS CÉLULAS CEREBRAIS AJUDA OS PACIENTES DE ALZHEIMER

Cientistas do Centro Champalimaud concluíram, numa experiência com moscas-da-fruta, que a morte de neurónios (células cerebrais) na doença de Alzheimer é benéfica, ao contrário do que se pensava, ao eliminar dos circuitos cerebrais neurónios disfuncionais.

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Cientistas do Centro Champalimaud concluíram, numa experiência com moscas-da-fruta, que a morte de neurónios (células cerebrais) na doença de Alzheimer é benéfica, ao contrário do que se pensava, ao eliminar dos circuitos cerebrais neurónios disfuncionais.

O estudo, cujas conclusões terão de ser validadas em pessoas com a doença de Alzheimer, foi publicado esta quarta-feira na revista científica “Cell Reports”.

Na experiência, as moscas-da-fruta foram geneticamente modificadas para reproduzir os sintomas da doença de Alzheimer humana, neste caso, para expressarem no seu cérebro a proteína beta-amiloide que forma placas no cérebro dos doentes.

Segundo uma das investigadoras, Christa Rhiner, citada em comunicado da Fundação Champalimaud, a moscas transgénicas apresentavam “perda de memória de longo prazo, um envelhecimento acelerado do cérebro e problemas de coordenação motora, que pioravam com a idade”.

Quando uma outra cientista, Dina Coelho, primeira autora do estudo, bloqueou a morte de neurónios no cérebro das moscas, estas “desenvolveram problemas de memória e coordenação motora ainda piores, morreram mais cedo e o seu cérebro deteriorou-se mais depressa”.

Em contrapartida, quando acelerou a morte dos neurónios, em que os mais aptos desencadeavam o “suicídio”‘ dos menos aptos, isto é, mais disfuncionais, as moscas que expressavam a proteína beta-amiloide associada à doença de Alzheimer recuperaram.

“As moscas comportavam-se quase como moscas normais no que diz respeito à formação de memórias, ao comportamento locomotor e à aprendizagem”, sustenta Christa Rhiner no mesmo comunicado, que salienta que a recuperação ocorreu quando os insetos já estavam muito afetados pela doença de Alzheimer.

O estudo sugere que a morte de neurónios “é benéfica porque remove dos circuitos cerebrais os neurónios afetados por agregados tóxicos de beta-amiloide, e que manter esses neurónios disfuncionais é pior do que perdê-los”, defende o investigador Eduardo Moreno, que também participou na investigação.

 

Para os autores do estudo, os resultados poderão ter implicações no tratamento da doença de Alzheimer, uma vez que, de acordo com Eduardo Moreno, “algumas substâncias experimentais” que bloqueiam substâncias inibidoras da morte celular, acelerando a morte de neurónios, “existem e estão a ser testadas”.

O comunicado da Fundação Champalimaud lembra que a tese que tem prevalecido sobre a doença de Alzheimer é que a morte de neurónios “é responsável pelo caos cognitivo” gerado pela doença, e não, como aponta o novo estudo, “um mecanismo protetor”, que “tenta proteger o cérebro da acumulação de neurónios disfuncionais”.

LUSA

CIÊNCIA & TECNOLOGIA

O MANTO DA TERRA É MENOS MISTURADO DO QUE SE PENSAVA – ESTUDO

Um estudo sismológico indica que as duas enormes ‘ilhas’ existentes sob a superfície da Terra estão a uma temperatura mais elevada do que o material circundante, indicando que o manto da Terra é menos misturado do que se pensava.

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Um estudo sismológico indica que as duas enormes ‘ilhas’ existentes sob a superfície da Terra estão a uma temperatura mais elevada do que o material circundante, indicando que o manto da Terra é menos misturado do que se pensava.

Ambas as ‘ilhas’ foram descobertas no final do século passado. Os investigadores definem-nas como dois “supercontinentes” localizados entre o núcleo e o manto da Terra: um sob África e o outro sob o Oceano Pacífico, ambos a mais de 2000 quilómetros abaixo da superfície da Terra.

“Estas duas grandes ilhas estão rodeadas por uma espécie de ‘cemitério’ de placas tectónicas que foram transportadas para lá por um processo de subducção, em que uma placa submerge sob outra e se afunda da superfície da Terra até uma profundidade de quase 3.000 quilómetros”, realçou Arwen Deuss, sismóloga da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, e uma das autoras do estudo publicado na quarta-feira na revista Nature.

Até agora, os modelos sísmicos utilizavam apenas velocidades de onda para distinguir a composição e as características térmicas de diferentes partes da estrutura interna da Terra.

A investigação atual combinou as velocidades das ondas com uma técnica chamada “observações de atenuação” que permitiu o estudo do interior da Terra em três dimensões, algo “fundamental para compreender a evolução da composição” do manto, apontaram os autores.

A nova técnica permitiu-lhes “obter uma visão do interior do planeta, semelhante à que os médicos obtêm do corpo humano através dos raios X”.

Os resultados indicaram que, quando atingem estas ‘ilhas’ interiores do tamanho de continentes, as ondas abrandam porque a temperatura é mais elevada.

Ao estudar a composição dos minerais no manto, os investigadores descobriram também que o tamanho dos grânulos minerais nestas ‘ilhas’ gigantes é visivelmente maior do que nas placas tectónicas ‘mortas’ que as rodeiam.

“Estes grânulos minerais não crescem de um dia para o outro, o que só pode significar uma coisa: são muito maiores, mais rígidos e, por isso, mais antigos do que os cemitérios de camadas mortas circundantes. Isto indica que as ‘ilhas’ não participam no fluxo no manto terrestre”, explicou outra autora, Sujania Talavera-Soza, da mesma universidade.

“Ao contrário do que nos ensinam os livros de geografia, o manto também não pode ser bem misturado. Há menos fluxo no manto terrestre do que pensamos”, acrescentou Talavera-Soza.

O conhecimento do manto terrestre é essencial para compreender a evolução do planeta e de outros fenómenos à superfície da Terra, como os vulcões e a formação de montanhas.

Para este tipo de investigação, os sismólogos aproveitam as oscilações provocadas por fortes sismos que ocorrem a grandes profundidades, como o que ocorreu na Bolívia em 1994 — 650 quilómetros abaixo da superfície — sem causar danos ou vítimas, e a descrição matemática da força destas oscilações.

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UNIVERSIDADE DE COIMBRA LANÇA LIVRO PARA IDENTIFICAÇÃO DE ABELHAS DE PORTUGAL

A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou um livro técnico para identificação de géneros de abelhas de Portugal.

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A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou um livro técnico para identificação de géneros de abelhas de Portugal.

A obra “Chaves Dicotómicas dos Géneros de Abelhas de Portugal. Hymenoptera: Anthophila”, uma adaptação e tradução de “Key to the Genera of European Bees (Hymenoptera: Anthophila)”, é o primeiro a ser publicado sobre o tema para Portugal e em português, revelou a FCTUC, em nota enviada à agência Lusa.

Produzido no âmbito dos projetos PolinizAÇÃO e EPIC-Bee, em colaboração com a Imprensa da Universidade de Coimbra, o livro já está disponível para ‘download’ gratuito.

“Desenvolvido como uma ferramenta para a identificação de géneros de abelhas, o livro destina-se principalmente a um público académico e técnico, constituindo um marco significativo no campo da entomologia e um contributo valioso para a conservação dos insetos polinizadores”, referiu a FCTUC.

A produção do livro técnico contou com o envolvimento de investigadores do FLOWer Lab do Centro de Ecologia Funcional e do Departamento de Ciências da Vida da FCTUC, nomeadamente Hugo Gaspar, Sílvia Castro e João Loureiro.

“Este livro preenche uma lacuna de décadas na investigação sobre as abelhas selvagens em Portugal, uma vez que atualiza o conhecimento e aproxima-o da comunidade entomológica nacional através da adaptação e tradução para a língua portuguesa”, afirmou o entomólogo e aluno de doutoramento da FCTUC, Hugo Gaspar.

O trabalho “será extremamente útil não só para investigadores que trabalham no estudo e conservação de polinizadores, mas também para estudantes, naturalistas e para todos os que tiverem interesse em aprender sobre a identificação de abelhas”, acrescentou.

A obra contou também com a colaboração do investigador da Universidade do Porto, José Grosso-Silva, e da equipa de investigadores ligada ao Laboratório de Zoologia da Universidade de Mons (Bélgica), através dos projetos europeus Spring, Orbit e Epic-Bee.

A FCTUC declarou que este lançamento reforça o compromisso da Universidade de Coimbra em promover a ciência e desenvolver ferramentas de apoio à investigação científica e ao conhecimento sobre biodiversidade.

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