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ECONOMIA & FINANÇAS

NO WEB SUMMIT HÁ “CONNECTS”, NEGÓCIOS, COPOS E “FLIRT”

A Web Summit não vive só das actividades diurnas, de noite, os empreendedores juntam-se nos bares de Lisboa – falam de negócios, da capital portuguesa, alguns garantem que é aqui a verdadeira cimeira, outros assumem objetivos diferentes: copos e engates.

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LUSA

Numa normal noite de segunda-feira, a zona do Cais do Sodré já é, de há uns meses para cá, diferente do que era: há mais pessoas, mais espaços abertos, mais animação. Na primeira Night Summit da edição deste ano, contudo, a sensação era de sexta-feira ou sábado e não de segunda-feira, tal a azáfama de pessoas – o Cais vira ‘Caos’ do Sodré.

Na Night Summit, evento paralelo à conferência de tecnologia, pretende-se tirar a gravata do fato e conviver com uma cerveja na mão. A reportagem da Agência Lusa arrancou no Mercado da Ribeira, espaço dinamizado pela Time Out, e a primeira abordagem foi de Paul, nova-iorquino que está em Lisboa pela primeira vez para participar na Web Summit.

“Parece ser uma cidade muito amigável”, diz. Já andou de Uber, descobriu o mercado através de recomendações na Internet, e pergunta-nos uma sugestão para jantar. E a cimeira? “Amanhã estreio-me. Estou muito curioso”.

Passada a hora de jantar, o foco no Cais do Sodré é a chamada ‘Rua Cor-de-Rosa’ (a Rua Nova do Carvalho), onde existem mais bares e dinâmica de festa. É comum vermos chegarem muitos carros de plataformas como a Uber ou a Cabify a deixarem participantes – muitos ainda trazem ao pescoço a credencial, caso tivéssemos dúvida do porquê de estarem no Cais do Sodré nesta segunda-feira à noite.

Evelina Khmelevska, 34 anos, veio da Ucrânia para apresentar uma aplicação ligada ao setor da educação. Mostra-se curiosa com a noite lisboeta e elogia o bom tempo — confidencia-nos que até há poucos dias havia concentrações nas praias, e quase parece não acreditar. “Estou a adorar Portugal”.

Menos entusiasta está Geoff Kopp. Nascido na Austrália, trabalha no Dubai, na promoção de ‘start-ups’ e foi a Dublin há dois anos à Web Summit. Diz que, na comparação, Portugal “tem uma organização inferior, mais confusa”.

A Night Summit, diz, “é onde se fazem verdadeiramente os negócios”. “Durante o dia há muitas conferências, as pessoas andam espalhadas. De noite, é mais fácil agilizar contactos”, confidencia. Em Lisboa, de todo o modo, é diferente de Dublin, onde a área noturna era mais centralizada – na capital portuguesa, os empreendedores espalham-se pelo Cais do Sodré, onde a Lusa circulou, mas também pelo Bairro Alto.

“Isto está espectacular, meus!”, ouvimos em vibrante português. A língua de Camões talvez não seja a mais falada por estes dias, mas tamanho entusiasmo levou-nos a conhecer Pedro, que trabalha numa empresa de ‘software’. Questionamos se o entusiasmo se deve a algum concretizar de negócio. “Nada disso, é só copos”, conta, entre risos, antes de elogiar a diversidade feminina que por estes dias preenche Lisboa.

Cartões de visita, identificações via ‘smartphone’, tudo serve para uma primeira apresentação na noite lisboeta. Há quem diga que é nestas horas que se fecham negócios, outros advogam os méritos da cerveja portuguesa e da multiplicidade de relações que se podem estabelecer.

A Web Summit decorre até quinta-feira, no Altice Arena (antigo Meo Arena) e na Feira Internacional de Lisboa (FIL), em Lisboa.

Segundo a organização, nesta segunda edição do evento em Portugal, participam 59.115 pessoas de 170 países, entre os quais mais de 1.200 oradores, duas mil ‘startups’, 1.400 investidores e 2.500 jornalistas.

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SETE EM CADA DEZ EMPRESAS DISCORDAM DA SEMANA DE QUATRO DIAS

Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.

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Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.

Elaborado pela Associação Industrial Portuguesa — Câmara de Comércio e Indústria (AIP-CCI) e referente ao quarto trimestre de 2024, o “Inquérito de Contexto Empresarial sobre o Mercado Laboral” indica ainda que 70% das empresas defendem que matérias laborais como carreiras, benefícios, remunerações complementares ou limites de horas extraordinárias deveriam ser concertadas no interior das empresas e não em sede de Contrato Coletivo de Trabalho (CCT).

Relativamente ao banco de horas individual, 71% das empresas inquiridas dá parecer favorável e, destas, 74% entende que deveria ser fixado por acordo dentro da empresa, em vez de nas convenções coletivas de trabalho.

Segundo nota a AIP, entre as empresas que mais defendem esta concertação interna estão as pequenas e médias empresas.

Já em termos de modelo de trabalho, 81% das 523 empresas participantes dizem praticar trabalho presencial, 17% um modelo híbrido e 2% teletrabalho. Entre as que adotaram um modelo híbrido ou remoto, 73% afirmam que tal contribuiu para uma melhoria da produtividade e 84% consideram manter este modelo.

Quando questionadas sobre o Salário Mínimo Nacional (SMN), 83% das empresas concordam com a sua existência, ainda que 65% entendam que não deve ser encarado como um instrumento de redistribuição de riqueza.

Entre as que consideram que o SMN deve ser um instrumento com este fim, 45% diz que deveria ser a sociedade a suportá-lo, através de impostos negativos nos rendimentos mais baixos, enquanto as restantes 55% defendem que deveria ser suportado pelos custos de exploração das empresas.

Relativamente ao valor de 1.020 euros mensais projetados para o SMN até ao final da atual legislatura, mais de metade (56%) das empresas inquiridas apontam que é suportável pela conta de exploração das empresas, embora 95% desconheça algum estudo que aponte o seu setor de atividade como tendo capacidade para o financiar.

Para 65% das empresas, a fixação anual do salário mínimo deveria estar dependente da evolução da produtividade.

Quando questionadas sobre a autodeclaração de doença, 55% das empresas manifestou-se contra, apesar de 89% assinalar que nunca registou um caso destes ou que estes são muito pouco frequentes.

No que respeita ao designado “direito a desligar”, metade das empresas defende-o e outras tantas discordam, sendo que entre as que apresentam maior taxa de rejeição à implementação desta medida estão, sobretudo, as médias e microempresas.

Já quanto a sua comunicação à ACT, 86% das empresas discordam deste procedimento.

O inquérito da AIP-CCI foi realizado entre 12 de outubro e 11 de novembro de 2024 junto de 523 sociedades comerciais de todo o país (24% do Norte, 32% do Centro, 26% da Área Metropolitana de Lisboa, 12% do Alentejo, 3% do Algarve e 3% das ilhas).

A indústria representou 47% da amostra, seguida pelos serviços (26%), comércio (14%), construção (7%), agricultura (3%), alojamento e restauração (2%) e transportes e armazenagem (1%), sendo que 3% eram grandes empresas, 8% médias, 45% pequenas e 44% microempresas.

Da totalidade da amostra, 49,01% são empresas exportadoras.

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ERC: APENAS 4% DOS MEDIA PORTUGUESES FATURAM ACIMA DE 10 MILHÕES

As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.

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As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.

Esta é uma das conclusões do estudo de análise económica e financeira sobre os media em Portugal da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) relativo ao exercício de 2023, que tem por base dados reportados pelos regulados, no âmbito da Lei da Transparência da Titularidade dos Meios de Comunicação Social (Lei nº 78/2015, de 29 de julho).

“A análise conduzida pela ERC apurou que os ativos totais das empresas de comunicação social ascenderam a 1.123.063 euros e os rendimentos totais da atividade a 1.166.911 euros”, lê-se no comunicado do regulador.

Constatou-se “que as empresas com rendimentos superiores a 10 milhões de euros apenas representaram 4% da totalidade de entidades, mas 86% dos ativos, 84% dos capitais próprios do setor e 89% dos rendimentos”, prossegue a ERC.

O regulador refere que sobressai “o facto de não se ter assistido, em 2023, a uma melhoria dos rendimentos das empresas de comunicação social em Portugal, mantendo-se em 53% a percentagem de empresas que registam crescimento dos rendimentos”.

No período em análise, “o número de empresas com resultados líquidos positivos, resultados operacionais ou EBITDA positivos, e capitais próprios positivos situou-se em proporções inferiores a 2022”.

O estudo caracteriza o setor dos media português de “granular, composto por muitas pequenas empresas, em especial nos segmentos mais tradicionais, como as publicações periódicas e as rádios hertzianas”.

Aliás, “são as pequenas empresas que enfrentam maiores dificuldades face à alteração paradigmática da forma como os conteúdos são consumidos e dos interesses e composição dos consumidores, limitando ou inibindo a capacidade de crescimento”.

A publicidade continuou a ser a principal fonte de receitas do setor em 2023, “mas a sua evolução apresentou um comportamento misto entre as principais instituições”.

De acordo com a análise, “verificou-se um aumento das receitas de publicidade do segmento de televisão, mas mais centrado nos canais de televisão por subscrição (STVS) em detrimento do ‘free-to-air’ [canais gratuitos]”.

O consumo de notícias “é cada vez mais fragmentado entre diferentes plataformas comunicacionais e que a utilização do vídeo como fonte noticiosa tem vindo a crescer, especialmente entre os mais jovens”, refere a análise, que adianta que como “principal fonte de conteúdos de vídeo noticiosos surgem as plataformas de partilha de vídeo em detrimento dos ‘sites’ dos editores, o que aumenta os desafios de monetização de produção de conteúdos e conexão destes últimos”.

O estudo completo da ‘Análise Económica e Financeira ao Setor de Media em Portugal no ano 2023’ pode ser consultado na página da ERC.

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