ECONOMIA & FINANÇAS
NUNCA AS FAMÍLIAS POUPARAM TÃO POUCO
As famílias portuguesas nunca pouparam tão pouco, tendo poupado apenas 3,8% do seu rendimento disponível no ano terminado em março, o valor mais baixo dos últimos 18 anos.
As famílias portuguesas nunca pouparam tão pouco, tendo poupado apenas 3,8% do seu rendimento disponível no ano terminado em março, o valor mais baixo dos últimos 18 anos.
Os dados são compilados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) desde 1999, tendo reportado que a taxa de poupança voltou a cair nos 12 meses concluídos no final do primeiro trimestre deste ano, ficando nos 3,8%, “menos 0,5 pontos percentuais do que no trimestre anterior”, somando assim três trimestres consecutivos de queda.
Isto acontece apesar de o rendimento das famílias estar a crescer e deve-se ao facto de se registar “uma variação mais intensa na despesa de consumo final do que no rendimento disponível”.
Quando o INE começou a compilar estes dados, no último trimestre de 1999, as famílias poupavam 11,4% do seu rendimento disponível, ficando a taxa de poupança nos dois anos seguintes em torno dos 10% a 11% e atingindo o valor máximo de toda a série (de 12%) no ano terminado no terceiro trimestre de 2002.
A poupança dos particulares caiu pela primeira vez abaixo dos dois dígitos nos 12 meses concluídos no primeiro trimestre de 2004, tendo a partir daí permanecido quase sempre abaixo dos 10% do rendimento disponível e acentuado o ritmo de queda a partir de 2009.
Mantendo esta tendência, a taxa de poupança tocou os 5% pela primeira vez no final de 2014 e, desde então, tem vindo a cair de forma praticamente consecutiva até ter chegado aos 3,8% no ano terminado em março de 2017, o valor mais baixo de toda a série.
No quadro europeu, no final de 2016, Portugal apresentava uma taxa de poupança de 4,3%, abaixo da média de 10,3% da Europa a 28 e de 12,2% dos 19 países da área do euro.
Olhando para 2015, o último ano para o qual há dados para a maioria dos países da União Europeia, verifica-se que Portugal teve a sexta taxa de poupança mais baixa (de 4,5%).
Bulgária (-6,3%), Chipre (-5,7%), Letónia (-2,2%) e Lituânia (-1,9%) registaram uma taxa de poupança negativa, o que quer dizer que as famílias gastaram mais do que os rendimentos que têm.
Por oposição, os suecos (18,6%), os alemães (17,3%) e os eslovenos (14,8%) foram os europeus que pouparam uma proporção maior do seu rendimento disponível em 2015, de acordo com dados do Eurostat.
O INE divulga esta sexta-feira a taxa de poupança das famílias registada no ano terminado no primeiro semestre, tendo o ministro das Finanças afirmado em junho que estão criadas as condições para que este indicador inverta a tendência de queda e comece a recuperar.
“Penso que estão criadas as condições para que isso aconteça e há indicadores positivos que nos permitem esperar uma inversão do lado da poupança”, referiu Mário Centeno, sublinhando que os dados trimestrais devem ser vistos com cautela, por serem “voláteis”.
Por outro lado, defendeu que devem continuar a ser seguidas as políticas que permitem essa poupança, tendo destacado a redução da carga fiscal e o aumento de rendimentos como bons exemplos do que já foi feito pelo atual Governo: “São contributos importantes e, também por isso, esperamos que nos próximos trimestres haja uma alteração dessa tendência”, reiterou.
ECONOMIA & FINANÇAS
SETE EM CADA DEZ EMPRESAS DISCORDAM DA SEMANA DE QUATRO DIAS
Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.
Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.
Elaborado pela Associação Industrial Portuguesa — Câmara de Comércio e Indústria (AIP-CCI) e referente ao quarto trimestre de 2024, o “Inquérito de Contexto Empresarial sobre o Mercado Laboral” indica ainda que 70% das empresas defendem que matérias laborais como carreiras, benefícios, remunerações complementares ou limites de horas extraordinárias deveriam ser concertadas no interior das empresas e não em sede de Contrato Coletivo de Trabalho (CCT).
Relativamente ao banco de horas individual, 71% das empresas inquiridas dá parecer favorável e, destas, 74% entende que deveria ser fixado por acordo dentro da empresa, em vez de nas convenções coletivas de trabalho.
Segundo nota a AIP, entre as empresas que mais defendem esta concertação interna estão as pequenas e médias empresas.
Já em termos de modelo de trabalho, 81% das 523 empresas participantes dizem praticar trabalho presencial, 17% um modelo híbrido e 2% teletrabalho. Entre as que adotaram um modelo híbrido ou remoto, 73% afirmam que tal contribuiu para uma melhoria da produtividade e 84% consideram manter este modelo.
Quando questionadas sobre o Salário Mínimo Nacional (SMN), 83% das empresas concordam com a sua existência, ainda que 65% entendam que não deve ser encarado como um instrumento de redistribuição de riqueza.
Entre as que consideram que o SMN deve ser um instrumento com este fim, 45% diz que deveria ser a sociedade a suportá-lo, através de impostos negativos nos rendimentos mais baixos, enquanto as restantes 55% defendem que deveria ser suportado pelos custos de exploração das empresas.
Relativamente ao valor de 1.020 euros mensais projetados para o SMN até ao final da atual legislatura, mais de metade (56%) das empresas inquiridas apontam que é suportável pela conta de exploração das empresas, embora 95% desconheça algum estudo que aponte o seu setor de atividade como tendo capacidade para o financiar.
Para 65% das empresas, a fixação anual do salário mínimo deveria estar dependente da evolução da produtividade.
Quando questionadas sobre a autodeclaração de doença, 55% das empresas manifestou-se contra, apesar de 89% assinalar que nunca registou um caso destes ou que estes são muito pouco frequentes.
No que respeita ao designado “direito a desligar”, metade das empresas defende-o e outras tantas discordam, sendo que entre as que apresentam maior taxa de rejeição à implementação desta medida estão, sobretudo, as médias e microempresas.
Já quanto a sua comunicação à ACT, 86% das empresas discordam deste procedimento.
O inquérito da AIP-CCI foi realizado entre 12 de outubro e 11 de novembro de 2024 junto de 523 sociedades comerciais de todo o país (24% do Norte, 32% do Centro, 26% da Área Metropolitana de Lisboa, 12% do Alentejo, 3% do Algarve e 3% das ilhas).
A indústria representou 47% da amostra, seguida pelos serviços (26%), comércio (14%), construção (7%), agricultura (3%), alojamento e restauração (2%) e transportes e armazenagem (1%), sendo que 3% eram grandes empresas, 8% médias, 45% pequenas e 44% microempresas.
Da totalidade da amostra, 49,01% são empresas exportadoras.
ECONOMIA & FINANÇAS
ERC: APENAS 4% DOS MEDIA PORTUGUESES FATURAM ACIMA DE 10 MILHÕES
As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.
As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.
Esta é uma das conclusões do estudo de análise económica e financeira sobre os media em Portugal da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) relativo ao exercício de 2023, que tem por base dados reportados pelos regulados, no âmbito da Lei da Transparência da Titularidade dos Meios de Comunicação Social (Lei nº 78/2015, de 29 de julho).
“A análise conduzida pela ERC apurou que os ativos totais das empresas de comunicação social ascenderam a 1.123.063 euros e os rendimentos totais da atividade a 1.166.911 euros”, lê-se no comunicado do regulador.
Constatou-se “que as empresas com rendimentos superiores a 10 milhões de euros apenas representaram 4% da totalidade de entidades, mas 86% dos ativos, 84% dos capitais próprios do setor e 89% dos rendimentos”, prossegue a ERC.
O regulador refere que sobressai “o facto de não se ter assistido, em 2023, a uma melhoria dos rendimentos das empresas de comunicação social em Portugal, mantendo-se em 53% a percentagem de empresas que registam crescimento dos rendimentos”.
No período em análise, “o número de empresas com resultados líquidos positivos, resultados operacionais ou EBITDA positivos, e capitais próprios positivos situou-se em proporções inferiores a 2022”.
O estudo caracteriza o setor dos media português de “granular, composto por muitas pequenas empresas, em especial nos segmentos mais tradicionais, como as publicações periódicas e as rádios hertzianas”.
Aliás, “são as pequenas empresas que enfrentam maiores dificuldades face à alteração paradigmática da forma como os conteúdos são consumidos e dos interesses e composição dos consumidores, limitando ou inibindo a capacidade de crescimento”.
A publicidade continuou a ser a principal fonte de receitas do setor em 2023, “mas a sua evolução apresentou um comportamento misto entre as principais instituições”.
De acordo com a análise, “verificou-se um aumento das receitas de publicidade do segmento de televisão, mas mais centrado nos canais de televisão por subscrição (STVS) em detrimento do ‘free-to-air’ [canais gratuitos]”.
O consumo de notícias “é cada vez mais fragmentado entre diferentes plataformas comunicacionais e que a utilização do vídeo como fonte noticiosa tem vindo a crescer, especialmente entre os mais jovens”, refere a análise, que adianta que como “principal fonte de conteúdos de vídeo noticiosos surgem as plataformas de partilha de vídeo em detrimento dos ‘sites’ dos editores, o que aumenta os desafios de monetização de produção de conteúdos e conexão destes últimos”.
O estudo completo da ‘Análise Económica e Financeira ao Setor de Media em Portugal no ano 2023’ pode ser consultado na página da ERC.
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