INTERNACIONAL
O FIM DA NEUTRALIDADE DA INTERNET PREOCUPA A ONU
O perito da Organização das Nações Unidas (ONU) para a liberdade de expressão declarou-se, esta quarta-feira, “extremamente inquieto” com a decisão dos EUA de acabarem com a neutralidade da internet.
O perito da Organização das Nações Unidas (ONU) para a liberdade de expressão declarou-se, esta quarta-feira, “extremamente inquieto” com a decisão dos EUA de acabarem com a neutralidade da internet.
Esta neutralidade é assim designada por obrigar os fornecedores de acesso à internet a tratar da mesma maneira os conteúdos que passam pelas suas condutas.
“A neutralidade da internet é um princípio muito, muito importante para assegurar um acesso extenso à informação a todas as pessoas”, afirmou David Kaye, durante um encontro com jornalistas em Genebra.
Se o acesso à informação nos EUA não vai mudar de um dia para o outro por esta alteração, o dirigente da ONU confessou-se “extremamente inquieto com o fim da neutralidade da internet” a longo prazo.
As suas declarações sucedem-se à aprovação pelo regulador norte-americano das comunicações da proposta de suprimir as regulações criadas em 2015. Segundo o seu presidente nomeado pelos republicanos, Ajit Pair, estas regulações “musculadas” desencorajavam os investimentos e a inovação.
Os defensores da neutralidade da internet organizaram manifestações em várias cidades dos EUA, bem como ações de protesto em linha. Em causa, o receio que têm de os principais fornecedores de acesso à internet alterem o funcionamento desta.
Em concreto, defendem o estabelecimento de regras claras para impedir estes fornecedores de bloquearem ou limitarem serviços ou sítios por razões de concorrência.
Alguns destes defensores receiam que os fornecedores de acesso passem a exigir custos suplementares às empresas que fornecem conteúdos muito procurados, como a Netflix ou outros sítios de emissão de conteúdos. Esperam que, em consequência, este aumento de custos seja repercutido nos consumidores, bem como sobre as empresas em início de atividade, ainda sem recursos financeiros suficientes.
David Kaye especificou que os efeitos de esta decisão ainda eram fluidos, que poderiam passar alguns anos antes de emergirem diferenças notáveis.
À margem de uma conferência anual sobre o governo da internet, acrescentou que a sua inquietação era que, com o passar do tempo, “as empresas (norte-americanas) tomassem decisões fundadas sobre o seu modelo económico e já não sobre o conteúdo da informação”.
Exprimiu assim a sua inquietação sobre os efeitos que teria esta mudança além dos EUA.
“Se o sistema norte-americano restringir a possibilidade de estas informações saírem do país, isso teria evidentemente um impacto sobre a disponibilidade destas informações para o resto do mundo”, declarou.
Acentuou, porém, que não queria dizer que “amanhã haverá mais censura”.
INTERNACIONAL
BIBLIOTECA SOBRE O NAZISMO E O HOLOCAUSTO ACESSÍVEL NA INTERNET DESDE HOJE
Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.
Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.
A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto, com sede em Londres, reúne centenas de milhares de documentos originais sobre a situação dos judeus europeus antes de 1939, o regime nazi e o Holocausto.
A biblioteca decidiu tornar acessível hoje, no 80.º aniversário da libertação de Auschwitz, parte da sua coleção, nomeadamente fotografias, cartas e testemunhos que atestam os crimes nazis no campo da Polónia (https://wienerholocaustlibrary.org/).
“A necessidade de defender a verdade tornou-se ainda mais urgente devido ao ressurgimento do antissemitismo e de outras formas de desinformação e ódio”, explicou Toby Simpson, diretor da biblioteca, citado num comunicado.
“Ao disponibilizar gratuitamente uma grande quantidade de provas em linha [‘online’], estamos a garantir que os arquivos históricos são acessíveis a todos”, afirmou, segundo a agência francesa AFP.
Entre os mais de 150.000 documentos disponíveis em linha pela primeira vez, encontram-se numerosas fotografias tiradas aquando da libertação do campo de Auschwitz, em 27 de janeiro de 1945.
Também ficaram acessíveis documentos utilizados nos julgamentos de Nuremberga, durante os quais os principais dirigentes do Terceiro Reich, o regime nazi alemão de Adolf Hitler, foram julgados.
A biblioteca publica também cerca de 500 folhetos e livros de propaganda antifascista, distribuídos na Alemanha na década de 1930 e disfarçados de anúncios de champôs ou livros de receitas, para escapar à vigilância do regime nazi.
Revela também documentos que mostram a ascensão do fascismo no Reino Unido antes e depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
“Numa altura em que figuras de extrema-direita ameaçam a Europa e não só, estas coleções revelam não só as origens destas ideologias perigosas, mas também as motivações e estratégias daqueles que, ao longo da História, as mantiveram à distância”, disseram os responsáveis pela biblioteca.
A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto foi fundada na década de 1930 por Alfred Wiener, que fez campanha contra o nazismo nas décadas de 1920 e 1930.
Depois de fugir da Alemanha para os Países Baixos, em 1933, começou a recolher provas da perseguição dos judeus.
Continuou o seu trabalho a partir do Reino Unido, onde se exilou pouco antes do início da guerra e onde a biblioteca ainda se encontra, no centro de Londres.
Sobreviventes de Auschwitz, acompanhados pelo Presidente polaco, Andrzej Duda, depositaram flores hoje de manhã em frente ao Muro da Morte do campo, onde os prisioneiros eram fuzilados.
Alguns usavam lenços às riscas azuis e brancas, simbolizando os antigos uniformes prisionais. Ao pé do muro, acenderam velas em memória dos mortos e tocaram o muro com uma mão, em silêncio.
A cerimónia, sob o portão de entrada de Birkenau, deverá começar às 16:00 locais (15:00 em Lisboa) e contará com a presença de 54 delegações internacionais, algumas das quais lideradas por chefes de Estado, mas o foco estará nos sobreviventes, segundo a organização.
“Este ano, estamos a centrar-nos nos sobreviventes e na sua mensagem”, disse à AFP o porta-voz do museu de Auschwitz, Pawel Sawicki.
“Não haverá discursos de políticos”, acrescentou.
Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no campo entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.
INTERNACIONAL
PAPA DIZ QUE HOLOCAUSTO NÃO PODE SER ESQUECIDO OU NEGADO
O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
“Amanhã é o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, 80 anos após a libertação do campo de concentração de Auschwitz. O horror do extermínio de milhões de judeus e de pessoas de outras religiões durante esses anos não pode ser esquecido nem negado”, afirmou o Papa no final da oração do Angelus dominical.
Lembrando que, durante esses anos, foram também mortos “muitos cristãos, muitos mártires”, Francisco apelou a que “todos trabalhem em conjunto para erradicar o flagelo do antissemitismo e outras formas de discriminação e perseguição religiosa”.
“Construamos juntos um mundo mais fraterno e justo, educando os jovens a ter um coração aberto a todos na lógica da fraternidade, do perdão e da paz”, concluiu.
Proclamado oficialmente em novembro de 2005, o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, que se assinala na segunda-feira, comemora a libertação pelas tropas soviéticas, em 1945, do campo de concentração e extermínio nazi alemão de Auschwitz-Birkenau.
Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no local entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.
Na segunda-feira, uma cerimónia oficial com a presença de cerca de meia centena de sobreviventes e 54 delegações internacionais assinalará o 80.º aniversário da libertação do local.
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