ECONOMIA & FINANÇAS
OURO EM MÁXIMOS COM PERSPETIVAS DA FED E TENSÕES GEOPOLÍTICAS
O preço do ouro tem vindo a subir e atingiu máximos históricos ao superar os 2.500 dólares, o que se deve às expectativas face a um corte de juros nos EUA e também às tensões geopolíticas.
O preço do ouro tem vindo a subir e atingiu máximos históricos ao superar os 2.500 dólares, o que se deve às expectativas face a um corte de juros nos EUA e também às tensões geopolíticas.
“O preço do ouro está novamente em máximos, apoiado pelo comportamento das yields e do dólar americano que têm vindo a recuar fortemente”, tendo em conta que, “no caso do dólar, só este mês já desvalorizou mais de 3%, enquanto que as yields a 10 anos já recuaram mais de 7%”, sinaliza o analista da Xtb Henrique Tomé à Lusa .
A contribuir para as valorizações do ouro está também a incerteza geopolítica no Médio Oriente: “ainda que não esteja a ser o principal driver, tem um papel também importante”.
O preço do ouro registou um máximo histórico na semana passada, ao atingir 2.531 dólares a onça, e tem estado a negociar em valores próximos dessa marca.
Como indica também David Finger, Fund Manager na Allianz Global Investors, à Lusa, “a principal razão para a subida acentuada do ouro é a expectativa de uma política monetária menos rigorosa por parte da Reserva Federal”.
Segundo o analista, “as pressões inflacionistas mais baixas e o arrefecimento da economia nos EUA dão alguma margem para cortes no final de 2024”, nomeadamente tendo em conta os últimos comentários do presidente da Fed, Powell, que projetaram uma perspectiva pacífica.
“Além disso, o ouro está a beneficiar de tensões geopolíticas mais elevadas, uma vez que é utilizado como uma exposição estabilizadora na gestão de carteiras em tempos de crise (Ucrânia, Médio Oriente)”, destaca o analista, acrescentando ainda que os bancos centrais estão a “aumentar as suas reservas de ouro para diversificar as exposições cambiais”.
Esta última tendência também é destacada por James Luke, Fund Manager de Metais na Schroders, que escreve numa nota de análise que “o agravamento das tensões entre os Estados Unidos e a China, e as sanções impostas à Rússia após a invasão da Ucrânia em 2022, levaram os bancos centrais a comprarem um volume recorde de ouro como ativo de reserva monetária”.
O analista identifica ainda outra tendência: “os investidores ocidentais, cujas vendas não foram suficientes para travar os preços recorde do ouro, são outro participante importante que poderá passar de vendedor a comprador nos próximos trimestres”.
Quanto ao que se pode esperar para os próximos tempos, a Schroders considera mesmo que a dinâmica atual pode “desencadear um dos mais fortes mercados em alta desde que o Presidente Nixon pôs fim à possibilidade de converter dólares americanos em ouro, em novembro de 1971”, numa nota de análise.
“Com os preços do ouro a atingirem em média 2.200 dólares por onça no acumulado do ano, e a nossa opinião de que a inflação dos custos deverá abrandar consideravelmente, esperamos assistir a uma expansão muito forte das margens e à geração de fluxos de caixa à medida que o ano avança. Pensamos que o fluxo de caixa intenso e a disciplina financeira se tornarão difíceis de ignorar e, com o tempo, começarão a mudar as opiniões menos positivas”, reitera James Luke, Fund Manager de Metais na Schroders, que assina a nota.
Henrique Tomé aponta que “as perspetivas futuras são animadoras, uma vez que se espera que os fatores (USD e yields) que têm estado a contribuir para as atuais subidas, possam continuar a sua tendência descendente, devido às expectativas de reduções das taxas de juro por parte da Reserva Federal Americana”.
“Além disso, a massa monetária é um fator importante e que influencia também o comportamento dos metais preciosos: não só o ouro, como também a prata”, salienta o analista.
James Luke também considera que “a mudança das tendências geopolíticas e fiscais prepara o terreno para uma procura sustentada de ouro, e empresas de extração de ouro podem estar a preparar-se para uma recuperação significativa”.
ECONOMIA & FINANÇAS
SETE EM CADA DEZ EMPRESAS DISCORDAM DA SEMANA DE QUATRO DIAS
Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.
Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.
Elaborado pela Associação Industrial Portuguesa — Câmara de Comércio e Indústria (AIP-CCI) e referente ao quarto trimestre de 2024, o “Inquérito de Contexto Empresarial sobre o Mercado Laboral” indica ainda que 70% das empresas defendem que matérias laborais como carreiras, benefícios, remunerações complementares ou limites de horas extraordinárias deveriam ser concertadas no interior das empresas e não em sede de Contrato Coletivo de Trabalho (CCT).
Relativamente ao banco de horas individual, 71% das empresas inquiridas dá parecer favorável e, destas, 74% entende que deveria ser fixado por acordo dentro da empresa, em vez de nas convenções coletivas de trabalho.
Segundo nota a AIP, entre as empresas que mais defendem esta concertação interna estão as pequenas e médias empresas.
Já em termos de modelo de trabalho, 81% das 523 empresas participantes dizem praticar trabalho presencial, 17% um modelo híbrido e 2% teletrabalho. Entre as que adotaram um modelo híbrido ou remoto, 73% afirmam que tal contribuiu para uma melhoria da produtividade e 84% consideram manter este modelo.
Quando questionadas sobre o Salário Mínimo Nacional (SMN), 83% das empresas concordam com a sua existência, ainda que 65% entendam que não deve ser encarado como um instrumento de redistribuição de riqueza.
Entre as que consideram que o SMN deve ser um instrumento com este fim, 45% diz que deveria ser a sociedade a suportá-lo, através de impostos negativos nos rendimentos mais baixos, enquanto as restantes 55% defendem que deveria ser suportado pelos custos de exploração das empresas.
Relativamente ao valor de 1.020 euros mensais projetados para o SMN até ao final da atual legislatura, mais de metade (56%) das empresas inquiridas apontam que é suportável pela conta de exploração das empresas, embora 95% desconheça algum estudo que aponte o seu setor de atividade como tendo capacidade para o financiar.
Para 65% das empresas, a fixação anual do salário mínimo deveria estar dependente da evolução da produtividade.
Quando questionadas sobre a autodeclaração de doença, 55% das empresas manifestou-se contra, apesar de 89% assinalar que nunca registou um caso destes ou que estes são muito pouco frequentes.
No que respeita ao designado “direito a desligar”, metade das empresas defende-o e outras tantas discordam, sendo que entre as que apresentam maior taxa de rejeição à implementação desta medida estão, sobretudo, as médias e microempresas.
Já quanto a sua comunicação à ACT, 86% das empresas discordam deste procedimento.
O inquérito da AIP-CCI foi realizado entre 12 de outubro e 11 de novembro de 2024 junto de 523 sociedades comerciais de todo o país (24% do Norte, 32% do Centro, 26% da Área Metropolitana de Lisboa, 12% do Alentejo, 3% do Algarve e 3% das ilhas).
A indústria representou 47% da amostra, seguida pelos serviços (26%), comércio (14%), construção (7%), agricultura (3%), alojamento e restauração (2%) e transportes e armazenagem (1%), sendo que 3% eram grandes empresas, 8% médias, 45% pequenas e 44% microempresas.
Da totalidade da amostra, 49,01% são empresas exportadoras.
ECONOMIA & FINANÇAS
ERC: APENAS 4% DOS MEDIA PORTUGUESES FATURAM ACIMA DE 10 MILHÕES
As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.
As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.
Esta é uma das conclusões do estudo de análise económica e financeira sobre os media em Portugal da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) relativo ao exercício de 2023, que tem por base dados reportados pelos regulados, no âmbito da Lei da Transparência da Titularidade dos Meios de Comunicação Social (Lei nº 78/2015, de 29 de julho).
“A análise conduzida pela ERC apurou que os ativos totais das empresas de comunicação social ascenderam a 1.123.063 euros e os rendimentos totais da atividade a 1.166.911 euros”, lê-se no comunicado do regulador.
Constatou-se “que as empresas com rendimentos superiores a 10 milhões de euros apenas representaram 4% da totalidade de entidades, mas 86% dos ativos, 84% dos capitais próprios do setor e 89% dos rendimentos”, prossegue a ERC.
O regulador refere que sobressai “o facto de não se ter assistido, em 2023, a uma melhoria dos rendimentos das empresas de comunicação social em Portugal, mantendo-se em 53% a percentagem de empresas que registam crescimento dos rendimentos”.
No período em análise, “o número de empresas com resultados líquidos positivos, resultados operacionais ou EBITDA positivos, e capitais próprios positivos situou-se em proporções inferiores a 2022”.
O estudo caracteriza o setor dos media português de “granular, composto por muitas pequenas empresas, em especial nos segmentos mais tradicionais, como as publicações periódicas e as rádios hertzianas”.
Aliás, “são as pequenas empresas que enfrentam maiores dificuldades face à alteração paradigmática da forma como os conteúdos são consumidos e dos interesses e composição dos consumidores, limitando ou inibindo a capacidade de crescimento”.
A publicidade continuou a ser a principal fonte de receitas do setor em 2023, “mas a sua evolução apresentou um comportamento misto entre as principais instituições”.
De acordo com a análise, “verificou-se um aumento das receitas de publicidade do segmento de televisão, mas mais centrado nos canais de televisão por subscrição (STVS) em detrimento do ‘free-to-air’ [canais gratuitos]”.
O consumo de notícias “é cada vez mais fragmentado entre diferentes plataformas comunicacionais e que a utilização do vídeo como fonte noticiosa tem vindo a crescer, especialmente entre os mais jovens”, refere a análise, que adianta que como “principal fonte de conteúdos de vídeo noticiosos surgem as plataformas de partilha de vídeo em detrimento dos ‘sites’ dos editores, o que aumenta os desafios de monetização de produção de conteúdos e conexão destes últimos”.
O estudo completo da ‘Análise Económica e Financeira ao Setor de Media em Portugal no ano 2023’ pode ser consultado na página da ERC.
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