CIÊNCIA & TECNOLOGIA
PASTORES VÃO PODER CONTROLAR OS SEUS REBANHOS COM TECNOLOGIA GPS
Os pastores algarvios vão poder passar a controlar os seus rebanhos com a ajuda de tecnologia de geolocalização (GPS), no âmbito de um projeto-piloto hoje lançado em Silves, que consistiu na colocação de coleiras eletrónicas nos animais.
Os pastores algarvios vão poder passar a controlar os seus rebanhos com a ajuda de tecnologia de geolocalização (GPS), no âmbito de um projeto-piloto hoje lançado em Silves, que consistiu na colocação de coleiras eletrónicas nos animais.
“Escolhemos dois animais por rebanho e vamos colocar as coleiras que vão permitir, entre outras coisas, facilitar o controlo dos rebanhos”, disse aos jornalistas o coordenador do projeto, João Cassinello, numa exploração pecuária a norte de Algoz, no concelho de Silves.
O técnico, que trabalha na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, explicou que a utilização e divulgação desta tecnologia, baseada em sistemas de informação georreferenciados (SIG), é uma das componentes de uma das linhas de ação do Revitalgarve, projeto que pretende contribuir para a revitalização das zonas rurais da região.
O projeto-piloto vai ser aplicado num total de cinco rebanhos (quatro de ovinos e um de caprinos) com a colocação de duas coleiras eletrónicas por rebanho, com o objetivo de acompanhar e monitorizar o comportamento dos animais.
“Só com o tempo é que iremos ver se isto funciona e se realmente nos vai ajudar”, disse uma das proprietárias do rebanho, depois de ter assistido à colocação das coleiras em dois animais de raça Churra do seu rebanho com 200 ovelhas.
Anabela Coelho, que passa a poder consultar em qualquer momento, através do telemóvel, a localização do rebanho, referiu que a utilização que lhe parece mais evidente será “saber onde estão os animais que fugiram, depois de terem sido atacados por cães”.
Segundo os técnicos do Revitalgarve, a introdução desta tecnologia não irá apenas facilitar o trabalho dos pastores, de conhecer a localização exata do seu rebanho, mas também possibilitar “a obtenção de outros parâmetros produtivos”.
“Vai igualmente promover uma melhor gestão da pastagem e do território, especialmente na manutenção de áreas mais limpas e resilientes aos incêndios rurais”, de acordo com a explicação dada aos jornalistas.
Presente também na cerimónia de colocação das coleiras, o pastor Rogério Ponte confessou que ainda desconhecia os eventuais benefícios da tecnologia que ia ser introduzida: “Ainda ninguém me explicou para que serve tudo isto”, desabafou.
Durante a tarde, vão ser colocadas mais coleiras eletrónicas numa exploração frutícola em Conceição de Tavira, também no Algarve, que utiliza um rebanho de ovinos no controlo de infestantes.
“Este projeto-piloto tem cariz demonstrativo, para que outros produtores venham também a aderir a esta nova tecnologia no futuro”, disse Pedro Valadas Monteiro, vice-presidente da CCDR do Algarve, responsável na área da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas.
O Revitalgarve é um projeto financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), assente numa rede de 12 parceiros públicos e privados, que pretende criar um modelo de organização do sistema alimentar do Algarve, baseado numa rede de produtores locais e no consumo local dos produtos.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
O MANTO DA TERRA É MENOS MISTURADO DO QUE SE PENSAVA – ESTUDO
Um estudo sismológico indica que as duas enormes ‘ilhas’ existentes sob a superfície da Terra estão a uma temperatura mais elevada do que o material circundante, indicando que o manto da Terra é menos misturado do que se pensava.
Um estudo sismológico indica que as duas enormes ‘ilhas’ existentes sob a superfície da Terra estão a uma temperatura mais elevada do que o material circundante, indicando que o manto da Terra é menos misturado do que se pensava.
Ambas as ‘ilhas’ foram descobertas no final do século passado. Os investigadores definem-nas como dois “supercontinentes” localizados entre o núcleo e o manto da Terra: um sob África e o outro sob o Oceano Pacífico, ambos a mais de 2000 quilómetros abaixo da superfície da Terra.
“Estas duas grandes ilhas estão rodeadas por uma espécie de ‘cemitério’ de placas tectónicas que foram transportadas para lá por um processo de subducção, em que uma placa submerge sob outra e se afunda da superfície da Terra até uma profundidade de quase 3.000 quilómetros”, realçou Arwen Deuss, sismóloga da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, e uma das autoras do estudo publicado na quarta-feira na revista Nature.
Até agora, os modelos sísmicos utilizavam apenas velocidades de onda para distinguir a composição e as características térmicas de diferentes partes da estrutura interna da Terra.
A investigação atual combinou as velocidades das ondas com uma técnica chamada “observações de atenuação” que permitiu o estudo do interior da Terra em três dimensões, algo “fundamental para compreender a evolução da composição” do manto, apontaram os autores.
A nova técnica permitiu-lhes “obter uma visão do interior do planeta, semelhante à que os médicos obtêm do corpo humano através dos raios X”.
Os resultados indicaram que, quando atingem estas ‘ilhas’ interiores do tamanho de continentes, as ondas abrandam porque a temperatura é mais elevada.
Ao estudar a composição dos minerais no manto, os investigadores descobriram também que o tamanho dos grânulos minerais nestas ‘ilhas’ gigantes é visivelmente maior do que nas placas tectónicas ‘mortas’ que as rodeiam.
“Estes grânulos minerais não crescem de um dia para o outro, o que só pode significar uma coisa: são muito maiores, mais rígidos e, por isso, mais antigos do que os cemitérios de camadas mortas circundantes. Isto indica que as ‘ilhas’ não participam no fluxo no manto terrestre”, explicou outra autora, Sujania Talavera-Soza, da mesma universidade.
“Ao contrário do que nos ensinam os livros de geografia, o manto também não pode ser bem misturado. Há menos fluxo no manto terrestre do que pensamos”, acrescentou Talavera-Soza.
O conhecimento do manto terrestre é essencial para compreender a evolução do planeta e de outros fenómenos à superfície da Terra, como os vulcões e a formação de montanhas.
Para este tipo de investigação, os sismólogos aproveitam as oscilações provocadas por fortes sismos que ocorrem a grandes profundidades, como o que ocorreu na Bolívia em 1994 — 650 quilómetros abaixo da superfície — sem causar danos ou vítimas, e a descrição matemática da força destas oscilações.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DE COIMBRA LANÇA LIVRO PARA IDENTIFICAÇÃO DE ABELHAS DE PORTUGAL
A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou um livro técnico para identificação de géneros de abelhas de Portugal.
A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou um livro técnico para identificação de géneros de abelhas de Portugal.
A obra “Chaves Dicotómicas dos Géneros de Abelhas de Portugal. Hymenoptera: Anthophila”, uma adaptação e tradução de “Key to the Genera of European Bees (Hymenoptera: Anthophila)”, é o primeiro a ser publicado sobre o tema para Portugal e em português, revelou a FCTUC, em nota enviada à agência Lusa.
Produzido no âmbito dos projetos PolinizAÇÃO e EPIC-Bee, em colaboração com a Imprensa da Universidade de Coimbra, o livro já está disponível para ‘download’ gratuito.
“Desenvolvido como uma ferramenta para a identificação de géneros de abelhas, o livro destina-se principalmente a um público académico e técnico, constituindo um marco significativo no campo da entomologia e um contributo valioso para a conservação dos insetos polinizadores”, referiu a FCTUC.
A produção do livro técnico contou com o envolvimento de investigadores do FLOWer Lab do Centro de Ecologia Funcional e do Departamento de Ciências da Vida da FCTUC, nomeadamente Hugo Gaspar, Sílvia Castro e João Loureiro.
“Este livro preenche uma lacuna de décadas na investigação sobre as abelhas selvagens em Portugal, uma vez que atualiza o conhecimento e aproxima-o da comunidade entomológica nacional através da adaptação e tradução para a língua portuguesa”, afirmou o entomólogo e aluno de doutoramento da FCTUC, Hugo Gaspar.
O trabalho “será extremamente útil não só para investigadores que trabalham no estudo e conservação de polinizadores, mas também para estudantes, naturalistas e para todos os que tiverem interesse em aprender sobre a identificação de abelhas”, acrescentou.
A obra contou também com a colaboração do investigador da Universidade do Porto, José Grosso-Silva, e da equipa de investigadores ligada ao Laboratório de Zoologia da Universidade de Mons (Bélgica), através dos projetos europeus Spring, Orbit e Epic-Bee.
A FCTUC declarou que este lançamento reforça o compromisso da Universidade de Coimbra em promover a ciência e desenvolver ferramentas de apoio à investigação científica e ao conhecimento sobre biodiversidade.
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