CIÊNCIA & TECNOLOGIA
PRIMEIRAS IMAGENS DE SATÉLITE SOLAR EUROPEU MOSTRAM EXPLOSÕES NUNCA VISTAS
As primeiras imagens do Sol transmitidas pelo satélite europeu Solar Orbiter permitiram ver explosões à superfície da estrela que nunca tinham sido observadas com tal pormenor, afirmou hoje a Agência Espacial Europeia (ESA).
As primeiras imagens do Sol transmitidas pelo satélite europeu Solar Orbiter permitiram ver explosões à superfície da estrela que nunca tinham sido observadas com tal pormenor, afirmou hoje a Agência Espacial Europeia (ESA).
O que os cientistas chamam de “fogueiras” são “parentes pequenos das explosões solares que podemos observar a partir da Terra, milhões ou milhares de milhões de vezes menores”, afirmou o investigador David Berghmans, do Observatório Real da Bélgica.
As imagens foram captadas quando a Solar Orbiter estava a 77 milhões de quilómetros do Sol, a meio caminho entre a Terra e a estrela.
Segundo a ESA, os cientistas desconhecem para já se as “fogueiras” são como as explosões grandes, mas em ponto pequeno, ou se têm uma explicação diferente, mas teorizam que podem estar a contribuir para “um dos fenómenos mais misteriosos do Sol”.
“Estas fogueiras são totalmente insignificantes, mas, ao somar os seus efeitos em todo o Sol, podem ser a contribuição dominante para o aquecimento da coroa solar”, afirmou Frédéric Auchère, do Instituto de Astrofísica Espacial de França.
A coroa solar é a camada mais externa do Sol, que se projeta milhões de quilómetros para o espaço a uma temperatura de um milhão de graus centígrados, enquanto à superfície da estrela a temperatura ronda os 5.500 graus.
Os cientistas não sabem exatamente o que faz com que a coroa aqueça tanto.
A Solar Orbiter, que foi lançada a 10 de fevereiro, tem seis telescópios apontados ao sol e quatro instrumentos que fazem medições em torno da nave de fenómenos como o vento solar.
Quando acontecem explosões solares, são libertadas partículas de energia que fazem aumentar o vento solar projetado do sol para o espaço em volta de si, e que podem provocar tempestades magnéticas que afetam telecomunicações e redes de energia na Terra.
Os instrumentos permitem também medir o campo magnético na parte de trás do Sol, o que acontece pela primeira vez na história, porque a Solar Orbiter está num ângulo diferente do que a Terra.
Nos próximos dois anos, a Solar Orbiter aproximar-se-á até ficar a 42 milhões de quilómetros do Sol, quase um quarto da distância do Sol até à Terra.
O satélite foi construído no Reino Unido e o projeto tem 19 países europeus coligados, incluindo Portugal, bem como a agência espacial norte-americana.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
MARTE TEVE PERÍODOS QUENTES E ÁGUA DURANTE 40 MILHÕES DE ANOS
Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.
Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.
O facto de atualmente Marte ser frio e seco mas ter tido rios e lagos há vários milhares de milhões de anos intriga os cientistas há décadas.
“Tem sido um verdadeiro mistério que houvesse água líquida em Marte, porque Marte está mais longe do Sol e, além disso, o Sol era mais fraco no início”, explicou, em comunicado, Danica Adams, investigadora de pós-doutoramento da NASA na Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson (SEAS) de Harvard e principal autora do novo artigo publicado na Nature Geoscience.
Anteriormente, existia a teoria de que o hidrogénio era o ingrediente mágico que, quando misturado com o dióxido de carbono da atmosfera marciana, desencadeava episódios de aquecimento global. Mas a vida útil do hidrogénio atmosférico é curta, pelo que foi necessária uma análise mais detalhada.
Agora, Adams, o professor Robin Wordsworth de Ciências Ambientais e Engenharia na SEAS, e a sua equipa realizaram modelação fotoquímica (semelhante aos métodos utilizados hoje em dia para rastrear poluentes atmosféricos) para preencher os detalhes da relação da atmosfera marciana primitiva com o hidrogénio e como este relacionamento mudou ao longo do tempo.
“Marte antiga é um mundo perdido, mas pode ser reconstruído em detalhe se fizermos as perguntas certas”, frisou Wordsworth.
“Este estudo sintetiza a química atmosférica e o clima pela primeira vez para fazer algumas previsões surpreendentes que podem ser testadas quando trouxermos rochas de Marte para a Terra”, acrescentou.
Adams modificou um modelo chamado CINETICA para simular como uma combinação de hidrogénio e outros gases que reagem com o solo e o ar controlavam o clima marciano primitivo.
Descobriu que durante os períodos Noachiano e Hesperian, entre há 4 e 3 mil milhões de anos, Marte passou por períodos quentes episódicos ao longo de cerca de 40 milhões de anos, com cada evento a durar 100.000 anos ou mais.
Estas estimativas são consistentes com as características geológicas de Marte atualmente. Os períodos quentes e húmidos eram causados pela hidratação da crosta, ou perda de água do solo, que fornecia hidrogénio suficiente para se acumular na atmosfera durante milhões de anos.
“Identificámos escalas de tempo para todas estas alternâncias. E descrevemos todas as peças no mesmo modelo fotoquímico”, sublinhou Adams.
O trabalho de modelação fornece novas perspetivas potenciais sobre as condições que sustentaram a química prebiótica (os fundamentos da vida posterior como a conhecemos) durante os períodos quentes, e os desafios para a persistência dessa vida durante os intervalos frios e oxidativos.
Adams e outros cientistas estão a começar a trabalhar para encontrar evidências destas alternâncias utilizando modelos químicos isotópicos e planeiam comparar estes resultados com rochas da próxima missão Mars Sample Return (MRS).
Como Marte não possui placas tectónicas, ao contrário da Terra, a superfície visível atualmente é semelhante à de antigamente, tornando a sua história dos lagos e rios muito mais intrigante, realçou ainda.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
ASTEROIDE BENNU REVELOU EXISTÊNCIA DE MOLÉCULAS DE ADN
Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.
Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.
De acordo com o trabalho publicado esta quarta-feira na revista científica Nature Astronomy, as amostras analisadas revelaram a presença das cinco bases nitrogenadas — adenina, guanina, citosina, timina e uracilo — necessárias para a construção de ADN e ARN.
Foram igualmente identificados pelos investigadores da Universidade Hokkaido, no Japão, os compostos xantina, hipoxantina e ácido nicotínico (vitamina B3).
Uma amostra de 121,6 gramas do asteroide Bennu chegou à Terra em 2023 à “boleia” da missão Osiris-Rex, da agência espacial norte-americana (NASA).
Tratou-se da maior amostra extraterrestre recolhida e enviada para a Terra.
Segundo uma das teses, os asteroides (corpos rochosos do Sistema Solar) contribuíram com água e componentes químicos essenciais para a vida na Terra há milhares de milhões de anos.
Embora os meteoritos na Terra provenham de asteroides, a interpretação dos seus dados “é desafiante” face à “exposição à humidade” da atmosfera e a “uma biosfera descontrolada”, refere a Universidade Hokkaido em comunicado, assinalando que “amostras imaculadas recolhidas de asteroides no espaço são os candidatos ideais”.
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