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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

RICHARD STALLMAN: “O FACEBOOK USA AS PESSOAS”

O evangelista do software livre incita as pessoas as revoltarem-se contra a constante monitorização “orwelliana” feita através de dispositivos móveis e outras tecnologias e programas. Estamos a viver o “sonho de Estaline”, lamenta. Vê mais aqui. Partilha com os teus amigos !

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RICHARD STALLMAN: "O FACEBOOK USA AS PESSOAS"

O evangelista do software livre incita as pessoas as revoltarem-se contra a constante monitorização “orwelliana” feita através de dispositivos móveis e outras tecnologias e programas. Estamos a viver o “sonho de Estaline”, lamenta.

Os utilizadores não devem confiar em qualquer programa que não seja livre, declara Richard Stallman, um defensor estóico e irresoluto das liberdades individuais e do direito ao anonimato digital.

Com uma postura serena que deixa transparecer um furor caloroso, Stallman sublinha que as pessoas não se podem deixar intimidar pelo “Big Brother”, ou seja, por entidades que monitorizam todo e cada passo que os cidadãos dão nas suas vidas diárias, recorrendo a tecnologias que aumentam consideravelmente a abrangência de um olhar que tudo vê.

O fundador do Movimento Software Livre promove o repúdio pelo software proprietário, sem se coibir de apontar “um dedo acusatório” a colossos tecnológicos como a Apple, a Google, a Microsoft e o Facebook. Stallman chega mesmo a caracterizar a rede social de Zuckerberg como “o monstro da vigilância”.

Ao ouvir o discurso enfático e efusivo, torna-se evidente que Edward Snowden encima a lista de ídolos de Stallman, que diz que o ex-analista da NSA é um “herói” e que são pessoas como ele que revelam a verdadeira natureza do mundo e de quem o governa.

Tendo em conta os inumeráveis dispositivos móveis conectáveis e localizáveis, Stallman diz que hoje temos mais vigilância do que durante os tempos em que o planeta vivia sob a sombra da ameaça soviética.

Com um sorriso que deixa transparecer uma certa incredulidade, o ativista afirma que estamos perante o “sonho de Estaline”: uma monitorização constante e indiscriminada, apoiada por dispositivos inteligentes convertidos em escutas e aparelhos de localização.

A Internet of Things (Internet das Coisas, em português) também é criticada. Chamando-lhe Internet of Stings (Internet dos Ferrões), Stallman sublinha que este novo e crescente paradigma tecnológico traz mais perigos do que vantagens. Isto porque cria uma rede de dispositivos conectados 24 horas por dia e 7 dias por semana que permite localizar e identificar qualquer pessoa envolvida por ela.

Ainda sobre este tópico, refere que a Internet das Coisas põe nas mãos das empresas tecnológicas o controlo sobre a vida de todos.

A paixão pelo software livre é bastante notória. Stallman explica que estes programas pautam-se pela flexibilidade e distinguem-se dos programas proprietários porque permitem ao utilizador fazer as alterações que entender e distribuí-lo como, a quem e onde quiser.

Ele diz que as instituições de ensino e os órgãos governamentais deviam apenas utilizar software livre.

Convidado para ser um dos oradores no Web Summit, conta que o facto de a organização do evento “obrigar” os participantes a instalarem a aplicação e a identificar-se perante todos é repreensível.

Quando alguém “puxa os cordéis” das nossas vidas por nós há que recuperar o controlo. “Quando os governos deixam de ser democráticos”, sentencia Richard Stallman, “tornam-se uma ameaça maior do que o terrorismo”.

STEK

CIÊNCIA & TECNOLOGIA

O MANTO DA TERRA É MENOS MISTURADO DO QUE SE PENSAVA – ESTUDO

Um estudo sismológico indica que as duas enormes ‘ilhas’ existentes sob a superfície da Terra estão a uma temperatura mais elevada do que o material circundante, indicando que o manto da Terra é menos misturado do que se pensava.

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Um estudo sismológico indica que as duas enormes ‘ilhas’ existentes sob a superfície da Terra estão a uma temperatura mais elevada do que o material circundante, indicando que o manto da Terra é menos misturado do que se pensava.

Ambas as ‘ilhas’ foram descobertas no final do século passado. Os investigadores definem-nas como dois “supercontinentes” localizados entre o núcleo e o manto da Terra: um sob África e o outro sob o Oceano Pacífico, ambos a mais de 2000 quilómetros abaixo da superfície da Terra.

“Estas duas grandes ilhas estão rodeadas por uma espécie de ‘cemitério’ de placas tectónicas que foram transportadas para lá por um processo de subducção, em que uma placa submerge sob outra e se afunda da superfície da Terra até uma profundidade de quase 3.000 quilómetros”, realçou Arwen Deuss, sismóloga da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, e uma das autoras do estudo publicado na quarta-feira na revista Nature.

Até agora, os modelos sísmicos utilizavam apenas velocidades de onda para distinguir a composição e as características térmicas de diferentes partes da estrutura interna da Terra.

A investigação atual combinou as velocidades das ondas com uma técnica chamada “observações de atenuação” que permitiu o estudo do interior da Terra em três dimensões, algo “fundamental para compreender a evolução da composição” do manto, apontaram os autores.

A nova técnica permitiu-lhes “obter uma visão do interior do planeta, semelhante à que os médicos obtêm do corpo humano através dos raios X”.

Os resultados indicaram que, quando atingem estas ‘ilhas’ interiores do tamanho de continentes, as ondas abrandam porque a temperatura é mais elevada.

Ao estudar a composição dos minerais no manto, os investigadores descobriram também que o tamanho dos grânulos minerais nestas ‘ilhas’ gigantes é visivelmente maior do que nas placas tectónicas ‘mortas’ que as rodeiam.

“Estes grânulos minerais não crescem de um dia para o outro, o que só pode significar uma coisa: são muito maiores, mais rígidos e, por isso, mais antigos do que os cemitérios de camadas mortas circundantes. Isto indica que as ‘ilhas’ não participam no fluxo no manto terrestre”, explicou outra autora, Sujania Talavera-Soza, da mesma universidade.

“Ao contrário do que nos ensinam os livros de geografia, o manto também não pode ser bem misturado. Há menos fluxo no manto terrestre do que pensamos”, acrescentou Talavera-Soza.

O conhecimento do manto terrestre é essencial para compreender a evolução do planeta e de outros fenómenos à superfície da Terra, como os vulcões e a formação de montanhas.

Para este tipo de investigação, os sismólogos aproveitam as oscilações provocadas por fortes sismos que ocorrem a grandes profundidades, como o que ocorreu na Bolívia em 1994 — 650 quilómetros abaixo da superfície — sem causar danos ou vítimas, e a descrição matemática da força destas oscilações.

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UNIVERSIDADE DE COIMBRA LANÇA LIVRO PARA IDENTIFICAÇÃO DE ABELHAS DE PORTUGAL

A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou um livro técnico para identificação de géneros de abelhas de Portugal.

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A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou um livro técnico para identificação de géneros de abelhas de Portugal.

A obra “Chaves Dicotómicas dos Géneros de Abelhas de Portugal. Hymenoptera: Anthophila”, uma adaptação e tradução de “Key to the Genera of European Bees (Hymenoptera: Anthophila)”, é o primeiro a ser publicado sobre o tema para Portugal e em português, revelou a FCTUC, em nota enviada à agência Lusa.

Produzido no âmbito dos projetos PolinizAÇÃO e EPIC-Bee, em colaboração com a Imprensa da Universidade de Coimbra, o livro já está disponível para ‘download’ gratuito.

“Desenvolvido como uma ferramenta para a identificação de géneros de abelhas, o livro destina-se principalmente a um público académico e técnico, constituindo um marco significativo no campo da entomologia e um contributo valioso para a conservação dos insetos polinizadores”, referiu a FCTUC.

A produção do livro técnico contou com o envolvimento de investigadores do FLOWer Lab do Centro de Ecologia Funcional e do Departamento de Ciências da Vida da FCTUC, nomeadamente Hugo Gaspar, Sílvia Castro e João Loureiro.

“Este livro preenche uma lacuna de décadas na investigação sobre as abelhas selvagens em Portugal, uma vez que atualiza o conhecimento e aproxima-o da comunidade entomológica nacional através da adaptação e tradução para a língua portuguesa”, afirmou o entomólogo e aluno de doutoramento da FCTUC, Hugo Gaspar.

O trabalho “será extremamente útil não só para investigadores que trabalham no estudo e conservação de polinizadores, mas também para estudantes, naturalistas e para todos os que tiverem interesse em aprender sobre a identificação de abelhas”, acrescentou.

A obra contou também com a colaboração do investigador da Universidade do Porto, José Grosso-Silva, e da equipa de investigadores ligada ao Laboratório de Zoologia da Universidade de Mons (Bélgica), através dos projetos europeus Spring, Orbit e Epic-Bee.

A FCTUC declarou que este lançamento reforça o compromisso da Universidade de Coimbra em promover a ciência e desenvolver ferramentas de apoio à investigação científica e ao conhecimento sobre biodiversidade.

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