CIÊNCIA & TECNOLOGIA
TECNOLOGIA AJUDA IDOSOS
Projeto tecnológico português ajuda idosos a reduzirem riscos de queda. Mais de metade das hospitalizações que acontecem na terceira idade são provocadas por quedas. Mas a ciência também diz que há treinos específicos que ajudam a reduzir estes valores. O projeto FallSensing trabalha neste sentido, ligando pacientes e profissionais de saúde.
Três entidades portuguesas juntaram-se para produzir uma plataforma tecnológica que ajuda a reduzir os riscos de queda na população idosa. A empresa Sensing Future Technologies é quem lidera o projeto, mas conta com o apoio da Fraunhofer AICOS e da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra.
O FallSensing é constituído por várias partes. Por um lado é uma plataforma carregada de sensores que ajuda a analisar a performance motora dos idosos: através da medição da falta de movimento, de uma plataforma de força e de câmaras 3D. Os dados conseguidos por esta ‘máquina’ são depois trabalhados por ferramentas de analítica e inteligência artificial que conseguem definir o melhor plano de treino para cada paciente.
Através do fortalecimento dos músculos e do equilíbrio, por exemplo, o idoso estará a diminuir os riscos de queda. “Pretendemos atacar o problema das quedas pois é muito importante na terceira idade, as pessoas têm uma grande fragilidade”, lembra Inês Sousa, do Instituto Fraunhofer Portugal.
Em conversa com a investigadora, salientou que por vezes um simples tombo pode ter consequências muito mais graves, como a diminuição de independência por parte dos idosos que chegam a ficar limitados às atividades em casa ou chegam mesmo a ser colocados em lares.
Mas para chegar a todos, o projeto FallSensing também vai ter uma vertente de baixo custo e que poderá ser usada pela pessoa no quotidiano, reforçando assim o acompanhamento. E mais: “Os mesmos sensores vão ser usados para avaliar se os exercícios estão a ser bem feitos. A plataforma vai depois estabelecer recomendações automáticas. O que estamos a tentar fazer é que as pessoas cumpram os planos [de treino]”, explicou Inês Sousa.
E este é o grande objetivo do consórcio: ter um produto que seja comercializável. Os dados produzidos por este dispositivo vão ser enviados para uma plataforma centralizada, onde fisioterapeutas e outros profissionais da área da saúde podem fazer uma avaliação mais ‘humana’ do trabalho que está a ser feito pelos idosos.
O FallSensing está a ser apoiado por fundos europeus relativos ao programa Portugal 2020, com cerca de 750 mil euros, mas o investimento total do projeto para os próximos três anos vai ser superior a um milhão de euros. Numa primeira fase o investimento será feito em recursos humanos, sendo que os sensores para o desenvolvimento dos equipamentos de análise também vão absorver uma parte significativa do capital.
Por agora a equipa do FallSensing está a contactar pessoas que estejam interessadas em testar o sistema, sendo que nos próximos anos o foco estará nas baterias de testes. Apesar de todo o conceito estar a ser desenvolvido em Portugal e com a ajuda de pacientes portugueses, Inês Sousa adiantou ainda que a internacionalização é um dos objetivos.
“Hoje em dia temos de ter um pensamento global”
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
O MANTO DA TERRA É MENOS MISTURADO DO QUE SE PENSAVA – ESTUDO
Um estudo sismológico indica que as duas enormes ‘ilhas’ existentes sob a superfície da Terra estão a uma temperatura mais elevada do que o material circundante, indicando que o manto da Terra é menos misturado do que se pensava.
Um estudo sismológico indica que as duas enormes ‘ilhas’ existentes sob a superfície da Terra estão a uma temperatura mais elevada do que o material circundante, indicando que o manto da Terra é menos misturado do que se pensava.
Ambas as ‘ilhas’ foram descobertas no final do século passado. Os investigadores definem-nas como dois “supercontinentes” localizados entre o núcleo e o manto da Terra: um sob África e o outro sob o Oceano Pacífico, ambos a mais de 2000 quilómetros abaixo da superfície da Terra.
“Estas duas grandes ilhas estão rodeadas por uma espécie de ‘cemitério’ de placas tectónicas que foram transportadas para lá por um processo de subducção, em que uma placa submerge sob outra e se afunda da superfície da Terra até uma profundidade de quase 3.000 quilómetros”, realçou Arwen Deuss, sismóloga da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, e uma das autoras do estudo publicado na quarta-feira na revista Nature.
Até agora, os modelos sísmicos utilizavam apenas velocidades de onda para distinguir a composição e as características térmicas de diferentes partes da estrutura interna da Terra.
A investigação atual combinou as velocidades das ondas com uma técnica chamada “observações de atenuação” que permitiu o estudo do interior da Terra em três dimensões, algo “fundamental para compreender a evolução da composição” do manto, apontaram os autores.
A nova técnica permitiu-lhes “obter uma visão do interior do planeta, semelhante à que os médicos obtêm do corpo humano através dos raios X”.
Os resultados indicaram que, quando atingem estas ‘ilhas’ interiores do tamanho de continentes, as ondas abrandam porque a temperatura é mais elevada.
Ao estudar a composição dos minerais no manto, os investigadores descobriram também que o tamanho dos grânulos minerais nestas ‘ilhas’ gigantes é visivelmente maior do que nas placas tectónicas ‘mortas’ que as rodeiam.
“Estes grânulos minerais não crescem de um dia para o outro, o que só pode significar uma coisa: são muito maiores, mais rígidos e, por isso, mais antigos do que os cemitérios de camadas mortas circundantes. Isto indica que as ‘ilhas’ não participam no fluxo no manto terrestre”, explicou outra autora, Sujania Talavera-Soza, da mesma universidade.
“Ao contrário do que nos ensinam os livros de geografia, o manto também não pode ser bem misturado. Há menos fluxo no manto terrestre do que pensamos”, acrescentou Talavera-Soza.
O conhecimento do manto terrestre é essencial para compreender a evolução do planeta e de outros fenómenos à superfície da Terra, como os vulcões e a formação de montanhas.
Para este tipo de investigação, os sismólogos aproveitam as oscilações provocadas por fortes sismos que ocorrem a grandes profundidades, como o que ocorreu na Bolívia em 1994 — 650 quilómetros abaixo da superfície — sem causar danos ou vítimas, e a descrição matemática da força destas oscilações.
CIÊNCIA & TECNOLOGIA
UNIVERSIDADE DE COIMBRA LANÇA LIVRO PARA IDENTIFICAÇÃO DE ABELHAS DE PORTUGAL
A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou um livro técnico para identificação de géneros de abelhas de Portugal.
A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) lançou um livro técnico para identificação de géneros de abelhas de Portugal.
A obra “Chaves Dicotómicas dos Géneros de Abelhas de Portugal. Hymenoptera: Anthophila”, uma adaptação e tradução de “Key to the Genera of European Bees (Hymenoptera: Anthophila)”, é o primeiro a ser publicado sobre o tema para Portugal e em português, revelou a FCTUC, em nota enviada à agência Lusa.
Produzido no âmbito dos projetos PolinizAÇÃO e EPIC-Bee, em colaboração com a Imprensa da Universidade de Coimbra, o livro já está disponível para ‘download’ gratuito.
“Desenvolvido como uma ferramenta para a identificação de géneros de abelhas, o livro destina-se principalmente a um público académico e técnico, constituindo um marco significativo no campo da entomologia e um contributo valioso para a conservação dos insetos polinizadores”, referiu a FCTUC.
A produção do livro técnico contou com o envolvimento de investigadores do FLOWer Lab do Centro de Ecologia Funcional e do Departamento de Ciências da Vida da FCTUC, nomeadamente Hugo Gaspar, Sílvia Castro e João Loureiro.
“Este livro preenche uma lacuna de décadas na investigação sobre as abelhas selvagens em Portugal, uma vez que atualiza o conhecimento e aproxima-o da comunidade entomológica nacional através da adaptação e tradução para a língua portuguesa”, afirmou o entomólogo e aluno de doutoramento da FCTUC, Hugo Gaspar.
O trabalho “será extremamente útil não só para investigadores que trabalham no estudo e conservação de polinizadores, mas também para estudantes, naturalistas e para todos os que tiverem interesse em aprender sobre a identificação de abelhas”, acrescentou.
A obra contou também com a colaboração do investigador da Universidade do Porto, José Grosso-Silva, e da equipa de investigadores ligada ao Laboratório de Zoologia da Universidade de Mons (Bélgica), através dos projetos europeus Spring, Orbit e Epic-Bee.
A FCTUC declarou que este lançamento reforça o compromisso da Universidade de Coimbra em promover a ciência e desenvolver ferramentas de apoio à investigação científica e ao conhecimento sobre biodiversidade.
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