ARTE & CULTURA
UNIVERSIDADE DO MINHO ASSUME O ESPÓLIO DE AFONSO MANUEL BRAGA DA CRUZ
A Universidade do Minho vai ficar com o espólio bibliográfico de Afonso Manuel Braga da Cruz, considerado “a mais importante biblioteca particular sobre Braga”, um “honra” para o reitor daquela academia que realça o “potencial de estudo” da colecção.
A Universidade do Minho vai ficar com o espólio bibliográfico de Afonso Manuel Braga da Cruz, considerado “a mais importante biblioteca particular sobre Braga”, um “honra” para o reitor daquela academia que realça o “potencial de estudo” da colecção.
Em declarações à Lusa, Rui Vieira de Castro explicou que da colecção, que ficará a cargo da Universidade do Minho (UMinho), fazem parte mais de 20 mil obras, “muitas delas raras” e que desta forma poderão ser vistas, consultadas pelo público, naquela que “é também uma missão da universidade, a de conservação de novas obras e enriquecimento do espólio” da Biblioteca Pública de Braga.
Segundo referiu o reitor, “é um acervo riquíssimo do ponto de vista histórico e que pode dar uma visão única para entender a sociedade ao longo de várias épocas, nomeadamente em Braga, seja do ponto de vista económico ou social”.
Da biblioteca privada da família Braga da Cruz fazem parte manuscritos, folhetos e fólios de 1528 até à actualidade, incluindo um importante núcleo referente à história da cidade de Braga, publicações ligadas à literatura, com destaque para a camoniana e camiliana, à história de Portugal, genealogia e heráldica, numismática, arte e azulejaria, matemática, física, química, ciências naturais, agricultura e vinhos.
“Além de todo o conhecimento sobre a área geográfica onde estamos e sobre o país, fruto da vivência da própria família, há que destacar a possibilidade de também conhecer através daquele espólio a realidade de S. Tomé e Príncipe e ainda outras antigas colónias portugueses”, apontou Rui Vieira de Castro.
A biblioteca congrega ainda um leque de publicações referentes ao direito romano, civil, administrativo, penal, comercial e canónico, monografias de Lisboa, Porto, Coimbra, Guimarães, Barcelos, Gerês e Galiza, congregando constituições, vários sermões e livros ascéticos, assim como manuais sobre música sacra e profana, revistas dos séculos XIX e XX e vários dicionários.
O novo espólio da UMInho vai ficar instalado em duas salas, na zona onde se encontram acondicionadas as coleções particulares da Biblioteca Pública de Braga, no complexo do Largo do Paço.
“A nossa missão também é esta. Enriquecer o património da cidade, conservá-lo, dá-lo a conhecer ao público e também estudá-lo. Para a família é uma forma de garantir a salvaguarda de todo o espólio e que o acesso a ele seja mais livre e fácil. É uma relação de dias vias”, apontou o reitor.
Manuel António Braga da Cruz, pai de Afonso Manuel Braga da Cruz, nasceu em Tadim, Braga, em 1897. Terminou o liceu em 1915 e formou-se em Matemática em 1919. Casou em 1929 com Alice de Araújo Afonso, de quem teve sete filhos. Cedo optou pelo ensino, tendo sido professor em liceus nos Açores, em Viana do Castelo e, por fim, em Braga, no Liceu Sá de Miranda. Foi um homem de cultura, bibliófilo, apaixonado e possuidor da mais importante biblioteca particular sobre Braga. Insigne bibliófilo e estudioso da história da cidade e da região, faleceu em Braga em 1982.
A cerimónia de assinatura da passagem do espólio da família para a UMinho será sexta-feira às 18:00, no Largo do Paço.
ARTE & CULTURA
PAUL MCCARTNEY PEDE AO GOVERNO PARA PROTEGER ARTISTAS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
O ex-Beatle Paul McCartney apelou hoje ao Governo britânico para reforçar a proteção dos artistas contra a inteligência artificial (IA), numa altura em que o executivo considera uma reforma da lei dos direitos de autor.
O ex-Beatle Paul McCartney apelou hoje ao Governo britânico para reforçar a proteção dos artistas contra a inteligência artificial (IA), numa altura em que o executivo considera uma reforma da lei dos direitos de autor.
Numa entrevista à BBC, o cantor e compositor britânico, de 82 anos, alertou que os músicos podem ser “despojados” das suas criações e voltou a criticar o projeto do Governo trabalhista que prevê alterações à legislação sobre direitos de autor.
Entre as propostas está “uma exceção aos direitos de autor” para treinar modelos de IA com fins comerciais, cujo projeto ofereceria aos criadores a possibilidade de “reservar os seus direitos”.
Paul McCartney, que manteve uma carreia praticamente a solo após a dissolução oficial dos Beatles, em 1970, sustenta que, com essa reforma, os artistas perderão o controlo sobre as suas obras.
“Os jovens podem escrever uma bela canção, mas podem acabar por não ser os proprietários dela”, disse.
Pior ainda, “qualquer pessoa poderá apropriar-se dessa canção”, denunciou.
“A verdade é que o dinheiro irá para algum lado. Alguém será pago. Não deverá ser o tipo que escreveu ‘Yesterday’?”, um dos temas mais conhecidos dos The Beatles, composto por Paul McCartney (creditada a Lennon/McCartney), gravada em 1965 para o álbum “Help!”, questionou.
“Se apresentarem um projeto de lei, assegurem-se de que protegem os pensadores e os artistas, caso contrário, não terão o seu apoio. Somos o povo, vocês são o Governo. É suposto que nos protejam. Esse é o vosso trabalho”, reforçou McCartney.
O Governo britânico anunciou que aproveitará o período de consulta pública, que decorre até 25 de fevereiro, para explorar os principais pontos do debate, incluindo a forma como os criadores poderão obter licenças e ser remunerados pela utilização das suas obras.
Questionada sobre estas propostas numa entrevista à BBC, a ministra das Finanças britânica, Rachel Reeves, garantiu que “quer apoiar os artistas” e fará “tudo para que os direitos de autor sejam respeitados”.
Em novembro de 2023, McCartney e Ringo Starr, os membros sobreviventes dos Beatles (George Harrison morreu em novembro de 2001), usaram a IA para extrair a voz de John Lennon, assassinado em 1980 em Nova Iorque, de uma canção inacabada com várias décadas, intitulada “Now and Then”.
“Eu acho que a IA é fantástica e pode fazer muitas coisas incríveis”, admitiu Paul McCartney.
“No entanto, a IA não deve despojar os criadores. Isso não faz sentido”, concluiu.
ARTE & CULTURA
PORTO: SERRALVES RECEBE 37 OBRAS CONTEMPORÂNEAS DA COLEÇÃO DUERCKHEIM
A Fundação de Serralves, no Porto, assinou um acordo para receber em depósito 37 obras de 19 artistas provenientes da Coleção Duerckheim, que prevê ainda a doação de uma peça de Anselm Kiefer à instituição portuguesa.
A Fundação de Serralves, no Porto, assinou um acordo para receber em depósito 37 obras de 19 artistas provenientes da Coleção Duerckheim, que prevê ainda a doação de uma peça de Anselm Kiefer à instituição portuguesa.
Em comunicado, a Fundação de Serralves anunciou que vai receber, neste âmbito, o depósito de peças de Darren Almond, Georg Baselitz, Isaak Brodsky, Roman Buxbaum, Jake e Dinos Chapman, Theaster Gates, Gilbert & George, Antony Gormley, Damien Hirst, Zhang Huan, Stefan Hunstein, Anselm Kiefer, Michael Landy, Mamedov, Haralampi Oroschakoff, Sam Taylor-Wood, Matthias Wähner, Cerith Wyn Evans e Remy Zaugg.
O acordo inclui a doação de “Dat rosa miel apibus”, de Anselm Kiefer.
“É com grande alegria que Serralves recebe em depósito esta extraordinária coleção reunida ao longo de décadas de dedicação à arte pelo Conde Duerckheim. Este é um momento de grande importância para Serralves, e o acordo representa o reconhecimento da capacidade da Fundação para atrair e acolher as maiores coleções internacionais de arte contemporânea”, disse a presidente do conselho de administração da fundação, Ana Pinho, citada no mesmo comunicado.
De acordo com Serralves, o acordo foi possível graças à influência de Nuno Luzio, que deu a ideia ao Conde Christian Duerckheim, algo saudado por ambas as partes.
“Tendo estado fora de Portugal durante mais de 20 anos, Nuno Luzio demonstra o poder da diáspora portuguesa e o bem maior que podem fazer pelo seu país”, afirmou Ana Pinho.
Nascido em 1944 na região alemã da Saxónia, o industrial Christian Duerckheim viveu em Londres na década de 1960 e tornou-se num dos “mais significativos colecionadores da Europa”, como escreveu o jornal britânico The Guardian, em 2013, aquando de uma doação de 34 desenhos de artistas alemães modernos e de mais 60 trabalhos ao British Museum.
Em 2011, Duerckheim vendeu cerca de 80 obras através da leiloeira Sotheby’s por um valor recorde de mais de 100 milhões de libras, segundo notícias publicadas então pela imprensa especializada.
Na altura, ao New York Times, Christian Duerckheim afirmou que sempre quis ver a arte do seu tempo, enquanto alguém interessado em história que ficou obcecado com a arte do seu próprio país depois de ver uma obra de Georg Baselitz em 1970.
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