INTERNACIONAL
VENEZUELA: COMO COMEÇOU A CRISE ?
Para compreender a desordem venezuelana, é necessário recuar no tempo, precisamente até às eleições legislativas de 2015, que ditaram a vitória da Mesa de Unidade Democrática (MUD), uma plataforma de movimentos políticos que se opõem a Nicolás Maduro.
Para compreender a desordem venezuelana, é necessário recuar no tempo, precisamente até às eleições legislativas de 2015, que ditaram a vitória da Mesa de Unidade Democrática (MUD), uma plataforma de movimentos políticos que se opõem a Nicolás Maduro.
Com a maioria parlamentar assegurada, o MUD passou o ano seguinte a tentar avançar com propostas que em muito desagradaram a Maduro, incluindo mesmo um referendo onde se pretendia a destituição do Presidente, eleito por maioria simples em Abril de 2013, após a morte de Hugo Chávez. A oposição justificava o referendo com a crise económica avassaladora que atingia o país perante a descida dos preços do petróleo, a inflação galopante, a crise alimentar, os frigoríficos vazios, as filas nos supermercados e a total desordem e incerteza no acesso a cuidados básicos de saúde.
A crise política só viria a estalar verdadeiramente em finais de Março, quando o Tribunal Supremo da Venezuela decidiu apoderar-se dos poderes parlamentares e atribuir ao Presidente a possibilidade de ser ele a definir limites à imunidade parlamentar dos deputados. A oposição acusou Maduro de tentar retirar aos parlamentares o poder que lhes havia sido concedido pelo povo e de querer criminalizar a oposição política que lhe fazia frente.
O que começou em confrontos junto à sede do Supremo Tribunal de Justiça, em Caracas, com os protestos e agressões entre a Guarda Nacional Bolivariana e os deputados, depressa se alastrou ao resto do país. Perante a desordem crescente, Maduro convocava no início de maio a eleição para a Assembleia Constituinte.
Com uma enorme comunidade portuguesa a residir na Venezuela, várias famílias viram-se obrigadas a regressar a Portugal nos últimos meses. Outros ainda não conseguiram abandonar o país.
Greves nacionais, desacatos, confrontos, e mais de 120 mortos separam o início dos protestos e a votação deste domingo. Durante os últimos quatro meses, a oposição tem protestado diariamente nas ruas, onde encontra a repressão policial e onde pereceram grande parte das vítimas mortais que esta crise já conta.
Só no último fim de semana terão morrido pelo menos 14 pessoas, entre opositores a apoiantes de Maduro. Num país com uma enorme comunidade lusófona, o clima de guerra civil obrigou muitos a um regresso forçado a Portugal.
Ninguém sabe o que esperar desta sexta-feira, o culminar de quatro longos meses que deixaram a Venezuela a ferro e fogo. Os deputados da oposição já disseram que se recusam a entregar o poder que lhes foi dado pelo povo e asseguravam na terça-feira que os trabalhos do Parlamento continuariam “normalmente”, sem que tivesse havido qualquer eleição.
O Palácio Legislativo, local onde a nova Assembleia Constituinte pretende iniciar as suas sessões esta sexta-feira, será o epicentro para onde convergem oposição e Governo. Se Maduro pretende uma cerimónia pacífica, a oposição já convocou várias manifestações que se estendem ao resto do país, mas que terão maior expressão na capital.
A contestação que espera a Constituinte de Maduro estará ainda mais inflamada pelo desaparecimento de Leopoldo López e Antonio Ledezma, dois dos principais líderes da oposição, detidos já depois da eleição de domingo por forças governamentais e que se encontram em parte incerta. “Amanhã devemos voltar às ruas. Para que o mundo veja um povo em rebelião contra o ditador que pretende instalar a sua fraude”, apelava Freddy Guevara, vice-presidente do Parlamento venezuelano.
INTERNACIONAL
BIBLIOTECA SOBRE O NAZISMO E O HOLOCAUSTO ACESSÍVEL NA INTERNET DESDE HOJE
Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.
Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.
A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto, com sede em Londres, reúne centenas de milhares de documentos originais sobre a situação dos judeus europeus antes de 1939, o regime nazi e o Holocausto.
A biblioteca decidiu tornar acessível hoje, no 80.º aniversário da libertação de Auschwitz, parte da sua coleção, nomeadamente fotografias, cartas e testemunhos que atestam os crimes nazis no campo da Polónia (https://wienerholocaustlibrary.org/).
“A necessidade de defender a verdade tornou-se ainda mais urgente devido ao ressurgimento do antissemitismo e de outras formas de desinformação e ódio”, explicou Toby Simpson, diretor da biblioteca, citado num comunicado.
“Ao disponibilizar gratuitamente uma grande quantidade de provas em linha [‘online’], estamos a garantir que os arquivos históricos são acessíveis a todos”, afirmou, segundo a agência francesa AFP.
Entre os mais de 150.000 documentos disponíveis em linha pela primeira vez, encontram-se numerosas fotografias tiradas aquando da libertação do campo de Auschwitz, em 27 de janeiro de 1945.
Também ficaram acessíveis documentos utilizados nos julgamentos de Nuremberga, durante os quais os principais dirigentes do Terceiro Reich, o regime nazi alemão de Adolf Hitler, foram julgados.
A biblioteca publica também cerca de 500 folhetos e livros de propaganda antifascista, distribuídos na Alemanha na década de 1930 e disfarçados de anúncios de champôs ou livros de receitas, para escapar à vigilância do regime nazi.
Revela também documentos que mostram a ascensão do fascismo no Reino Unido antes e depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
“Numa altura em que figuras de extrema-direita ameaçam a Europa e não só, estas coleções revelam não só as origens destas ideologias perigosas, mas também as motivações e estratégias daqueles que, ao longo da História, as mantiveram à distância”, disseram os responsáveis pela biblioteca.
A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto foi fundada na década de 1930 por Alfred Wiener, que fez campanha contra o nazismo nas décadas de 1920 e 1930.
Depois de fugir da Alemanha para os Países Baixos, em 1933, começou a recolher provas da perseguição dos judeus.
Continuou o seu trabalho a partir do Reino Unido, onde se exilou pouco antes do início da guerra e onde a biblioteca ainda se encontra, no centro de Londres.
Sobreviventes de Auschwitz, acompanhados pelo Presidente polaco, Andrzej Duda, depositaram flores hoje de manhã em frente ao Muro da Morte do campo, onde os prisioneiros eram fuzilados.
Alguns usavam lenços às riscas azuis e brancas, simbolizando os antigos uniformes prisionais. Ao pé do muro, acenderam velas em memória dos mortos e tocaram o muro com uma mão, em silêncio.
A cerimónia, sob o portão de entrada de Birkenau, deverá começar às 16:00 locais (15:00 em Lisboa) e contará com a presença de 54 delegações internacionais, algumas das quais lideradas por chefes de Estado, mas o foco estará nos sobreviventes, segundo a organização.
“Este ano, estamos a centrar-nos nos sobreviventes e na sua mensagem”, disse à AFP o porta-voz do museu de Auschwitz, Pawel Sawicki.
“Não haverá discursos de políticos”, acrescentou.
Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no campo entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.
INTERNACIONAL
PAPA DIZ QUE HOLOCAUSTO NÃO PODE SER ESQUECIDO OU NEGADO
O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.
“Amanhã é o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, 80 anos após a libertação do campo de concentração de Auschwitz. O horror do extermínio de milhões de judeus e de pessoas de outras religiões durante esses anos não pode ser esquecido nem negado”, afirmou o Papa no final da oração do Angelus dominical.
Lembrando que, durante esses anos, foram também mortos “muitos cristãos, muitos mártires”, Francisco apelou a que “todos trabalhem em conjunto para erradicar o flagelo do antissemitismo e outras formas de discriminação e perseguição religiosa”.
“Construamos juntos um mundo mais fraterno e justo, educando os jovens a ter um coração aberto a todos na lógica da fraternidade, do perdão e da paz”, concluiu.
Proclamado oficialmente em novembro de 2005, o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, que se assinala na segunda-feira, comemora a libertação pelas tropas soviéticas, em 1945, do campo de concentração e extermínio nazi alemão de Auschwitz-Birkenau.
Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no local entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.
Na segunda-feira, uma cerimónia oficial com a presença de cerca de meia centena de sobreviventes e 54 delegações internacionais assinalará o 80.º aniversário da libertação do local.
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