REGIÕES
VILA POUCA DE AGUIAR: PRODUTORES DE CASTANHA SOMAM PREJUÍZOS COM INCÊNDIOS E MAU TEMPO
Produtores de castanha de Vila Pouca de Aguiar disseram hoje que acumulam prejuízos, primeiro com os incêndios e depois com o vento forte que derrubou ouriços antes do tempo, e pedem ajuda ao Governo.
Produtores de castanha de Vila Pouca de Aguiar disseram hoje que acumulam prejuízos, primeiro com os incêndios e depois com o vento forte que derrubou ouriços antes do tempo, e pedem ajuda ao Governo.
Depois dos incêndios de setembro que queimaram árvores, o vento forte que se fez sentir na quarta-feira partiu castanheiros e atirou para o chão ouriços, com a castanha ainda verde no seu interior, pelo que os agricultores dizem que já não vão amadurecer. A apanha deverá começar dentro de duas a três semanas.
Um pequeno grupo de agricultores afetados aproveitou a ida hoje do ministro-adjunto e da Coesão Territorial e do secretário de Estado das Florestas a Pedras Salgadas e juntou-se também naquela vila do concelho de Vila Pouca de Aguiar.
Manuel Chaves, de 64 anos e residente em Vilarelho, afirmou que a “força do vendável” derrubou ouriços, calculando uma perda de produção na ordem dos 20%.
“Não era um ano bom. Tínhamos castanheiros com uma boa carga de ouriços, mas outros sem nenhuns”, afirmou.
Depois das doenças do cancro, tinta, da septoriose ou da podridão e da vespa da galha do castanheiro, este ano foi o mau tempo que atingiu a produção de castanha neste território.
“O problema da agricultura não são os incêndios, os incêndios são uma pequena parte do problema, não são o todo e, portanto, nós gostaríamos que o senhor secretário de Estado, ou o senhor ministro ou alguém viesse aqui ouvir os problemas que atingem a agricultura todos os anos (…) e afetam de uma forma muito violenta a produção e a vida das pessoas que vivem dessa produção”, afirmou Manuel Chaves.
Por isso, defendeu uma “política com substância, com conseqências e que altere, de facto, a vida das pessoas” que ainda resistem a viver no Interior.
“E eu não vejo ninguém preocupado com isso. É muito bonito vir à televisão e vir a estes eventos, a estas manifestações públicas de darem prova de vida aqui no Interior, mas realmente o problema não é atacado na base. Este é um momento para aparecerem, darem um paliativo, mas a doença em si persiste”, lamentou.
A presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar aproveitou também a ida do ministro da Coesão ao concelho para pedir ao Governo que olhe “com a mesma atenção” para os agricultores afetados pelo mau tempo, cerca de três semanas depois dos quatro incêndios que queimaram cerca de 10.000 hectares neste território.
Castro Almeida assinalou a entrega dos primeiros apoios financeiros, até um teto máximo de 6.000 euros, aos agricultores do Norte afetados pelos fogos de setembro e, questionado pelos jornalistas sobre apoios para os afetados pelo mau tempo, lembrou que as ajudas estão a ser entregues no âmbito do estado de calamidade decretado pelo Governo na sequência dos incêndios.
Manuel Chaves disse que os seguros não são solução porque “não há seguradoras” que aceitem fazer seguros de colheitas.
“Porque quase todos os anos nós somos confrontados com problemas muito impactantes na nossa vida. Desde 2019, as produções têm vindo sempre a diminuir. Há cinco anos que não temos uma produção que justifique o sacrifício das pessoas que vivem da agricultura”, realçou, referindo que concilia a agricultura com outra atividade e que se dependesse apenas da agricultura a sua “vida seria extremamente difícil”.
Em Vreia de Jales, Mário Borges, 45 anos, foi atingido pelos incêndios e pelos “grandes ventos” que partiram um castanheiro centenário, ramos e derrubaram ouriços, afetando cerca de 30% da produção.
“Se continua assim, não se pode sobreviver da agricultura”, salientou, referindo que é também criador de vacas.
Américo Correia, de Quintã de Jales e com 50 anos, teve castanheiros queimados pelo incêndio, frisando que “foi um prejuízo de 30 a 35% ou mais”.
Ilídio Fontoura, 68 anos, de Vilarelho, foi afetado pelo vento que partiu castanheiros que “demoram anos a recuperar”. “E perdeu-se muita quantidade de castanha, em 20 a 30% de castanha, quando o ano já não era bom”.
Em 2023, por causa da podridão da castanha, as vendas do fruto diminuíram e os preços desceram.
“Estou reformado e muitos de nós estamos a depositar algum do nosso dinheiro na produção da castanha. Ao cultivar os soutos, estamos também a combater os incêndios”, desatacou, referindo que, se os terrenos não estivessem cultivados, a área ardida poderia ter sido maior e, por isso, reclamou mais apoios para os agricultores.
REGIÕES
BRAGA: TARIFAS DA ÁGUA, SANEAMENTO E RESÍDUOS VÃO MANTER-SE EM 2025
A Agere, empresa de águas, efluentes e resíduos de Braga, vai manter as tarifas e preços dos referidos serviços para todos os utilizadores, domésticos e não-domésticos, ao longo do ano de 2025, anunciou a autarquia.
A Agere, empresa de águas, efluentes e resíduos de Braga, vai manter as tarifas e preços dos referidos serviços para todos os utilizadores, domésticos e não-domésticos, ao longo do ano de 2025, anunciou a autarquia.
Em comunicado, a Câmara de Braga antecipa a proposta que será analisada na reunião de executivo municipal agendada para terça-feira, apontando que esta decisão “reflete o esforço contínuo da Agere em consolidar a estabilidade tarifária, mesmo diante das pressões inflacionárias dos últimos anos”.
“Embora o Índice de Preços no Consumidor tenha registado variações significativas – 7,8% em 2022 e 4,3% em 2023 – os bracarenses continuam a beneficiar de um ganho real nas suas faturas, reforçando a política de congelamento tarifário adotada pela empresa”, lê-se no comunicado.
De acordo com a autarquia, “ao longo dos últimos anos, o congelamento tarifário tem sido complementado por medidas que promovem maior equidade no acesso aos serviços, como o alargamento da tarifa familiar da água, alterações na tarifa social e reduções específicas para Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSSs), Juntas de Freguesia e associações desportivas”.
Entre essas medidas, a autarquia destaca o alargamento da tarifa familiar da água para todos os agregados familiares com cinco ou mais pessoas, o que representará uma redução de 40% na parcela referente ao consumo de água.
A tarifa social “também foi ampliada, permitindo que mais bracarenses acedam a esse benefício” e “adicionalmente, as IPSS usufruem de uma redução de 12,5%, as Juntas de Freguesia de 20%, e as associações desportivas têm, em média, uma redução de 7% no tarifário do serviço de água, após reformulação dos escalões”, continua.
“No entanto, as atualizações obrigatórias nas taxas impostas pelo Estado serão refletidas nas faturas mensais dos munícipes. A Taxa de Gestão de Resíduos (TGR), que em 2024 foi de 30 euros/tonelada, aumentará para 35 euros/tonelada em 2025. Também a Taxa de Recursos Hídricos (TRH), referente aos serviços de água e saneamento, sofrerá atualizações, sendo essas alterações discriminadas na área ‘Pagamentos ao Estado’ das faturas”, conclui.
Na mesma nota à imprensa, a Câmara de Braga anuncia que votará o Contrato-Programa a celebrar entre Município de Braga e a Agere para 2025, no valor de 9.082.789,08 euros.
Este valor resulta do estimado no orçamento da Agere para o ano de 2025, correspondendo ao montante do subsídio à exploração, como contrapartida das obrigações assumidas por aquela empresa municipal no âmbito das atividade de recolha, transporte e deposição de resíduos urbanos, e de higiene e limpeza urbana no Município de Braga, bem como a gestão do canil/gatil municipal.
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PORTO: COMERCIANTES APOSTAM EM ENTREGAS POR ESTAFETAS DE BICICLETA
Pequenos comércios do Porto estão cada vez mais a apostar nas entregas por bicicleta, feitas na cidade pela empresa Ciclo Logística Porto, de forma a ter um serviço mais rápido, que foge ao trânsito sem causar problemas de estacionamento.
Pequenos comércios do Porto estão cada vez mais a apostar nas entregas por bicicleta, feitas na cidade pela empresa Ciclo Logística Porto, de forma a ter um serviço mais rápido, que foge ao trânsito sem causar problemas de estacionamento.
“É muito mais rápido e pontual do que um carro, porque um carro é afetado pelo trânsito, e uma vez que o trânsito está parado, a carrinha está parada e a bicicleta quase nunca”, disse Lusa Stef Michielsens, empresário da Ciclo Logística Porto, em plena via do ‘metrobus’ na Avenida da Boavista, atualmente utilizada por ciclistas enquanto não chegam os autocarros do novo serviço.
Questionado sobre quais as vantagens do seu modo alternativo de fazer logística, Stef Michielsens aponta à “sustentabilidade, porque é o meio mais ecológico de fazer o transporte”, é um meio “sem emissões” e “tudo sem barulho”, ao mesmo tempo que os clientes “gostam de ter menos carrinhas estacionadas nos passeios, nas passadeiras, em segunda fila” à porta dos seus estabelecimentos.
“A ciclologística é um meio de transporte inevitável no ‘multimodal transport’ [transporte multimodal], o que quer dizer que para cada percurso há uma maneira de transportar que é mais adequada. Pode ser um barco, pode ser um camião. Mas dentro da cidade é claro que é a bicicleta, e a ciclologística está a crescer em muitos países”, disse à Lusa.
O carro de reportagem da Lusa acompanhou Stef numa tarde de trabalho pela cidade do Porto, chegando sempre mais tarde aos destinos do que o ’empresário-ciclista’.
Em concreto, Stef Michielsens, belga que começou a Ciclo Logística Porto em 2020, faz entregas tanto entre comerciantes como até ao cliente final, e todos parecem confirmar as vantagens enunciadas desta forma diferente de mobilidade e logística urbana, alternativa às tradicionais carrinhas de entregas.
Sara Assunção, da empresa de Chá e Especiarias Les Senses, no centro do Porto, usa os serviços da Ciclo Logística Porto porque Stef consegue “chegar a qualquer sítio no Porto em tempo útil sem grandes perdas de tempo”, a clientes como hotéis e restaurantes.
“Temos clientes na Ribeira, e mesmo no centro do Porto em que não é possível chegar de outra forma, ou então temos de ir mais que uma pessoa para conseguir deixar o carro e fazer uma entrega. Esse foi o motivo inicial” para a contratação da empresa, além da “ajuda ao ambiente”.
Já Morgan Von, da loja especializada em café Von & Vonnie, na Rua do Heroísmo, usa a Ciclo Logística Porto há cerca de um ano porque “é super conveniente, super rápido e mais ‘verde’”, algo que se adequa ao espírito de fazer café de forma mais ecológica, que o seu estabelecimento visa promover.
“É super rápido a entregar. Temos clientes em Matosinhos, e ele consegue entregar em 20 minutos, ao passo que com qualquer outro serviço de entregas leva um a dois dias”, refere o empresário britânico à Lusa.
Morgan Von aponta ainda que “uma empresa de entregas tem muita dificuldade em encontrar estacionamento” na zona do Heroísmo, ao passo que “e o Stef vem e estaciona à frente da porta”.
Na última ponta do ciclo de entregas está o cliente final, como é o caso de Ana Rosbach, que contou à Lusa que encomenda, todas as semanas, “um cabaz de legumes e verduras”.
“Antes nós tínhamos outro fornecedor, e a entrega era numa carrinha a gasóleo, e resolvemos trocar quando soubemos que o Stef fazia entrega com esse fornecedor, porque para nós não faz muito sentido uma entrega de um produto sustentável não ser feito de forma sustentável”, defendeu.
Segundo a cliente, “a janela de entrega dele é bem curta”, cerca de 15 minutos a meia hora, “enquanto com a carrinha era uma janela de duas horas, ou seja, é muito mais prático programar o dia com a entrega sendo feita em bicicleta”, evitando também problemas de estacionamento, inexistente na sua rua.
Face aos habituais argumentos dados para não utilização de bicicletas no Porto, como a chuva e os declives, Stef Michielsens refere que em geral as temperaturas “são temperadas, com muita luz, o que é importante para andar de bicicleta”, argumentando que, mesmo no inverno, é um meio utilizado nos países do Norte da Europa, com clima pior que o do Porto, onde “anda muito mais gente de bicicleta”, sendo “uma questão de bem vestir-se”.
“Mesmo com chuva dá jeito andar de bicicleta em vez de ficar preso no trânsito”, defende, e quanto aos declives, “foi por isso que se inventaram as bicicletas elétricas”, tal como a usada no seu negócio.
Porém, Stef deixa várias críticas à infraestrutura ciclável do Porto.
“As condições são muito más. Há bocados de ciclovias ‘por aqui e por ali’. Primeiro, estão em muito mau estado, trata-se só de um pouco de pintura e de vez em quando há ‘paus’ [mecos] para dizer ‘aqui é uma ciclovia’. Segundo, não estão interconectadas”, aponta.
Quanto à segurança rodoviária, Stef Michielsens aponta que “o que é mais perigoso é a velocidade excessiva e não se respeitar os semáforos” por parte dos automóveis, mas quanto às queixas dos automobilistas face aos ciclistas, o empresário refere que há falhas “de todos os lados, dos peões também, que também atravessam no vermelho”.
Porém, “um peão que faz uma infração vai ter sempre menos consequências que um carro que passa um vermelho, por exemplo, a 60 quilómetros por hora”.
Aproveitando a localização da entrevista, Stef Michielsens contestou a não construção de uma ciclovia aquando das obras do metrobus na Avenida da Boavista.
“A Avenida da Boavista é um dos eixos principais da cidade, que conecta o centro com muitas escolas, muitas salas de desporto, com o mar, com o Parque da Cidade, e é um dos eixos mais usados da cidade e é uma vergonha não terem feito uma ciclovia aqui”, referiu, criticando que tenha ficado “só betão e só pedras”, sem espaços verdes, especialmente numa avenida em que “não falta espaço”.
“Só é preciso vontade e coragem”, concluiu.
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