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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

CASOS DE CANCRO DA PRÓSTATA EM 2040 DEVERÃO SER O DOBRO DOS DE 2020

Um estudo publicado hoje prevê que os casos anuais de cancro da próstata em todo o mundo atinjam em 2040 os 2,9 milhões, mais do dobro dos 1,4 milhões registados em 2020.

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Um estudo publicado hoje prevê que os casos anuais de cancro da próstata em todo o mundo atinjam em 2040 os 2,9 milhões, mais do dobro dos 1,4 milhões registados em 2020.

A investigação, publicada pela revista científica britânica Lancet, estima igualmente que as mortes anuais aumentem 85% no mesmo período, para quase 700.000 (375.000 em 2020), sobretudo entre os homens dos países de rendimento médio-baixo (PRMB), adianta a revista em comunicado, em que admite que “os números reais serão provavelmente muito superiores aos registados devido ao subdiagnóstico” e a falhas na recolha de dados nestes países.

A análise é da Comissão sobre Cancro da Próstata da Lancet e será apresentada no sábado no 39.º Congresso Anual da Associação Europeia de Urologia, que decorrerá de 5 a 8 de abril em Paris (França).

As mortes causadas por cancro da próstata diminuíram desde meados da década de 1990 na maioria dos países de rendimento elevado (PRE), mas nos PRMB em geral o número de casos tem vindo a aumentar e a taxa de mortalidade a subir.

Este tumor maligno “é uma das principais causas de morte e incapacidade, representando 15% de todos os cancros masculinos”. Em mais de metade dos países é o mais comum nos homens. Os principais fatores de risco da doença são ter mais de 50 anos e antecedentes familiares.

“À medida que mais e mais homens em todo o mundo vivem até à meia-idade e à velhice, haverá um aumento inevitável no número de casos de cancro da próstata”, disse Nick James, especialista em cancro da próstata e da bexiga no Instituto de Investigação do Cancro em Londres, na liderança da comissão da Lancet, citado no comunicado.

O também oncologista clínico conselheiro do hospital especializado no tratamento do cancro The Royal Marsden defendeu a urgência de planeamento e de medidas, como melhores programas de educação e de deteção precoce, que, acrescentou, “ajudarão a salvar vidas e a evitar problemas de saúde causados pelo cancro da próstata”.

Em relação aos PRMB, a comissão considera também necessário aumentar “a sensibilização para os perigos e sintomas do cancro da próstata metastático”, assim como para o facto dos tratamentos, incluindo alguns de baixo custo (como a terapia hormonal), poderem prolongar a sobrevivência e diminuir o sofrimento, acrescentando que alguns dos tratamentos “estão disponíveis” em muitos destes países, devendo ser melhorada a sua disponibilização e o acesso dos doentes.

Por outro lado, os PRMB precisam de pessoal e de instalações especializadas – tendo em conta que a melhor terapia para este tumor exige profissionais com formação específica e infraestruturas para apoiar o diagnóstico, por exemplo ao nível da cirurgia e da radioterapia — o que, segundo a comissão, poderia passar pela criação de centros regionais.

James N’Dow, catedrático de Cirurgia na Universidade de Aberdeen (Escócia) e fundador da Horizons Trust (Gâmbia), para o desenvolvimento dos cuidados de saúde na África Subsaariana, considerou que “a questão nos países de rendimento médio-baixo é que o diagnóstico tardio do cancro da próstata é a norma”.

Assinalou que “o aumento do número de casos e mortes por cancro da próstata pode ter enormes impactos económicos e sociais” naqueles países, dado que os homens “são muitas vezes o principal sustento da família”, podendo esta enfrentar “grandes dificuldades (…) se morrerem ou ficarem gravemente doentes”.

A comissão chama ainda a atenção para a “necessidade global de programas de deteção precoce novos e melhorados”, argumentando haver “provas que sugerem” que o recurso ao teste Antigénio Específico da Próstata (PSA na sigla em inglês), utilizado frequentemente no rastreio ao tumor nos países de rendimento elevado, “leva ao excesso de testes em homens idosos de baixo risco, mas não aumenta a deteção do cancro da próstata em homens mais jovens com maior risco”.

Destaca igualmente as “enormes variações na probabilidade de os homens serem diagnosticados com cancro da próstata avançado com a estratégia do teste de PSA”.

Assim, os especialistas recomendam no caso dos PRE “a utilização de exames de ressonância magnética em combinação com testes ao PSA para rastrear homens com alto risco de cancro da próstata, tais como aqueles com história familiar da doença, os de origem africana e os que possuem mutação do gene BRCA2”, alegando que “esta abordagem reduziria o excesso de diagnóstico e de tratamento, ao mesmo tempo que detetaria doenças potencialmente letais”.

Ressalvam, no entanto, que as biópsias são o método mais eficaz na identificação de cancros agressivos.

CIÊNCIA & TECNOLOGIA

MARTE TEVE PERÍODOS QUENTES E ÁGUA DURANTE 40 MILHÕES DE ANOS

Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.

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Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.

O facto de atualmente Marte ser frio e seco mas ter tido rios e lagos há vários milhares de milhões de anos intriga os cientistas há décadas.

“Tem sido um verdadeiro mistério que houvesse água líquida em Marte, porque Marte está mais longe do Sol e, além disso, o Sol era mais fraco no início”, explicou, em comunicado, Danica Adams, investigadora de pós-doutoramento da NASA na Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson (SEAS) de Harvard e principal autora do novo artigo publicado na Nature Geoscience.

Anteriormente, existia a teoria de que o hidrogénio era o ingrediente mágico que, quando misturado com o dióxido de carbono da atmosfera marciana, desencadeava episódios de aquecimento global. Mas a vida útil do hidrogénio atmosférico é curta, pelo que foi necessária uma análise mais detalhada.

Agora, Adams, o professor Robin Wordsworth de Ciências Ambientais e Engenharia na SEAS, e a sua equipa realizaram modelação fotoquímica (semelhante aos métodos utilizados hoje em dia para rastrear poluentes atmosféricos) para preencher os detalhes da relação da atmosfera marciana primitiva com o hidrogénio e como este relacionamento mudou ao longo do tempo.

“Marte antiga é um mundo perdido, mas pode ser reconstruído em detalhe se fizermos as perguntas certas”, frisou Wordsworth.

“Este estudo sintetiza a química atmosférica e o clima pela primeira vez para fazer algumas previsões surpreendentes que podem ser testadas quando trouxermos rochas de Marte para a Terra”, acrescentou.

Adams modificou um modelo chamado CINETICA para simular como uma combinação de hidrogénio e outros gases que reagem com o solo e o ar controlavam o clima marciano primitivo.

Descobriu que durante os períodos Noachiano e Hesperian, entre há 4 e 3 mil milhões de anos, Marte passou por períodos quentes episódicos ao longo de cerca de 40 milhões de anos, com cada evento a durar 100.000 anos ou mais.

Estas estimativas são consistentes com as características geológicas de Marte atualmente. Os períodos quentes e húmidos eram causados pela hidratação da crosta, ou perda de água do solo, que fornecia hidrogénio suficiente para se acumular na atmosfera durante milhões de anos.

“Identificámos escalas de tempo para todas estas alternâncias. E descrevemos todas as peças no mesmo modelo fotoquímico”, sublinhou Adams.

O trabalho de modelação fornece novas perspetivas potenciais sobre as condições que sustentaram a química prebiótica (os fundamentos da vida posterior como a conhecemos) durante os períodos quentes, e os desafios para a persistência dessa vida durante os intervalos frios e oxidativos.

Adams e outros cientistas estão a começar a trabalhar para encontrar evidências destas alternâncias utilizando modelos químicos isotópicos e planeiam comparar estes resultados com rochas da próxima missão Mars Sample Return (MRS).

Como Marte não possui placas tectónicas, ao contrário da Terra, a superfície visível atualmente é semelhante à de antigamente, tornando a sua história dos lagos e rios muito mais intrigante, realçou ainda.

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ASTEROIDE BENNU REVELOU EXISTÊNCIA DE MOLÉCULAS DE ADN

Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.

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Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.

De acordo com o trabalho publicado esta quarta-feira na revista científica Nature Astronomy, as amostras analisadas revelaram a presença das cinco bases nitrogenadas — adenina, guanina, citosina, timina e uracilo — necessárias para a construção de ADN e ARN.

Foram igualmente identificados pelos investigadores da Universidade Hokkaido, no Japão, os compostos xantina, hipoxantina e ácido nicotínico (vitamina B3).

Uma amostra de 121,6 gramas do asteroide Bennu chegou à Terra em 2023 à “boleia” da missão Osiris-Rex, da agência espacial norte-americana (NASA).

Tratou-se da maior amostra extraterrestre recolhida e enviada para a Terra.

Segundo uma das teses, os asteroides (corpos rochosos do Sistema Solar) contribuíram com água e componentes químicos essenciais para a vida na Terra há milhares de milhões de anos.

Embora os meteoritos na Terra provenham de asteroides, a interpretação dos seus dados “é desafiante” face à “exposição à humidade” da atmosfera e a “uma biosfera descontrolada”, refere a Universidade Hokkaido em comunicado, assinalando que “amostras imaculadas recolhidas de asteroides no espaço são os candidatos ideais”.

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