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CIÊNCIA & TECNOLOGIA

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E PORNOGRAFIA INFANTIL PREOCUPA ESPECIALISTAS

A pornografia infantil online está a aumentar com o desenvolvimento de inteligência artificial (IA), banalizando a violência sexual contra crianças e dificultando a proteção das vítimas, alertou hoje a Fundação para a Infância francesa.

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A pornografia infantil online está a aumentar com o desenvolvimento de inteligência artificial (IA), banalizando a violência sexual contra crianças e dificultando a proteção das vítimas, alertou hoje a Fundação para a Infância francesa.

A chamada IA generativa permite criar uma quantidade infinita de conteúdos que podem ser armazenados num computador ou partilhados na Internet, desde vídeos de crianças a serem violadas ou imagens de adolescentes nuas, apenas baseando-se em imagens de rostos reais.

Apesar da edição, a distribuição em massa deste tipo de conteúdos “é grave porque contribui para a banalização das práticas pedófilas e para a objetificação das crianças”, disse à agência noticiosa France-Presse Angèle Lefranc, responsável na Fundação para infância (Fondation pour l’enfance), que divulgou hoje um relatório sobre o tema.

Segundo o relatório, a proliferação de conteúdos de pornografia infantil “aumenta o comportamento viciante dos consumidores, com imagens cada vez mais extremas, explícitas e violentas” e de consumo fácil.

“Os perfis e as motivações das pessoas que visualizam estes conteúdos são muito diferentes, mas quando há uma passagem para o ato, muitas vezes já o visualizaram antes”, afirmou Angèle Lefranc.

A fundação apelou aos políticos, jurídicos e tecnológicos para que ponham em prática uma “resposta forte, rápida e coordenada” e a sensibilização do grande público.

“As pessoas não percebem que as fotografias dos seus filhos em fato de banho publicadas nas redes sociais podem ser utilizadas para treinar a inteligência artificial” para a pornografia infantil, afirmou Angèle Lefranc.

A principal “dificuldade” no controlo desta situação deve-se ao facto da IA estar “em constante evolução” e das pessoas “que consomem conteúdos pedófilos, que estão muito familiarizadas com as novas tecnologias, serem rápidas a apanhá-las”, acrescentou.

Em setembro de 2023, no espaço de apenas um mês, mais de 20.000 imagens geradas por IA foram publicadas num fórum acessível na ‘dark web’, a parte clandestina da Internet, relata a Fundação Internet Watch (IWF), uma das principais associações europeias que lutam contra a distribuição destes conteúdos.

A IWF, que recebeu 70 denúncias sobre este fenómeno entre abril de 2023 e março de 2024, já recebeu 74 no espaço de seis meses, entre abril e o final de setembro de 2024, no que descrevem como um “aumento arrepiante”.

“Dentro de alguns anos, 95% das imagens de pedofilia que serão difundidas na Internet serão o resultado da inteligência artificial”, afirmou Gabrielle Hazan, diretora do Office des mineurs (Ofmin), serviço de investigação criminal dedicado à luta contra a violência contra os jovens, à rádio France Inter em julho.

O gabinete francês de combate a violência contra os menores estima que em 40% dos casos, o visionamento de conteúdos de pornografia infantil levou a que um ato fosse cometido contra uma criança.

A Fundação apelou também no seu relatório a uma alteração do Código Penal para criminalizar a criação de imagens sexuais de menores, já que o atual “vazio jurídico” neste domínio “permite que a prática se intensifique”.

A proliferação de imagens e vídeos de pornografia infantil torna cada vez mais difícil para os serviços de aplicação da lei identificar e proteger as crianças, as verdadeiras vítimas de violência sexual nestes conteúdos divulgados.

Também um relatório da Agência da União Europeia para a Cooperação Policial (Europol) publicado em julho, indicou que a pornografia infantil gerada por IA deverá tornar-se um “grande problema num futuro próximo”.

“Este facto coloca grandes desafios aos serviços especializados, quer em termos de identificação das vítimas, quer em termos de enquadramento jurídico das investigações”, sublinhou a Europol.

CIÊNCIA & TECNOLOGIA

MARTE TEVE PERÍODOS QUENTES E ÁGUA DURANTE 40 MILHÕES DE ANOS

Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.

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Cientistas de Harvard determinaram os mecanismos químicos através dos quais Marte era capaz de manter calor suficiente nos seus primórdios para sustentar água e possivelmente vida.

O facto de atualmente Marte ser frio e seco mas ter tido rios e lagos há vários milhares de milhões de anos intriga os cientistas há décadas.

“Tem sido um verdadeiro mistério que houvesse água líquida em Marte, porque Marte está mais longe do Sol e, além disso, o Sol era mais fraco no início”, explicou, em comunicado, Danica Adams, investigadora de pós-doutoramento da NASA na Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas John A. Paulson (SEAS) de Harvard e principal autora do novo artigo publicado na Nature Geoscience.

Anteriormente, existia a teoria de que o hidrogénio era o ingrediente mágico que, quando misturado com o dióxido de carbono da atmosfera marciana, desencadeava episódios de aquecimento global. Mas a vida útil do hidrogénio atmosférico é curta, pelo que foi necessária uma análise mais detalhada.

Agora, Adams, o professor Robin Wordsworth de Ciências Ambientais e Engenharia na SEAS, e a sua equipa realizaram modelação fotoquímica (semelhante aos métodos utilizados hoje em dia para rastrear poluentes atmosféricos) para preencher os detalhes da relação da atmosfera marciana primitiva com o hidrogénio e como este relacionamento mudou ao longo do tempo.

“Marte antiga é um mundo perdido, mas pode ser reconstruído em detalhe se fizermos as perguntas certas”, frisou Wordsworth.

“Este estudo sintetiza a química atmosférica e o clima pela primeira vez para fazer algumas previsões surpreendentes que podem ser testadas quando trouxermos rochas de Marte para a Terra”, acrescentou.

Adams modificou um modelo chamado CINETICA para simular como uma combinação de hidrogénio e outros gases que reagem com o solo e o ar controlavam o clima marciano primitivo.

Descobriu que durante os períodos Noachiano e Hesperian, entre há 4 e 3 mil milhões de anos, Marte passou por períodos quentes episódicos ao longo de cerca de 40 milhões de anos, com cada evento a durar 100.000 anos ou mais.

Estas estimativas são consistentes com as características geológicas de Marte atualmente. Os períodos quentes e húmidos eram causados pela hidratação da crosta, ou perda de água do solo, que fornecia hidrogénio suficiente para se acumular na atmosfera durante milhões de anos.

“Identificámos escalas de tempo para todas estas alternâncias. E descrevemos todas as peças no mesmo modelo fotoquímico”, sublinhou Adams.

O trabalho de modelação fornece novas perspetivas potenciais sobre as condições que sustentaram a química prebiótica (os fundamentos da vida posterior como a conhecemos) durante os períodos quentes, e os desafios para a persistência dessa vida durante os intervalos frios e oxidativos.

Adams e outros cientistas estão a começar a trabalhar para encontrar evidências destas alternâncias utilizando modelos químicos isotópicos e planeiam comparar estes resultados com rochas da próxima missão Mars Sample Return (MRS).

Como Marte não possui placas tectónicas, ao contrário da Terra, a superfície visível atualmente é semelhante à de antigamente, tornando a sua história dos lagos e rios muito mais intrigante, realçou ainda.

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ASTEROIDE BENNU REVELOU EXISTÊNCIA DE MOLÉCULAS DE ADN

Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.

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Cientistas japoneses detetaram numa amostra do asteroide Bennu as moléculas necessárias para a formação de ADN e ARN, suportando a teoria de que os asteroides podem ter transportado, por impacto, os blocos de construção da vida para a Terra.

De acordo com o trabalho publicado esta quarta-feira na revista científica Nature Astronomy, as amostras analisadas revelaram a presença das cinco bases nitrogenadas — adenina, guanina, citosina, timina e uracilo — necessárias para a construção de ADN e ARN.

Foram igualmente identificados pelos investigadores da Universidade Hokkaido, no Japão, os compostos xantina, hipoxantina e ácido nicotínico (vitamina B3).

Uma amostra de 121,6 gramas do asteroide Bennu chegou à Terra em 2023 à “boleia” da missão Osiris-Rex, da agência espacial norte-americana (NASA).

Tratou-se da maior amostra extraterrestre recolhida e enviada para a Terra.

Segundo uma das teses, os asteroides (corpos rochosos do Sistema Solar) contribuíram com água e componentes químicos essenciais para a vida na Terra há milhares de milhões de anos.

Embora os meteoritos na Terra provenham de asteroides, a interpretação dos seus dados “é desafiante” face à “exposição à humidade” da atmosfera e a “uma biosfera descontrolada”, refere a Universidade Hokkaido em comunicado, assinalando que “amostras imaculadas recolhidas de asteroides no espaço são os candidatos ideais”.

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