CIÊNCIA & TECNOLOGIA
CIENTISTAS PORTUGUESES DESCOBREM CÉLULAS QUE REGENERAM O CORAÇÃO
Investigadores do Instituto de Investigação em Saúde (i3S), no Porto, desenvolveram um método capaz de isolar as células do coração que podem ser as ‘candidatas mais promissoras’ na regeneração do tecido cardíaco após um enfarte.
Investigadores do Instituto de Investigação em Saúde (i3S), no Porto, desenvolveram um método capaz de isolar as células do coração que podem ser as “candidatas mais promissoras” na regeneração do tecido cardíaco após um enfarte.
Em entrevista à agência Lusa, Mariana Valente, investigadora do i3S, explicou hoje que o estudo desenvolvido, recentemente publicado na revista Plos Biology, visava responder a uma questão que ainda hoje “continua a ser pertinente”: a existência de células estaminais ou progenitoras cardíacas.
Foi depois de, em meados do ano 2000, um grupo de investigadores americanos ter “demonstrado a existência de células estaminais no coração adulto de mamíferos”, que, um pouco por todo o mundo, laboratórios e equipas de investigação começaram a tentar reproduzir o resultado e “encontrar as células progenitoras”.
“Em 2011 estavam descritas pelo menos cinco populações de células progenitoras no coração adulto diferentes”, recordou Mariana Valente, a primeira autora do estudo, afirmando, contudo que “algo que não estava correto”.
“A questão [colocada] foi: como é que é possível não haver regeneração e estarem identificadas tantas populações diferentes de células progenitoras no coração?”, disse, acabando por fazer o mesmo em 2011, ano em que iniciou esta investigação no âmbito do seu doutoramento.
Com o objetivo de “desenvolver um mapa de todas as células que constituem o coração”, a equipa de investigadores que incluiu elementos do Instituto Pasteur, em Paris, decidiu, por isso, “olhar para o embrião”, ou seja, para o momento em que o coração começa a ser formado e todas as células progenitoras necessárias para a formação do coração estão presentes.
Depois de definidas todas as células, a equipa começou por “descartar” as células maduras [células completamente formadas e com uma função já estabelecida] e ficou com “um número restrito de marcadores proteicos” – a proteína CD24/HSA – que apenas existe no início do desenvolvimento do coração e está presente nos cardiomiócitos (célula que ao contrair proporciona o batimento ao coração) mais imaturos.
“Olhando para o embrião conseguimos perceber qual a forma de identificar um cardiomiócito imaturo, uma vez que eles expressam a proteína CD24”, disse Mariana Valente, adiantando que “esta foi a primeira vez que estas células foram isoladas”.
Segundo Mariana Valente, sendo que “o maior objetivo de investigação” na área das doenças cardiovasculares continua a ser “o desenvolvimento de novos cardiomiócitos”, a investigação agora publicada vem “auxiliar” a comunidade científica nesse propósito.
“Quando há um enfarte do miocárdio, os cardiomiócitos são as células perdidas de forma irreversível (…). Quando o coração perde parte dos cardiomiócitos, não vai bater de forma regular e as pessoas poderão desenvolver arritmias, insuficiência cardíaca e o coração pode parar”, apontou.
À Lusa, a investigadora explicou que o estudo agora divulgado, ao “isolar todas as células que constituem o coração”, permite que as investigações futuras sejam “mais eficazes”.
“Neste momento temos um método de isolamento de cardiomiócitos imaturos que nos irá permitir perceber de que forma é que podemos estimular estas células imaturas, que são muito poucas e raras, a desenvolverem novos cardiomiócitos após uma lesão do coração”, concluiu.
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SAÚDE: CASOS DE DEMÊNCIA PODEM DUPLICAR NOS PRÓXIMOS 50 ANOS – ESTUDO
Investigadores do Centro de Investigação, Diagnóstico, Formação e Acompanhamento das Demências (CIDIFAD) da Misericórdia de Riba D’Ave, em Famalicão, estimam que os casos de demência possam duplicar nos próximos 50 anos em Portugal, envolvendo 450 mil pessoas.
Investigadores do Centro de Investigação, Diagnóstico, Formação e Acompanhamento das Demências (CIDIFAD) da Misericórdia de Riba D’Ave, em Famalicão, estimam que os casos de demência possam duplicar nos próximos 50 anos em Portugal, envolvendo 450 mil pessoas.
Em comunicado, o Centro de Investigação da Santa Casa da Misericórdia esclarece esta terça-feira que a investigação, publicada no Journal of Geriatric Psychiatry and Neurology, conclui que em Portugal a demência “pode duplicar e chegar aos 450 mil casos em 2080, representando quase 5% da população portuguesa”.
Para chegarem a este resultado, os investigadores usaram taxas de prevalência de demência, por idade e sexo, com base em dois critérios de diagnóstico encontrado noutros estudos nacionais.
“Essas taxas foram aplicadas às projeções da população portuguesa até 2080, para diferentes cenários de crescimento populacional”, refere o centro, acrescentando que os dados apontam “para o peso expressivo nos grupos com idade mais avançada”.
Segundo os dados, três em cada quatro pessoas com demência em 2080 deverão ter 80 ou mais anos. O estudo aponta ainda que a doença continuará a ser mais frequente em mulheres.
Citada no comunicado, a investigadora líder, Sara Alves, destaca que este é “um estudo pioneiro das tendências da prevalência de demência em Portugal, que estima o impacto que este grupo de doenças poderá ter no país até 2080″.
Nas próximas décadas, o número de pessoas com demência “deverá escalar, sobretudo devido ao envelhecimento acentuado da população”.
“A idade é um dos principais fatores associados ao aparecimento deste tipo de doenças, que inclui, por exemplo, a doença de Alzheimer e demência frontotemporal”, lê-se no comunicado.
O estudo contou com a colaboração da investigadora Natália Duarte, do CIDIFAD, mas também de Bárbara Gomes, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
Face aos resultados do estudo, as investigadoras defendem não só ser “urgente a concretização dos planos nacionais e regionais da saúde para as demências”, mas também a implementação de medidas para o diagnóstico precoce.
“Há muito a fazer em termos de prevenção de fatores de risco modificáveis (sedentarismo, diabetes, hipertensão), aumento da capacidade de diagnóstico, criação de serviços especializados na comunidade, incluindo cuidados de longa duração e cuidados paliativos, capacitação e formação de profissionais e cuidadores para responder aos desafios da doença, aumento de campanhas de sensibilização, e um maior investimento para a investigação nesta área”, acrescenta Sara Alves.
A investigação contou com o apoio do programa Norte 2020 que apoia a Santa Casa de Misericórdia de Riba D’Ave, em Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga.
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GOOGLE ANUNCIA MEDIDAS PARA COMBATER DESINFORMAÇÃO NAS ELEIÇÕES EUROPEIAS
A Google anunciou hoje quatro medidas para combater a desinformação ‘online’, no âmbito das eleições europeias, onde se inclui o Elections24Check, coligação de factos para a qual a tecnológica contribui com 1,5 milhões de euros.
A Google anunciou hoje quatro medidas para combater a desinformação ‘online’, no âmbito das eleições europeias, onde se inclui o Elections24Check, coligação de factos para a qual a tecnológica contribui com 1,5 milhões de euros.
“Partilhamos os anúncios mais recentes da Google na cimeira ‘Fighting Misinformation Online’ com foco nas eleições, que decorre em Bruxelas, sobre como estamos a trabalhar com o ecossistema, de forma mais ampla, para combater a desinformação e apoiar a literacia mediática”, refere a tecnológica.
Este passo, adianta, “vem na sequência da atualização no início deste ano (blogpost) sobre como estamos a apoiar as eleições para o Parlamento Europeu, disponibilizando informações de alta qualidade aos eleitores, salvaguardando as nossas plataformas e proporcionando às campanhas as melhores ferramentas de segurança e formação”.
Entre as medidas está o Elections24Check, uma nova coligação de verificação de factos.
“A Google está a contribuir com 1,5 milhões de euros para a Rede Europeia de Normas de Verificação de Fatos (EFCSN) para o lançamento do Elections24Check”, uma coligação de mais de 40 organizações de notícias e de verificação de factos que trabalha em conjunto para verificação de factos sobre as eleições para o Parlamento Europeu, adianta.
Outra medida diz respeito a “recursos de desinformação da AFP para jornalistas”, em que no “período que antecede as eleições europeias de junho, a AFP vai disponibilizar recursos aos jornalistas para aumentar a sensibilização sobre a desinformação e ações para a combater, com o apoio da Google News Initiative”.
Há ainda um donativo de um milhão de dólares da Google.org ao ThinkYoung “para financiar ‘hackathons’ liderados por jovens em toda a Europa e capacitar os jovens eleitores no âmbito do processo democrático”.
Também vai ser lançado o Google Trends Elections Hub para as eleições parlamentares europeias “de forma a proporcionar informações sobre as questões e os tópicos sobre os quais os eleitores desejam saber mais”.
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