ECONOMIA & FINANÇAS
CRISE: ORÇAMENTO SUPLEMENTAR PODERÁ SER REVISTO DEVIDO AO AGRAVAMENTO DA ECONOMIA
Uma contração na ordem dos 10% da economia portuguesa este ano, a confirmar-se, poderá levar o Governo a rever as previsões inscritas no Orçamento Suplementar e obrigar a um novo orçamento retificativo, admitem economistas ouvidos pela agência Lusa.
Uma contração na ordem dos 10% da economia portuguesa este ano, a confirmar-se, poderá levar o Governo a rever as previsões inscritas no Orçamento Suplementar e obrigar a um novo orçamento retificativo, admitem economistas ouvidos pela agência Lusa.
Segundo Joaquim Miranda Sarmento, professor de Finanças do ISEG – Lisbon School of Economics & Management Universidade de Lisboa, “se se confirmar que a quebra do produto interno bruto (PIB) rondará os 10% [a Comissão Europeia agravou na terça-feira as suas previsões para Portugal face aos choques da covid-19, estimando agora uma contração de 9,8%, muito acima da anterior projeção de 6,8% e da do Governo, de 6,9%], as previsões do Governo no Orçamento Suplementar terão de ser revistas”.
“E – acrescenta – como referiu a presidente do Conselho das Finanças Públicas, existe um elevado risco de o Governo ter de apresentar um segundo Suplementar, dado que pode vir a precisar de mais despesa e sobretudo mais endividamento (por via da quebra de receitas fiscais e contributivas)”.
Também para o presidente do Conselho de Administração da corretora DIF Broker, “o Governo terá de rever as previsões, uma vez que muitos estudos, e até o Conselho das Finanças Públicas, já apontavam para uma degradação bastante forte da economia, em virtude do encerramento de fronteiras e do seu impacto no turismo”.
“É natural que as previsões sejam revistas em baixa e poderão ainda ser agravadas, tendo em conta a limitação do acesso de Portugal a corredores turísticos”, disse Pedro Lino à agência Lusa.
Já Ricardo Cabral, professor da Universidade da Madeira e especialista em finanças públicas, considera que o Orçamento do Estado Suplementar “foi feito num contexto de grande incerteza e desenhado com margem significativa para acomodar desvios” e, embora admita que “a revisão de previsões no muito curto prazo pode ocorrer”, diz que não terá “consequências se não obrigar a nova lei de revisão orçamental (retificativo)”.
E se um novo orçamento retificativo “só será necessário se a autorização de despesa ou de endividamento for ultrapassada, o que não se afigura que venha a ocorrer, dado que a despesa está relativamente controlada e o aumento da despesa prevista no Orçamento do Estado Suplementar foi muito generoso”, o professor universitário considera que, “se a queda de receitas e o défice público forem muito mais pronunciados do que o previsto, o Governo deveria submeter novo Orçamento do Estado retificativo à Assembleia da República mais próximo do final do ano”.
Adicionalmente, acrescenta, “fará pouco sentido manter o calendário definido na lei para a elaboração do Orçamento do Estado de 2021, que deveria ser retardado”.
O professor da Nova SBE João Duarte e o economista da IMF – Informação de Mercados Financeiros Filipe Garcia consideram, por sua vez, que “o Governo não é obrigado a rever” as suas últimas projeções, até porque “a volatilidade das previsões mostra que há muita incerteza”, a não ser “que novos decretos-lei sejam necessários para reforço do orçamento novamente”.
“As constantes revisões de previsões confirmam este contexto de incerteza elevadíssima. De todo o modo, o Ministério das Finanças faz a revisão bimestralmente que pode servir de auxilio na elaboração e discussão dos projetos da Lei de Diretrizes Orçamentárias”, sustenta João Duarte.
Na mesma linha, o professor de Finanças do ISEG – Lisbon School of Economics & Management João Duque acredita que “o Governo manterá as suas previsões e, apenas em caso de uma profunda divergência da execução orçamental, sem espaço de acomodação através de alterações orçamentais entre algumas rubricas, irá alterar o orçamento”.
“Só o futuro irá mostrar quem está certo”, corrobora Filipe Garcia, que considera “importante” analisar o “ângulo político” deste agravamento das previsões por parte da Comissão Europeia (CE).
“Esta revisão para pior feita por parte da Comissão Europeia poderá ajudar os países da União Europeia (UE) a chegar a um acordo acerca dos estímulos a implementar para a recuperação económica nas negociações que estão em curso. Se a revisão da CE fosse simétrica para melhor, iria com certeza haver mais dificuldades em se chegar a um entendimento”, sustenta, considerando que “este sentido de urgência e de necessidade é um facilitador de consensos”.
Já para Portugal, e “se houver luz verde por parte da UE, estes números irão provavelmente afastar as pretensões de um maior equilíbrio orçamental”, já que “seguramente a oposição mais à esquerda – que na prática tem viabilizado a governação – não admitirá outro caminho”, diz.
Relativamente às previsões em cima da mesa de evolução do PIB português no segundo trimestre e no conjunto do ano, o “contexto de incerteza elevadíssima” leva vários dos economistas e analistas ouvidos pela Lusa a preferir não arriscar valores.
Ainda assim, os intervalos avançados por alguns apontam para uma contração da economia portuguesa entre os 15% e os 20% de abril a junho e entre os 8% e os 15% no acumulado do ano 2020.
“O conjunto do ano dependerá muito da evolução da crise de saúde. Se esta melhorar (cenário utilizado pela CE), poderemos balizar a queda para 2020 abaixo dos 9-11% para o ano. Se esta continuar ou aumentar (infelizmente, como é provável que aconteça), a queda do PIB pode chegar 12-16% em 2020”, estima João Duarte, da Nova SBE.
Mais otimista, João Duque prevê neste momento para 2020 “uma quebra centrada nos 8%, com um intervalo de previsão entre os 7% e os 9%”, enquanto Joaquim Miranda Sarmento considera que, “depois de uma quebra do PIB no primeiro trimestre de 3,8%, o segundo trimestre deverá cair próximo de 20% e, provavelmente, o terceiro e quarto trimestres ainda serão de quebra do PIB”.
Já a projeção do Banco BPI é de uma queda do PIB de 12% em 2020 e de recuperação de 8% em 2021, embora “sujeita a um elevado nível de incerteza, dependendo fundamentalmente da evolução da pandemia e do ‘timing’ de resolução da crise sanitária”.
A DIF Broker antecipa que “a queda do segundo trimestre poderá muito bem aproximar-se dos 20%, com uma recuperação ao longo do ano, que deve registar uma queda anual ligeiramente superior a 10%, um valor infelizmente histórico”.
O ISEG, por sua vez, estima que a variação homóloga do PIB terá atingido um mínimo histórico entre -20% e -15% no segundo trimestre e Ricardo Cabral, da Universidade da Madeira, aponta para uma retração “superior a 10%” este ano.
“Assumindo que no resto do ano a atividade económica se mantém ao ritmo do presente e que não há retrocessos que obriguem a novas medidas de isolamento, parece-me que a queda do PIB será talvez de cerca de 15%, o ponto médio de um intervalo entre 10% e 20%, mas só porque o crescimento económico no primeiro trimestre foi bom”, refere.
Rui Constantino, economista-chefe do Santander Portugal, baseia-se na informação preliminar disponível para antecipar uma contração do PIB de 12% em cadeia e de 15% em termos homólogos no segundo trimestre e admite que, “fruto desta dinâmica, e considerando uma recuperação gradual a partir do terceiro trimestre, o PIB em 2020 poderá contrair cerca de 9,6%, influenciado pela moderação do consumo (em especial em bens duradouros) e uma queda quer do investimento, quer das exportações”.
ECONOMIA & FINANÇAS
SETE EM CADA DEZ EMPRESAS DISCORDAM DA SEMANA DE QUATRO DIAS
Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.
Sete em cada dez empresas são contra a implementação da semana de quatro dias, sobretudo no comércio, indústria e construção, e 71% das que concordam defendem que a medida deveria ser facultativa, segundo um inquérito hoje divulgado.
Elaborado pela Associação Industrial Portuguesa — Câmara de Comércio e Indústria (AIP-CCI) e referente ao quarto trimestre de 2024, o “Inquérito de Contexto Empresarial sobre o Mercado Laboral” indica ainda que 70% das empresas defendem que matérias laborais como carreiras, benefícios, remunerações complementares ou limites de horas extraordinárias deveriam ser concertadas no interior das empresas e não em sede de Contrato Coletivo de Trabalho (CCT).
Relativamente ao banco de horas individual, 71% das empresas inquiridas dá parecer favorável e, destas, 74% entende que deveria ser fixado por acordo dentro da empresa, em vez de nas convenções coletivas de trabalho.
Segundo nota a AIP, entre as empresas que mais defendem esta concertação interna estão as pequenas e médias empresas.
Já em termos de modelo de trabalho, 81% das 523 empresas participantes dizem praticar trabalho presencial, 17% um modelo híbrido e 2% teletrabalho. Entre as que adotaram um modelo híbrido ou remoto, 73% afirmam que tal contribuiu para uma melhoria da produtividade e 84% consideram manter este modelo.
Quando questionadas sobre o Salário Mínimo Nacional (SMN), 83% das empresas concordam com a sua existência, ainda que 65% entendam que não deve ser encarado como um instrumento de redistribuição de riqueza.
Entre as que consideram que o SMN deve ser um instrumento com este fim, 45% diz que deveria ser a sociedade a suportá-lo, através de impostos negativos nos rendimentos mais baixos, enquanto as restantes 55% defendem que deveria ser suportado pelos custos de exploração das empresas.
Relativamente ao valor de 1.020 euros mensais projetados para o SMN até ao final da atual legislatura, mais de metade (56%) das empresas inquiridas apontam que é suportável pela conta de exploração das empresas, embora 95% desconheça algum estudo que aponte o seu setor de atividade como tendo capacidade para o financiar.
Para 65% das empresas, a fixação anual do salário mínimo deveria estar dependente da evolução da produtividade.
Quando questionadas sobre a autodeclaração de doença, 55% das empresas manifestou-se contra, apesar de 89% assinalar que nunca registou um caso destes ou que estes são muito pouco frequentes.
No que respeita ao designado “direito a desligar”, metade das empresas defende-o e outras tantas discordam, sendo que entre as que apresentam maior taxa de rejeição à implementação desta medida estão, sobretudo, as médias e microempresas.
Já quanto a sua comunicação à ACT, 86% das empresas discordam deste procedimento.
O inquérito da AIP-CCI foi realizado entre 12 de outubro e 11 de novembro de 2024 junto de 523 sociedades comerciais de todo o país (24% do Norte, 32% do Centro, 26% da Área Metropolitana de Lisboa, 12% do Alentejo, 3% do Algarve e 3% das ilhas).
A indústria representou 47% da amostra, seguida pelos serviços (26%), comércio (14%), construção (7%), agricultura (3%), alojamento e restauração (2%) e transportes e armazenagem (1%), sendo que 3% eram grandes empresas, 8% médias, 45% pequenas e 44% microempresas.
Da totalidade da amostra, 49,01% são empresas exportadoras.
ECONOMIA & FINANÇAS
ERC: APENAS 4% DOS MEDIA PORTUGUESES FATURAM ACIMA DE 10 MILHÕES
As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.
As empresas de media com rendimentos acima de 10 milhões de euros representavam 4% da totalidade em 2023, segundo a análise económico-financeira da ERC hoje divulgada, que aponta que as receitas não registaram melhoria face ao ano anterior.
Esta é uma das conclusões do estudo de análise económica e financeira sobre os media em Portugal da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) relativo ao exercício de 2023, que tem por base dados reportados pelos regulados, no âmbito da Lei da Transparência da Titularidade dos Meios de Comunicação Social (Lei nº 78/2015, de 29 de julho).
“A análise conduzida pela ERC apurou que os ativos totais das empresas de comunicação social ascenderam a 1.123.063 euros e os rendimentos totais da atividade a 1.166.911 euros”, lê-se no comunicado do regulador.
Constatou-se “que as empresas com rendimentos superiores a 10 milhões de euros apenas representaram 4% da totalidade de entidades, mas 86% dos ativos, 84% dos capitais próprios do setor e 89% dos rendimentos”, prossegue a ERC.
O regulador refere que sobressai “o facto de não se ter assistido, em 2023, a uma melhoria dos rendimentos das empresas de comunicação social em Portugal, mantendo-se em 53% a percentagem de empresas que registam crescimento dos rendimentos”.
No período em análise, “o número de empresas com resultados líquidos positivos, resultados operacionais ou EBITDA positivos, e capitais próprios positivos situou-se em proporções inferiores a 2022”.
O estudo caracteriza o setor dos media português de “granular, composto por muitas pequenas empresas, em especial nos segmentos mais tradicionais, como as publicações periódicas e as rádios hertzianas”.
Aliás, “são as pequenas empresas que enfrentam maiores dificuldades face à alteração paradigmática da forma como os conteúdos são consumidos e dos interesses e composição dos consumidores, limitando ou inibindo a capacidade de crescimento”.
A publicidade continuou a ser a principal fonte de receitas do setor em 2023, “mas a sua evolução apresentou um comportamento misto entre as principais instituições”.
De acordo com a análise, “verificou-se um aumento das receitas de publicidade do segmento de televisão, mas mais centrado nos canais de televisão por subscrição (STVS) em detrimento do ‘free-to-air’ [canais gratuitos]”.
O consumo de notícias “é cada vez mais fragmentado entre diferentes plataformas comunicacionais e que a utilização do vídeo como fonte noticiosa tem vindo a crescer, especialmente entre os mais jovens”, refere a análise, que adianta que como “principal fonte de conteúdos de vídeo noticiosos surgem as plataformas de partilha de vídeo em detrimento dos ‘sites’ dos editores, o que aumenta os desafios de monetização de produção de conteúdos e conexão destes últimos”.
O estudo completo da ‘Análise Económica e Financeira ao Setor de Media em Portugal no ano 2023’ pode ser consultado na página da ERC.
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