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IDOSOS OBESOS POR FALTA DE EXERCÍCIO FÍSICO
Os níveis “muito baixos” de actividade física levam a que existam em Portugal “demasiados idosos obesos”, concluiu Nuno Borges, professor da faculdade de Ciências da Nutrição do Porto, instituição que hoje promove o primeiro Seminário de Nutrição e Envelhecimento.
Os níveis “muito baixos” de actividade física levam a que existam em Portugal “demasiados idosos obesos”, concluiu Nuno Borges, professor da faculdade de Ciências da Nutrição do Porto, instituição que hoje promove o primeiro Seminário de Nutrição e Envelhecimento.
“A população idosa portuguesa é a que menos se mexe”, comparativamente à de outros países europeus, explicou o docente da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto (FCNAUP), quando questionado pela Lusa sobre os principais problemas que afetam a nutrição dos idosos.
Segundo o docente, o isolamento, a má alimentação, os baixos níveis de exercício físico e a consequente perda de locomoção são os factores que mais influenciam negativamente o estado nutricional dos idosos portugueses.
Para o especialista, campanhas de sensibilização e programas específicos para esta população seriam duas das possíveis soluções para os problemas indicados, o que lhes permitiria “sair do isolamento” e ter “maior convívio e actividade”.
“Há idosos que não conseguem garantir o acesso diário aos alimentos”, refere, apontando as condições económicas, o facto de não conseguirem ir sozinhos ao mercado, não terem quem lhes faças as compras, não conseguirem cozinhar ou a dependência de familiares “que lhes falham”, como as principais razões.
Nuno Borges é um dos responsáveis pelo estudo Nutrition UP 65, desenvolvido pela FCNAUP, cujo objetivo foi avaliar o estado nutricional dos portugueses com mais de 65 anos e aumentar o conhecimento dos profissionais de saúde, criando mudanças a médio e longo prazo na vida da população idosa.
Também o défice de vitamina D é “excessivamente elevado”, acarretando uma série de consequências, principalmente a nível ósseo.
“Apesar de ser um problema nutricional, não se consegue resolver apenas com comida (são poucos os alimentos que contêm essa vitamina) nem com o apanhar mais sol, visto que os idosos não têm a mesma capacidade de síntese desta vitamina”, explicou, acrescentando que, no inverno, deverá ser muitas vezes necessário recorrer a suplementos para corrigir os níveis.
O facto de os idosos beberem “pouca água e muito álcool” (resultado do Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física – IAN-AF, apresentado em Março), faz com que apresentem níveis de desidratação elevados.
“Temos que convencer esta população a beber mais água, chás e infusões, porque a água que consomem na sopa e noutros alimentos não chega”, acrescentou.
O consumo excessivo de sal por parte de 85% desta população é outra situação “preocupante” para Nuno Borges.
“Os idosos consomem cerca de oito gramas diárias de sal, valor elevado quando comparado com o máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que são cinco gramas”, esclarece.
A redução do consumo do sal, para o investigador, representa a diminuição do risco da hipertensão arterial, uma doença que mais afeta os idosos, e os consequentes acidentes vasculares cerebrais (AVC), que são “a principal causa de morbilidade e mortalidade em Portugal”.
Os resultados da avaliação nutricional dos idosos e as recomendações resultantes do Nutrition UP 65 vão ser apresentados hoje, às 14:30, no auditório da Biblioteca Almeida Garrett, no Porto, durante o primeiro Seminário de Nutrição e Envelhecimento, que marca o encerramento do projecto.
As conclusões da segunda vertente do projecto passou pela aposta na formação certificada de profissionais de saúde e de cuidadores que lidam com os idosos, componente que Nuno Borges acredita ser “tão importante como os resultados”, também serão hoje divulgadas.
LUSA
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MENOPAUSA: 50% DAS MULHERES EM PORTUGAL ASSUMEM “SENTIR-SE MAL”
Cerca de metade das 1,2 milhões mulheres (12% da população) que passa atualmente pelo período da menopausa em Portugal “assume mal-estar” nesta fase, indica uma investigação do seguro de saúde Médis, cujas conclusões foram divulgadas esta quarta-feira.
Cerca de metade das 1,2 milhões mulheres (12% da população) que passa atualmente pelo período da menopausa em Portugal “assume mal-estar” nesta fase, indica uma investigação do seguro de saúde Médis, cujas conclusões foram divulgadas esta quarta-feira.
Esta é “a maior de todas as fases da saúde da mulher, ocupando, em média, 40% das suas vidas” e “é, também, a fase em que mais sofrem: cerca de metade das mulheres assumem mal-estar nesta fase o que, comparando com o mal-estar exibido na puberdade (20% das mulheres) é um número 140% superior, e comparando com o mal-estar exibido na maternidade (12% das mulheres) é um número 300% superior”.
A investigação deu continuidade ao estudo, realizado através do projeto Saúdes da Médis e divulgado em 2022, “Saúde e bem-estar das Mulheres, um Potencial a alcançar”, aprofundando o tema da menopausa.
Realizado durante “27 meses”, o trabalho teve por base “245 entrevistas quantitativas, cinco grupos de referência e quatro conversas aprofundadas com profissionais de saúde”, tendo sido entrevistadas 33 mulheres entre os 45 e os 65 anos.
“Vivemos numa sociedade que não está preparada para falar abertamente sobre a menopausa e até a esconde. Isto colide com a necessidade, que ouvimos da boca da maioria das mulheres com quem falámos, que vai precisamente em sentido contrário, ou seja, querem e precisam expor, sem tabus, sintomas, medos e anseios em relação ao tema“, alertou Maria Silveira, responsável de Orquestração Estratégica, Ecossistema de Saúde do Grupo Ageas Portugal, ao qual pertence a Médis.
A investigação complementa a classificação médica e científica da menopausa, que a divide em três fases – perimenopausa, menopausa e pós-menopausa -, e “tendo em conta a visão e os sentimentos das mulheres (a subjetividade)” associa quatro “estados de alma” ao processo: desconhecimento, sofrimento, gestão e libertação.
Segundo o estudo, a fase da menopausa é “muito pouco valorizada e falada” também pelos “médicos e profissionais de saúde”, apesar de lhe serem associados “mais de 30 sintomas” e de 72% das mulheres entre os 45 e os 60 anos viverem num estado permanente de tensão e 50% afirmarem já ter tido um esgotamento ou depressão.
Por outro lado, o facto de não ser “pensada ou preparada (ao contrário da maternidade e da menstruação), aumenta a dificuldade” na sua gestão.
De acordo com os dados da investigação, 52% das mulheres afirmam estar mal ou medianamente preparadas para lidar com esta fase de vida.
Os “desconfortos mais manifestados” são os afrontamentos (69%), dores nas articulações (49%), suores noturnos e/ou perturbações do sono (48%), ansiedade (45%), secura vaginal (42%) e diminuição da libido (37%).
“A nível profissional, 65% das mulheres que se encontram nesta condição sentem discriminação no local de trabalho e 22% já pensou mudar ou abandonar o seu trabalho“.
Quanto à “libertação”, considera-se que, embora seja uma fase pouco falada, deve ser destacada, já que apesar de “alguns dos sintomas poderem durar mais de uma década, a maioria deles acaba por se desvanecer” e “apenas 20% das mulheres dizem ter sintomas há mais de cinco anos”.
“A menopausa não é uma doença, mas uma condição. Sendo diferente de mulher para mulher, existem tantas menopausas quantas as mulheres, o que também dificulta”, disse Maria Silveira, citada num comunicado sobre a iniciativa de hoje “Dar ouvidos e voz à Menopausa”, para divulgar o estudo e que incluiu uma mesa-redonda.
A responsável diz por isso que “ouvir estas mulheres, orientá-las e dar-lhes voz é, em si mesmo, um ótimo ‘medicamento’, além, claro, de um acompanhamento holístico (ginecologia, psicologia, nutrição, exercício físico)”.
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CÃES E GATOS PODERÃO TRANSMITIR “SUPERBACTÉRIAS” A HUMANOS – ESTUDO
Um estudo realizado em Portugal e no Reino Unido sugere que cães e gatos de estimação desempenham um papel importante na propagação de bactérias resistentes a antibióticos.
Um estudo realizado em Portugal e no Reino Unido sugere que cães e gatos de estimação desempenham um papel importante na propagação de bactérias resistentes a antibióticos.
Em comunicado divulgado este sábado, a Sociedade Europeia de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ESCMID na sigla em inglês) adianta que a investigação vai ser apresentada no seu Congresso Global a decorrer em Barcelona (Espanha) entre 27 e 30 de abril.
Tendo encontrado “indícios da transmissão de bactérias multirresistentes entre cães e gatos doentes e os seus donos saudáveis em Portugal e no Reino Unido”, o trabalho levanta preocupações “de que os animais de estimação possam atuar como reservatórios de resistência e, assim, ajudar na propagação da resistência a medicamentos essenciais”.
Neste sentido, chama a atenção para a importância de incluir famílias com animais de estimação em programas de vigilância da resistência aos antibióticos, indica o comunicado.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a resistência aos antibióticos como uma das maiores ameaças à saúde pública que a humanidade enfrenta.
As infeções resistentes aos medicamentos matam anualmente em todo o mundo mais de 1,2 milhões de pessoas e prevê-se que em 2050 sejam 10 milhões, se não forem tomadas medidas.
“Estudos recentes indicam que a transmissão de bactérias de resistência antimicrobiana (RAM) entre humanos e animais, incluindo animais de estimação, é crucial na manutenção dos níveis de resistência, desafiando a crença tradicional de que os humanos são os principais portadores de bactérias RAM na comunidade”, afirma a investigadora principal Juliana Menezes, citada no comunicado.
“Analisar e compreender a transmissão de bactérias RAM de animais de estimação para humanos é essencial para combater eficazmente a resistência antimicrobiana” em pessoas e animais, acrescenta a estudante de doutoramento, do Laboratório de Resistência aos Antibióticos do Centro de Investigação Interdisciplinar em Saúde Animal, da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa.
O estudo envolveu cinco gatos, 38 cães e 78 pessoas em 43 casas em Portugal e 22 cães e 56 indivíduos em 22 habitações no Reino Unido. Todos os humanos eram saudáveis e todos os animais de estimação tinham infeções da pele e tecidos moles ou infeções do sistema urinário.
Os cientistas testaram amostras de fezes e urina e esfregaços de pele dos animais e dos seus donos para detetar Enterobacterales (família de bactérias que inclui a Escherichia coli e a Klebsiella pneumoniae) resistentes a antibióticos comuns.
O foco foram as bactérias resistentes “às cefalosporinas de terceira geração” (dos mais importantes antibióticos, segundo a OMS) e “às carbapenemas (parte da última linha de defesa quando outros antibióticos falham)”.
Segundo o comunicado, “não foi possível comprovar a direção da transmissão”, mas “em três dos lares de Portugal, o timing dos testes positivos para a bactéria produtora de ESBL/AmpC sugere fortemente que, pelo menos nestes casos, a bactéria tinha passado do animal de estimação para o humano”.
Juliana Menezes considera que “aprender mais sobre a resistência nos animais de estimação ajudaria no desenvolvimento de intervenções fundamentadas e direcionadas, para defender a saúde animal e humana”.
Carícias, toques ou beijos e tocar nas fezes do animal permitem a passagem das bactérias entre os cães e os gatos e os seus donos, pelo que os investigadores pedem atenção à lavagem das mãos após fazer festas aos animais ou tratar dos seus dejetos.
“Quando o seu animal de estimação não estiver bem, analise a possibilidade de o isolar num quarto para evitar a propagação de bactérias pela casa e limpe bem o resto da habitação”, aconselha a investigadora.
Todos os cães e gatos ficaram sem infeções depois de terem sido tratados.
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