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UM TESTEMUNHO HORRÍVEL

“Fui vítima sexual da Jihad”: O testemunho comovente de uma jovem sequestrada pelo Estado Islâmico. Nadia Murad esteve sequestrada por combatentes do Estado Islâmico durante três meses, em que sofreu abusos “inimagináveis”. Com o seu testemunho, quer chamar a atenção para casos como este. Vê mais e partilha com os teus amigos.

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NÁDIA MURAD - UM TESTEMUNHO HORRÍVEL

Nadia Murad, uma mulher de 21 anos pertencente à minoria religiosa Yazidi, esteve sequestrada por combatentes do Estado Islâmico durante três meses, em que sofreu abusos “inimagináveis”. Os terroristas invadiram a sua aldeia no Iraque, onde mataram todos os homens e sequestraram centenas de mulheres que foram vendidas e passadas de mão em mão por homens que as violaram. Nádia conseguiu fugir mas diz que muitas outras mulheres ainda se encontram presas. Esteve em Londres para chamar a atenção de casos como este, e falou com Sarah Montague do programa HARDtalk, da BBC.

A vida na nossa aldeia era muito simples mas muito feliz. Não vivíamos em palácios, as nossas casas eram simples, feitas de barro, mas levávamos uma vida feliz, não tínhamos problemas nenhuns”, disse Nádia à BBC.

O ataque deu-se no dia 3 de Agosto de 2014 em Sinjar, uma região no norte do Iraque. “Rodearam a aldeia durante alguns dias mas sem entrar. Tentámos pedir ajuda por telefone e outros meios. Sabíamos que algo horrível se ia passar. Mas a ajuda nunca chegou, nem do Iraque nem de outro sítio”, explicou a iraquiana. Acabaram por entrar na aldeia onde deram duas opções aos habitantes: convertiam-se ao Islamismo ou morriam. Começaram por separar os homens, que eram cerca de 700.“Das janelas da escola conseguimos ver que os homens tinham sido abatidos a tiro”, entre eles estavam irmãos de Nádia. “A seguir levaram os meninos com mais de quatro anos e as meninas com mais de nove para o campo de treino. Depois levaram umas 80 mulheres, todas com mais de 45 anos, incluindo a minha mãe. Alguns dizem que elas foram mortas, outras não. No entanto, quando parte de Sinjar foi libertada, uma vala comum com os seus corpos foi encontrada.”

Nádia e outra mulheres foram levadas, juntamente com um grupo de 150 meninas, entre elas três das suas sobrinhas. Foram divididas em grupos e transportadas até Monsul.

Durante o trajecto tocavam-nos nos seios e passavam as barbas nas nossas caras. Não sabíamos se íamos ser mortas. Percebemos que não iria acontecer nada de bom porque tinham matado todos os homens e as pessoas mais velhas e tinham sequestrado as crianças.

Chegaram à base dos terroristas e começaram a ser levadas para serem violadas. Nádia percebeu que a sua hora acabaria por chegar. No dia seguinte, um grupo de homens escolheu algumas raparigas, entre os 10 e os 12 anos. “As meninas tentaram resistir mas foram forçadas a ir com os homens. Uma das mais novas tinha a mesma idade da minha sobrinha e estava a chorar e a agarra-se a mim.”

Quando chegou a sua vez, Nádia foi levada por um homem gordo. Apareceu um segundo homem. “Violou-me e foi muito doloroso.” Nenhum dos dois mostrou piedade. “As coisas que nos fizeram foram horríveis. Nunca imaginámos que coisas tão terríveis fossem acontecer.”

Nádia esteve três meses com o tal homem, em que aproveitou para fazer algumas perguntas ao sequestrador. Perguntou a razão destas atrocidades e o porquê de as terem violado: ”Os Yazidis são um povo infiel e por isso devem ser destruídos”, disse o homem.

Um dia, Nádia teve a oportunidade de fazer uma chamada para um sobrinho. Mas havia uma condição: “tinha de lamber o dedo do pé de um homem que estava coberto de mel”, lembra. Muitas mulheres suicidaram-se nesta situação, mas para Nádia essa não era uma opção.

Fez uma primeira tentativa, falhada, de fugir. Foi vista e apanhada por um guarda. Como castigo, foi colocada numa sela onde seria violada por todos os homens do local. “Fui violada em grupo. Aquilo a que chamam de jihad sexual.”

Depois do sucedido, pensou nunca mais conseguir fugir. Mas certo dia, aconteceu o inesperado. O último homem com quem viveu em Monsul decidiu vendê-la e conseguiu algumas roupas. Enquanto se lavava e se preparava para a venda, conseguiu fugir. “Encontrei uma casa, onde morava uma família muçulmana sem ligações ao Estado Islâmico e pedi-lhes ajuda. Disse-lhes que o meu irmão lhes daria tudo o que quisesse”. Felizmente, a família ajudou-a. “Deram-me um véu preto e um documento de identificação e levaram-me para a fronteira”. O pesadelo de Nádia tinha, finalmente, chegado ao fim.

Livre e renascida, Nádia tornou-se activista, chamando a atenção para problemas semelhantes. Já visitou os Estados Unidos da América, Reino Unido, outros países europeus e ainda alguns países árabes. Apesar disto, a resposta foi lenta. “O mundo inteiro sabe o que é o Estado Islâmico. Ouviram-me mas não prometeram nada”, diz.

Passado um ano e meio do sucedido, continuam a haver mulheres e jovens sequestradas. Nádia espera um dia voltar à aldeia para conhecer o destino final de muitos dos desaparecidos. No dia 5 de Janeiro deste ano, Nádia foi nomeada pelo governo iraquiano para o prémio Nobel da Paz, pelo seu activismo e pela sua coragem de querer colocar um ponto final a estes atrocidades.

NÁDIA MURAD - UM TESTEMUNHO HORRÍVEL

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BIBLIOTECA SOBRE O NAZISMO E O HOLOCAUSTO ACESSÍVEL NA INTERNET DESDE HOJE

Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.

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Fotografias do campo de Auschwitz-Birkenau, testemunhos e documentos sobre a ascensão do fascismo na Europa antes da Segunda Guerra Mundial integram um dos maiores arquivos sobre o Holocausto que está acessível desde hoje na internet.

A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto, com sede em Londres, reúne centenas de milhares de documentos originais sobre a situação dos judeus europeus antes de 1939, o regime nazi e o Holocausto.

A biblioteca decidiu tornar acessível hoje, no 80.º aniversário da libertação de Auschwitz, parte da sua coleção, nomeadamente fotografias, cartas e testemunhos que atestam os crimes nazis no campo da Polónia (https://wienerholocaustlibrary.org/).

“A necessidade de defender a verdade tornou-se ainda mais urgente devido ao ressurgimento do antissemitismo e de outras formas de desinformação e ódio”, explicou Toby Simpson, diretor da biblioteca, citado num comunicado.

“Ao disponibilizar gratuitamente uma grande quantidade de provas em linha [‘online’], estamos a garantir que os arquivos históricos são acessíveis a todos”, afirmou, segundo a agência francesa AFP.

Entre os mais de 150.000 documentos disponíveis em linha pela primeira vez, encontram-se numerosas fotografias tiradas aquando da libertação do campo de Auschwitz, em 27 de janeiro de 1945.

Também ficaram acessíveis documentos utilizados nos julgamentos de Nuremberga, durante os quais os principais dirigentes do Terceiro Reich, o regime nazi alemão de Adolf Hitler, foram julgados.

A biblioteca publica também cerca de 500 folhetos e livros de propaganda antifascista, distribuídos na Alemanha na década de 1930 e disfarçados de anúncios de champôs ou livros de receitas, para escapar à vigilância do regime nazi.

Revela também documentos que mostram a ascensão do fascismo no Reino Unido antes e depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

“Numa altura em que figuras de extrema-direita ameaçam a Europa e não só, estas coleções revelam não só as origens destas ideologias perigosas, mas também as motivações e estratégias daqueles que, ao longo da História, as mantiveram à distância”, disseram os responsáveis pela biblioteca.

A Biblioteca Wiener sobre o Holocausto foi fundada na década de 1930 por Alfred Wiener, que fez campanha contra o nazismo nas décadas de 1920 e 1930.

Depois de fugir da Alemanha para os Países Baixos, em 1933, começou a recolher provas da perseguição dos judeus.

Continuou o seu trabalho a partir do Reino Unido, onde se exilou pouco antes do início da guerra e onde a biblioteca ainda se encontra, no centro de Londres.

Sobreviventes de Auschwitz, acompanhados pelo Presidente polaco, Andrzej Duda, depositaram flores hoje de manhã em frente ao Muro da Morte do campo, onde os prisioneiros eram fuzilados.

Alguns usavam lenços às riscas azuis e brancas, simbolizando os antigos uniformes prisionais. Ao pé do muro, acenderam velas em memória dos mortos e tocaram o muro com uma mão, em silêncio.

A cerimónia, sob o portão de entrada de Birkenau, deverá começar às 16:00 locais (15:00 em Lisboa) e contará com a presença de 54 delegações internacionais, algumas das quais lideradas por chefes de Estado, mas o foco estará nos sobreviventes, segundo a organização.

“Este ano, estamos a centrar-nos nos sobreviventes e na sua mensagem”, disse à AFP o porta-voz do museu de Auschwitz, Pawel Sawicki.

“Não haverá discursos de políticos”, acrescentou.

Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no campo entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.

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PAPA DIZ QUE HOLOCAUSTO NÃO PODE SER ESQUECIDO OU NEGADO

O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.

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O Papa Francisco disse hoje que “o horror” do Holocausto não pode ser “esquecido ou negado” e exortou à luta contra o antissemitismo, lembrando que na segunda-feira se assinalam 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz.

“Amanhã é o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, 80 anos após a libertação do campo de concentração de Auschwitz. O horror do extermínio de milhões de judeus e de pessoas de outras religiões durante esses anos não pode ser esquecido nem negado”, afirmou o Papa no final da oração do Angelus dominical.

Lembrando que, durante esses anos, foram também mortos “muitos cristãos, muitos mártires”, Francisco apelou a que “todos trabalhem em conjunto para erradicar o flagelo do antissemitismo e outras formas de discriminação e perseguição religiosa”.

“Construamos juntos um mundo mais fraterno e justo, educando os jovens a ter um coração aberto a todos na lógica da fraternidade, do perdão e da paz”, concluiu.

Proclamado oficialmente em novembro de 2005, o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, que se assinala na segunda-feira, comemora a libertação pelas tropas soviéticas, em 1945, do campo de concentração e extermínio nazi alemão de Auschwitz-Birkenau.

Auschwitz-Birkenau tornou-se o símbolo do genocídio perpetrado pela Alemanha nazi contra seis milhões de judeus europeus, um milhão dos quais morreram no local entre 1940 e 1945, bem como mais de 100.000 não judeus.

Na segunda-feira, uma cerimónia oficial com a presença de cerca de meia centena de sobreviventes e 54 delegações internacionais assinalará o 80.º aniversário da libertação do local.

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