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SÓCRATES: JANTAR DE LUXO SEM PAGAR A CONTA
José Sócrates e um ex-ministro do Governo brasileiro saíram de um dos restaurantes mais caros no Rio de Janeiro, o Fasano, sem pagarem a conta do jantar. A revelação consta de uma escuta feita a Paulo Lalanda e Castro, ex-administrador da Octapharma e arguido na Operação Marquês.
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José Sócrates e um ex-ministro do Governo brasileiro saíram de um dos restaurantes mais caros no Rio de Janeiro, o Fasano, sem pagarem a conta do jantar. A revelação consta de uma escuta feita a Paulo Lalanda e Castro, ex-administrador da Octapharma e arguido na Operação Marquês.
O empresário contou a Sócrates que foi o próprio dono do Fasano que lhe ligou e contou a situação. Feita a 2 de outubro de 2014, a escuta é esclarecedora: Paulo Castro diz que quer contar uma coisa hilariante… apanhou o susto da vida, diz que recebeu um telefonema esquisitíssimo do Brasil a dizer que um ex-primeiro-ministro de Portugal e dois brasileiros, um deles ministro do Brasil (Temporão), tinham estado a jantar no Fasano, no Rio de Janeiro, e saíram sem pagar a conta.
Paulo Castro brinca, a dizer que pensava que era a imprensa… pensava que era o Correio da Manhã. José [Sócrates] Pinto de Sousa diz que foi convidado pelo Temporão, e que achou que estava pago. Paulo diz que não… José Pinto de Sousa pergunta se já está pago e Paulo Castro confirma, mas diz que nem sabem como chegaram a ele… diz que era o dono do Fasano a dizer que não pagaram a conta… comentam que Temporão é um artista”.
Da escuta não é perceptível quem acabou por pagar a refeição no Fasano, restaurante no hotel com o mesmo nome no Rio. A conversa ocorreu no dia 2 de Outubro de 2014, quase dois meses antes de Sócrates ser detido no aeroporto de Lisboa, no âmbito da Operação Marquês. Na altura da escuta, Sócrates estava em São Paulo, no Hotel Grand Hyatt, um dos mais luxuosos da cidade.
Refeição custa 110 € sem vinho e taxas.
O Fasano é um dos restaurantes mais exclusivos do Rio de Janeiro, no Brasil. A escassos metros do famoso calçadão e da praia de Ipanema, o restaurante oferece receitas inspiradas em várias regiões de Itália. O espaço é procurado sobretudo por políticos, atores de novelas e artistas. Uma refeição custa, em média, 400 reais (110 euros, ao câmbio atual) por pessoa sem vinho e sem taxas de serviço.
Segundo o Correio da Manhã, um dos responsáveis pelo restaurante indicou que o prato mais caro – naco de vitela – custa 340 reais, ou seja, 93 euros. A sobremesa recomendada pelo Fasano, o Tiramisu, fica pelos 14 euros. A lista de vinhos é extensa e variada e não faltam vinhos portugueses, designadamente do Alentejo e Douro. A garrafa mais cara pode chegar aos três mil euros. Rogério Fasano é o dono da casa. A cozinha é da responsabilidade do chef italiano Paolo Lavezzini.
Sócrates e Lalanda temem escutas.
Na escuta do caso Marquês, Sócrates pergunta a Paulo Lalanda e Castro se está a falar de um telefone seguro. Lalanda e Castro responde que sim, “mas que há bruxas há”. Reunião em 2013 com titular da Saúde Em fevereiro de 2013 Sócrates participou numa reunião, em Brasília, com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e Paulo Lalanda e Castro, então líder da Octapharma. Defesa não quis prestar declarações O Correio da Manhã contactou ontem a defesa de José Sócrates, Pedro Delille, mas o advogado não quis prestar nenhuma declaração sobre o caso.
Débora Carvalho/ CM
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