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ECONOMIA & FINANÇAS

CRISE: FAMÍLIAS POBRES MAIS PENALIZADAS PELA INFLAÇÃO

As famílias mais pobres são as mais penalizadas pela inflação, pois gastam uma maior parcela em bens que não podem ser substituídos e em que mais se sente a subida dos preços, como alimentação, energia e, de futuro, habitação.

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As famílias mais pobres são as mais penalizadas pela inflação, pois gastam uma maior parcela em bens que não podem ser substituídos e em que mais se sente a subida dos preços, como alimentação, energia e, de futuro, habitação.

A taxa de inflação analisa a variação de preços de um ‘cabaz’ de bens e serviços ao longo do tempo (por exemplo, em maio deste ano face a maio de 2021). Um pão que o ano passado custava 19 cêntimos e agora custa 20 cêntimos tem uma variação de 5%. Contudo, cada grupo de produtos do ‘cabaz’ é ponderado em função da sua importância nos orçamentos médios das famílias (ou seja, preços dos produtos como eletricidade, em que as famílias gastam mais, têm mais peso do que os dos produtos em que gastam menos, como jornais).

Contudo, cada família tem hábitos de consumo próprios – umas usam mais carro e outras mais transportes coletivos, umas comem mais carne e outras mais vegetais – e diferentes orçamentos e capacidades de os gerir.

A inflação indica ainda a variação dos preços se cada consumidor mantivesse o mesmo padrão de consumo, o que não acontece, pois pode consumir menos, comprar mais marcas próprias, entre outras variáveis.

Para Susana Peralta, professora universitária na Nova SBE, “quanto mais pobres as famílias maior o peso da despesa no rendimento e mais gastam a maior parte do seu orçamento familiar em alimentação, energia, habitação”.

Já as mais ricas, como proporcionalmente gastam menos nesse tipo de despesas (gastam mais em valor absoluto, mas como o rendimento é maior, em proporção gastam menos) têm margem de ajustamento porque “podem cortar em coisas menos essenciais, como lazer, para não terem de tocar no essencial”.

Em geral, as famílias de mais rendimento gastam menor proporção do seu rendimento em bens essenciais e mais em transportes, restauração, hotelaria, lazer, cultura, que são mais fáceis de substituir.

Além disso, as famílias mais ricas poupam mais, pelo que também podem escolher reduzir a poupança para manterem os níveis de consumo, o que não é o caso das famílias que têm parte tão grande do rendimento absorvido por bens essenciais em que não podem poupar. Susana Peralta lembra ainda que, em Portugal, há muitas famílias que têm mesmo poupança negativa (gastam mais do que ganham).

Em abril, um grupo de economistas, entre os quais Susana Peralta, fizeram um estudo em que estimaram quanto seria necessário o Estado transferir para as famílias mais pobres entre 133 milhões de euros e 457 milhões de euros, consoante o aumento da inflação, para compensar o impacto da subida dos preços nos mais carenciados.

Assim, analisando diferentes cenários de inflação (2%, 4% e 6% e um cenário de inflação misto, consoante as categorias de produtos) os investigadores estimam quanto seria necessário o Estado transferir para as famílias mais pobres (aquelas que são constituídas pelos indivíduos que estão entre os 20% mais pobres de Portugal, de acordo com o rendimento por adulto equivalente) para acomodar a subida dos preços em alimentação, habitação e transporte.

“Seria necessário transferir entre 158 euros e 545 euros por ano para cada agregado, de forma a colmatar o aumento dos preços nestas três categorias de despesa”, segundo os investigadores Bruno P. Carvalho, Mariana Esteves e Susana Peralta.

António Afonso, professor do ISEG, explica que há um conjunto básico de bens em que todas as famílias gastam – alimentação, vestuário, transportes, energia, habitação – e enquanto uma família que ganhe 1.000 euros por mês gasta a totalidade nisso e qualquer alteração de preços tem um grande impacto, já numa família que ganhe 10.000 euros os mesmos aumentos não têm o mesmo impacto.

“Essa família de 10.000 euros em vez de pagar 600 euros em alimentação pode pagar 700 euros e não há qualquer problema, é marginal”, afirmou, recordando que entre estas duas famílias estão muitos intervalos de rendimento (por exemplo, 2.000 ou 3.000 de rendimento mensal por família).

Desde início do ano a taxa de inflação média é de 5%. Apenas a inflação da energia é bem mais alta, cerca de 20%.

“Acrescentando isso às taxas de juro que vão começar gradualmente a subir, e muitas das hipotecas das casas são a taxa variável, será um problema para as famílias de menor rendimento”, afirmou.

Para o analista da corretora XTB Henrique Tomé, a inflação (cuja taxa atingiu em maio 8%, máximos dos últimos 29 anos) “está a reduzir o poder de compra das famílias, sobretudo daquelas que já tinham menos poder de compra”, e a perda de poder de compra ainda será mais agravada com a decisão do BCE de aumentar as taxas de juro já em julho com o objetivo de conter a inflação. Subida que terá impacto desde logo no valor pago nos contratos de crédito à habitação.

A somar a isto, acrescentou, há o facto de os salários não acompanharem a subida de preços.

“Deste modo, o fosso entre as classes sociais mais ricas e as mais pobres deverá aumentar ainda mais e deverá trazer consequências económicas negativas para a economia portuguesa”, disse Henrique Tomé.

Um estudo recentemente divulgado pela Comissão Europeia, intitulado ‘A quem a inflação prejudica mais?’ (tendo como autores Guillem Vidal e Davide Villani), indica que o impacto da subida dos preços (sendo os últimos dados analisados da inflação os de março) não é igualmente distribuída e que as famílias mais pobres sofrem mais do que as famílias mais ricas.

Analisando o consumo das famílias em 17 Estados-membros, o ‘cabaz’ de consumo das famílias mais pobres é concentrado em bens essenciais (alimentação, energia, rendas de casa), enquanto as famílias mais ricas gastam mais em produtos e bens de lazer e em transportes, mais facilmente substituíveis.

Segundo o estudo, a inflação, causada sobretudo pela energia e pela alimentação, afeta especialmente os mais vulneráveis em oito países: Bélgica, Grécia, Itália, Irlanda, Letónia, Lituânia, Países Baixos e Espanha. Nestes países, a inflação suportada pelas famílias mais pobres é maior entre 2,6 pontos percentuais (no caso da Irlanda) e 5,3 pontos percentuais (no caso de Itália) do que a suportada pelas famílias mais ricas.

Já em Portugal os autores do estudo não encontraram diferenças consideráveis na taxa de inflação entre os cinco grupos de famílias analisados o que, segundo explicaram à Lusa, se deve aos transportes. As famílias mais ricas gastam mais em transportes e nesta categoria também há surto inflacionista, o que esbate a diferença.

Já na Finlândia, na Hungria e na Suécia, referem, as famílias mais ricas têm mais altos níveis de inflação.

Para os autores, os efeitos da inflação sobre os mais vulneráveis destacam a “urgência de implementar políticas de justiça social, direcionadas aos mais pobres, por exemplo, financiadas por mais tributação de lucros extraordinários de empresas que contribuem para a inflação. Já a longo prazo, defendem reformas estruturais que evitem um custo desproporcional para os mais pobres, como a revisão dos mecanismos de indexação salarial para ajudar a conter a perda de poder de compra, pois consideram que aumentos nos salários ajudaria a evitar choques na procura devido a perda do poder de compra, o que afeta o crescimento económico.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou, na quarta-feira, que a variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) foi de 8,0% em maio, acima dos 7,2% de abril, sendo o valor mais alto desde fevereiro de 1993.

A variação do índice apenas relativo aos produtos energéticos aumentou para 27,3% e o índice referente aos produtos alimentares não transformados variou 11,6%.

Também na quarta-feira, o Banco de Portugal previu que a inflação se situe nos 5,9% este ano.

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INE CONFIRMA DESACELERAÇÃO DA SUBIDA DOS PREÇOS PARA 2,2% EM ABRIL

A taxa de inflação homóloga fixou-se nos 2,2% em abril, menos 0,1 pontos percentuais do que em março, confirmou, esta segunda-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE).

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A taxa de inflação homóloga fixou-se nos 2,2% em abril, menos 0,1 pontos percentuais do que em março, confirmou, esta segunda-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Com arredondamento a uma casa decimal, a taxa de variação do Índice de Preços no Consumidor (IPC), esta segunda-feira, avançada pelo INE, confirma o valor da estimativa rápida divulgada em 30 de abril.

O indicador de inflação subjacente (índice total excluindo produtos alimentares não transformados e energéticos) registou uma variação homóloga de 2,0%, taxa inferior em 0,5 pontos percentuais à de março.

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PORTUGAL ENTRE OS PAÍSES QUE MAIS PROTEGEM DIREITOS DOS TRABALHADORES

Portugal é um dos cinco países que mais protegem os direitos dos trabalhadores, que estão entre os direitos humanos menos protegidos do mundo, indica um estudo divulgado hoje pela Universidade de Binghamton, nos Estados Unidos.

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Portugal é um dos cinco países que mais protegem os direitos dos trabalhadores, que estão entre os direitos humanos menos protegidos do mundo, indica um estudo divulgado hoje pela Universidade de Binghamton, nos Estados Unidos.

De acordo com o trabalho, publicado na revista académica Human Rights Quarterly, os cinco países com as melhores pontuações na proteção dos direitos dos trabalhadores são o Canadá, a Suécia, a Nova Zelândia, a Noruega e Portugal. Os cinco piores são o Irão, a Síria, a Coreia do Norte, a China e o Iraque.

Em comunicado, a universidade adianta que os dados integram o relatório anual de 2023 do CIRIGHTS Data Project, “o maior conjunto de dados sobre direitos humanos do mundo”.

“O projeto classifica países de todo o mundo [195] quanto ao respeito pelos direitos humanos”, tendo por base “25 direitos humanos internacionalmente reconhecidos”, e é coliderado por David Cingranelli, professor de Ciência Política na Universidade de Binghamton, no estado de Nova Iorque.

Na avaliação dos direitos dos trabalhadores são tidos em conta dados sobre sindicalização, negociação coletiva, a existência de um horário de trabalho, o trabalho forçado, trabalho infantil, salário mínimo, condições de trabalho seguras e tráfico humano.

O direito de formar um sindicato e o da negociação coletiva, “estão entre os direitos humanos menos protegidos” e são “sempre violados até certo ponto”, escreveram os investigadores.

Por exemplo, em relação ao respeito pela negociação coletiva, 51% dos países receberam uma pontuação de zero, o que significa violações generalizadas deste direito, e apenas 16 “pontuaram dois”, ou seja, os investigadores não encontraram qualquer indicação de violação. No caso do trabalho infantil, o relatório indica que “cerca de 87% dos países” em todo o mundo registaram casos de emprego de crianças e adolescentes e que “num terço dos países as violações foram generalizadas”.

“Investigações anteriores mostram que é improvável que os governos protejam os direitos a um salário mínimo adequado, à saúde e segurança no trabalho ou a limites razoáveis das horas de trabalho (incluindo horas extraordinárias voluntárias), a menos que seja permitido aos trabalhadores formar sindicatos independentes e negociar coletivamente”, disse Cingranelli, citado no comunicado.

“O direito à sindicalização, à negociação e à greve são os direitos de acesso. Se forem protegidos, é provável que todos os outros direitos laborais também sejam protegidos. Mas os direitos de acesso estão em declínio a nível mundial”, acrescentou.

Cignarelli indicou que, embora os países democráticos e ricos protejam os direitos laborais mais do que outros, a desigualdade económica aumentou em quase todo o lado.

“A globalização económica aumentou a concorrência entre as nações, o que tem levado os governos a favorecer as empresas em detrimento dos trabalhadores nos conflitos entre os dois”, explicou o professor.

Segundo Cignarelli, nos países economicamente menos desenvolvidos, as grandes empresas agrícolas, mineiras e de extração de petróleo fazem o que querem em relação aos trabalhadores.

Disse ainda ser “importante lembrar que as empresas e os trabalhadores normalmente assumem posições antagónicas sobre quanta atenção os líderes empresariais devem prestar ao que os trabalhadores querem em relação aos termos e condições do seu trabalho”, acrescentando que os primeiros “preferem normalmente distribuir a maior parte do lucro (…) aos acionistas e não aos trabalhadores”.

A existência num país de uma lei do trabalho exigente pode levar empresas a deslocalizarem-se, mas Cignarelli observou que o governo tem o papel de garantir que os trabalhadores tenham uma oportunidade justa de fazer ouvir as suas preocupações.

“Sem políticas governamentais que protejam os trabalhadores, as empresas podem fazer o que quiserem para manter os sindicatos afastados”, declarou o investigador.

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